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Praça 15 – Prédio de 1830 abre as portas para a população

Por Billy Culleton

O imóvel que foi o primeiro quartel da Polícia Militar de Santa Catarina, na esquina da Praça 15 com a rua Victor Meirelles, foi aberto à visitação nesta segunda-feira, 3.

No local passou a funcionar a exposição de artesanato catarinense que estava instalada na Casa da Alfândega, ao lado do Mercado Público Municipal, e que vai passar por uma grande reforma.

Assim, além de apreciar o melhor do artesanato local, é possível admirar a arquitetura de dois séculos atrás.
Por enquanto, só é possível visitar o andar térreo.

O histórico prédio está em perfeito estado de conservação após passar por restauração nos últimos cinco anos.

 

História

A edificação foi construída por iniciativa particular nos anos 1830 e adquirida posteriormente pela Companhia de Polícia, tendo sido utilizada como quartel no térreo e Assembleia no andar superior.
Em 1875, passou por obras que alteraram as fachadas, sendo significativa a inserção de platibandas com frontões na fachada frontal e posterior.

Em 1905 recebeu melhorias para sediar a Prefeitura de Polícia, atual Polícia Civil. Já em 1956 passou a abrigar o Tribunal de Contas do Estado, depois a Procuradoria Geral do Estado e finalmente a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) até 2012.

O imóvel é de propriedade do Estado e a partir de 2017 está sob a tutela da Fundação Catarinense de Cultura.
(Junho de 2019)

Veja três fotos da edificação ao longo da história:

 

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Desde 1899 – A transformação do vão central do Mercado Público em seis imagens

Início do século 20: apenas carroças circulando (Acervo Casa da Memória)
Década de 1960. Curiosidade, a Casa do Charque, à direita (Acervo Casa da Memória)
Um domingo do início da década de 1970 (Acervo Velho Bruxo)
Final da década de 1970, os veículos já não circulavam no vão central (Imagem sem identificação do autor)
Carros são substituídos por mesas e cadeiras, desde a década de 1980 (Acervo particular)
Com cobertura, a partir de 2015 (Acervo particular)
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Imagens desde 1910 – Evolução da rua ao lado da Catedral

A rua Arcipreste Paiva é uma das mais antigas e centrais de Florianópolis. O nome lembra o padre Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva. Nascido em Desterro em 1821 e falecido em 1869, tinha o título eclesiástico de arcipreste de Santa Catarina (chefe dos vigários da Vara da Proví­ncia).
O ilustre padre escreveu, em 1868, o ‘Dicionário Topográfico, Histórico e Estatístico da Província de Santa Catarina‘.
Paiva foi o introdutor do ensino de segundo grau na então província de Santa Catarina e exerceu o cargo de deputado na Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina por onze legislaturas, entre 1844 e 1869.

Confira o desenvolvimento da rua de pouco mais de 200 metros.

Imagem da década de 1910, ainda com estrada de chão.
Na década de 1930, já com calçamento. Na rua, um carro descendo e um carro de boi subindo.
Imagem atual da via.
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Imagens – Evolução da rua Praça 15 desde década de 1930

Prédio que abrigou a cadeia pública e Câmara de Vereadores e que será o Museu da Cidade: 

Década de 1930, veículo importado com volante à direita, ‘descendo’ a rua, na frente da antiga cadeia pública, em direção ao Miramar
A mesma rua nos dias atuais, frente à Praça 15 de Novembro

 

Prédio dos “Correios e Telegraphos”

Imagem da década de 1960, com carros estacionados na frente dos Correios

Foto atual: prédio com fachada modernizada e sem placa de ‘Correios e Telegraphos’
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Delírio, comoção e morte – No século passado, gripe espanhola infectou 30% da população de Florianópolis

Pânico tomou conta da cidade: trabalhadores mendigavam e serviços não funcionavam

Por Billy Culleton

Exatamente há um século, 30% da população de Florianópolis foi atingida pela gripe espanhola. Dos 36 mil habitantes da Ilha, cerca de 10 mil foram infectados pela doença, causando a morte de 124, entre outubro de 1918 e abril de 1919.

A gripe, que vitimou mortalmente 50 milhões de pessoas pelo mundo e 31 mil no Brasil, chegou à Capital a bordo do vapor Itaquera que, vindo do Rio de Janeiro, atracou em Florianópolis em 6 de outubro de 1918, trazendo 38 passageiros gripados.

Sete dias depois já era notificada a ocorrência do primeiro caso autóctone da influenza espanhola.

O jornal O Estado, de 19 de outubro de 1918 informava que o vírus já se encontrava entre os catarinenses e enfatizava seu ‘caráter benigno’.

