Onde está enterrado o ex-governador Hercílio Luz? Apesar da falta de registros oficiais, achamos algumas evidências
Neste 29 de maio completam-se 160 anos do nascimento da mais lembrada e homenageada figura pública de Santa Catarina.
Hercílio Luz, o primeiro governador eleito pelo voto direto, nasceu em Desterro e foi duas vezes governador do Estado.
O que se sabe, e ainda gera controvérsias, é que ele está enterrado sob a sua estátua, na cabeceira insular da ponte que leva seu nome.
Bisneta confirma tradição oral
Quando morreu, em 20 de outubro de 1924, o político foi enterrado no Cemitério do Hospital de Caridade, no jazigo da família Luz.
Doze anos depois, com a inauguração do monumento em sua homenagem, 12 de outubro de 1936, o corpo teria sido transferido para a cabeceira da ponte.
A informação foi dada ao Floripa Centro por Elise da Luz Schmitt Souza, bisneta do ex-governador, que trabalha como cartorária na Capital.
Elise consultou a sua mãe, Heloisa da Luz Costa Schmidt, também moradora de Florianópolis.
“A tradição oral da família sempre apontou que, primeiro, ele foi enterrado no Caridade e depois, sob o monumento. Mas, não existe nenhum registro oficial sobre isso”.
Heloisa, 76, é filha de Alda Luz Costa, que tinha sete anos quando Hercílio morreu. Alda, por sua vez, era filha de Coralia, segunda esposa do político.
Oficialmente, ninguém sabe onde está enterrado
Em Rancho Queimado, a 100 quilômetros da Capital, existe o Museu Casa de Campo do Governador Hercílio Luz, mantido pela Fundação Catarinense de Cultura.
A administradora do espaço, Adriana Sagaz, diz que não é possível afirmar o local onde o ex-governador está enterrado.
“Isso é uma incógnita e objeto de estudos de vários historiadores ao longo dos últimos anos. Pode estar no cemitério do Hospital de Caridade ou na cabeceira da ponte. Mas, até agora, ninguém conseguiu confirmar…”
Nem mesmo nos arquivos do Centro de Memória do Hospital de Caridade há referências sobre o destino do corpo.
Oficialmente, consta que foi enterrado no cemitério local, da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, e depois seu corpo teria sido ‘transferido’.
“Nunca tive essa informação. Há algumas possibilidades: no Hospital de Caridade, no Museu em Rancho Queimado ou no Cemitério do Itacorubi, no jazigo da família Luz Silveira”, afirma o professor Nereu do Vale Pereira, de 91 anos, um dos mais antigos historiadores de Florianópolis. “Na cabeceira da Ponte? Nunca ouvi falar sobre isso…”.
Ex-governadores desconhecem destino dos restos mortais
O Floripa Centro ainda consultou dois ex-governadores com ‘raízes’ florianopolitanas.
O senador Esperidião Amin supõe que esteja enterrado no Cemitério Municipal São Francisco de Assis, no Itacorubi. “Ou, quem sabe, no Cemitério da Irmandade Senhor dos Passos, no Hospital de Caridade…”
Já o ex-governador Jorge Bornhausen disse desconhecer onde está enterrado o homem que dá nome à ponte.
Ou seja, 96 anos após a sua morte, de autoridades a historiadores, passando pela própria família, ninguém sabe ao certo onde está enterrado um dos personagens mais conhecidos da história de Santa Catarina e que empresta o nome ao Aeroporto Internacional da Capital, à Ponte e ao time de futebol da cidade de Tubarão, além de inúmeras praças, escolas, avenidas e ruas do Estado.
Em meio às incertezas, o Floripa Centro aposta na tradição oral da família para afirmar que Hercílio Luz estaria enterrado na cabeceira insular da Velha Senhora. E aguarda a confirmação dos especialistas…
Características do monumento
A estátua em tamanho natural mostra o desterrense olhando para o horizonte, em direção ao Norte da Ilha de Santa Catarina, segurando um chapéu e uma bengala.
Na base, a escultura de uma mulher seminua, representando a liberdade, que estende o braço em direção ao ex-governador, com uma flor na mão (atualmente, por causa do vandalismo, sobrou apenas o talo de metal).
Embaixo está escrito: “A Hercílio Luz, o povo de Santa Catarina – 29-5-1860 – 20-10-1924”.
Em outra lateral, uma placa (reposta recentemente) com a seguinte inscrição: “A Hercílio Luz, no centenário do seu nascimento, homenagem do povo de Santa Catarina e do governador Heriberto Hülse – 1860 – 29 de maio – 1960”.
(Texto e imagens atuais: Billy Culleton, 29/5/2020)
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