Memória recuperada – Confirmado o local onde estão enterrados os restos mortais do ex-governador Hercílio Luz

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O culto aos mortos foi um costume muito arraigado à nossa cultura até poucas décadas atrás.
A modernidade, com a pretensa rejeição ao sofrimento e à dor, lentamente buscou excluir o hábito de lembrar daqueles que nos deixaram o seu legado.

Atualmente, são raras as homenagens a figuras públicas que ajudaram a desenvolver uma cidade, estado ou país.
Mas não foi sempre assim. Era praxe em Florianópolis, até a década de 1960, reconhecer a memória de políticos como, por exemplo, o ex-governador Hercílio Luz.
E graças a essas homenagens, registradas nos jornais da época, que é possível confirmar o local onde está enterrado o idealizador da ligação entre a Ilha e o Continente.
É sob a estátua dele, na cabeceira insular da ponte!

Reportagem publicada pelo Floripa Centro nesta sexta-feira, 29, mostrou que ‘oficialmente’ ninguém sabia o destino do corpo de Hercílio Luz: nem o Estado (representado pela Fundação Catarinense de Cultura, que administra o Museu sobre o ex-governador, em Rancho Queimado); nem a família (a neta afirmou que a tradição oral indicava que seria no monumento, mas que não havia certeza sobre isso) e nem os ex-governadores Esperidião Amin e Jorge Bornhausen.
Foi o irrequieto colega jornalista Upiara Boschi que, após ler a matéria, buscou os arquivos dos jornais e constatou a menção ao túmulo de Hercílio Luz.
O primeiro registro foi a homenagem pelos 25 anos da sua morte, em 19 de outubro de 1949.
O Jornal O Estado publica um convite para as diferentes solenidades, entre as que se destaca a ‘romaria à estatua de Hercílio Luz, onde se acham depositados os ossos do ilustre morto’.
Onze anos depois, por ocasião do centenário do nascimento de Hercílio Luz, em 29 de maio de 1960, houve uma semana de homenagens na Capital.
Os jornais da época, como O Estado, mencionam uma solenidade no ‘túmulo-monumento’, que começou com a romaria ao local e culminou com o discurso do governador Heriberto Hulse.
A placa dessa homenagem ainda encontra-se numa das laterais do monumento.

Primeiro, no Cemitério do Hospital de Caridade
Quando morreu, em 1924, Hercílio foi enterrado no Cemitério da Irmandade Senhor dos Passos, ao lado do Hospital de Caridade.
Este fato é unanimidade entre os historiadores.
Em 17 de novembro de 1930, o jornal O Estado faz menção a isso, em artigo sobre outro político: “Que esse túmulo, e elle, como o de Hercílio Luz, lá está no cemitério dos Passos…”
Porém, não foram encontrados registros de quando foram transferidos os restos para a cabeceira insular da ponte, agora confirmado como o local oficial onde descansa o ‘inolvidável e saudoso estadista catarinense’, como era chamado em tempos longínquos.

Quer ler um artigo interessante sobre a falta da preservação da memória dos mortos no Brasil?
Recomendo este aqui, escrito pelo doutor em Filosofia Alfredo Culleton (sim, meu irmão!).
É longo, mas vale a pena!.

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