A grande maioria dos doentes, 6 mil, se encontravam no perímetro urbano da ilha, ou seja, o atual centro da cidade, segundo o Relatório Anual de 1918, do Inspetor de Higiene de Santa Catarina, Joaquim David Ferreira Lima.

Pessoas afetadas pela gripe em registro de hospital do Rio de Janeiro em 1918 (autor desconhecido)

Pavor toma conta da cidade
Artigo publicado pela Revista da Associação Catarinense de Medicina, em 2011, chamado “A pandemia de influenza espanhola (1918) em Florianópolis” revela detalhes da abrangência da doença na cidade. Os autores, Bruno Rodolfo Schlemper Junior e Ana Claudia Dall’Oglio, realizaram profunda investigação sobre o fato, recorrendo a arquivos públicos e jornais da época.

Segundo eles, a rotina da cidade foi radicalmente alterada pela presença da pandemia. O temor e o pânico se instalaram na população florianopolitana, ao ponto de se afirmar que, de fato, existiram duas epidemias: a da gripe espanhola e a do medo da gripe espanhola.

O caos na cidade foi registrado pelos jornais da época. O jornal O Estado, no dia 16 de novembro de 1918 e, portanto, no ponto máximo da pandemia em Florianópolis, pintou em cores dramáticas a situação do cotidiano das pessoas humildes durante o surto (foi mantida a grafia original):

“Homens validos, operarios e jornaleiros, foram arrastados a mais extrema penuria. Familias que nunca appelaram para a caridade publica se tem visto na dolorosa contigencia de mendigar por recursos para os seus doentes, pois a impossibilidade de trabalharem as compelia a esta triste necessidade. Não se pode fazer uma idéia fiel e precisa do sofrimento, afflição e da angustia que vae pelos bairros pobres, onde a peste grassou e está grassando ainda com intensidade”.

Relatório da Inspetoria de Higiene, de 1918, deixa claro sobre a calamidade que se instalou no dia-a-dia de Florianópolis. “Uma rajada devastadora e mortífera, transformando e desorganizando por completo a vida ordinária de todas as localidades, enchendo de apprehenções e depois de pânico a todos os espíritos”.

O jornal O Estado, de 6/11/1918, sob o título “Pensemos nos pobres”, descreve a intensidade com que a gripe atingiu as classes menos favorecidas e solicita o apoio dos mais ricos.

O jornal chegou a instalar uma Comissão de Assistência, a qual estimava, em 19 de novembro, ter socorrido mais de 4 mil pessoas necessitadas. Esta ação do jornal foi decorrente da inexistência de serviços públicos capaz de dar atenção à população socialmente mais vulnerável.

Confira nota do jornal Terra Livre, de Florianópolis, de 29/11/18, sobre proibição a aglomerações de pessoas:
“O Sr. Superintendente Municipal, de acordo com o Sr. Dr. Inspector de Hygiene, expediu hoje portarias proibindo as romarias aos cemitérios e entrada de mais de oito pessoas nos mesmos por ocasião de enterros”.

As autoridades também determinaram a desinfecção de carroças de lixo e recomendavam evitar visitas a cortiços e outras casas consideradas de baixa higiene.
Ao mesmo tempo, recomendavam a desinfecção das casas de dois em dois dias com água e creolina, exposição diária ao sol das roupas de cama, manter as portas e janelas abertas durante o dia.

A obra “O garoto e a cidade: Florianópolis dos anos 20”, de Renato Barbosa, retrata o pavor causado pela doença:
“Estabelecimentos de ensino fechados; os cinemas cerraram as portas; a turma se dispersava dos pontos habituais; os sinos da Catedral plangiam a finados o dia todo; o obituário de “O Estado” arrolava nomes conhecidos e queridos; os gêneros alimentícios escasseavam no mercado; os médicos não tinham mãos a medir; agonizantes, estertorando, se amontoavam pelas alas e corredores do Hospital de Caridade e do Hospital Militar; nas farmácias, os estoques de medicamentos iam sendo consumidos, hora a hora (…)”.

Charge publicada na época ironiza chegada da doença ao país (autor desconhecido)

Soluções caseiras

As incertezas e o desconhecimento da comunidade médica diante da nova pandemia, que acabou matando o presidente brasileiro Rodrigues Alves, fizeram com que fossem prescritos medicamentos já usados em outras doenças, como a quinina – conhecida no combate à malária – e que se mostrou ineficaz.
Assim, começaram a surgir fórmulas caseiras a fim de conter a doença, com os mais diversos ingredientes, como água destilada, bicarbonato de sódio e raízes guiné, além de purgante de óleo de ricino, aspirina e arsênico.

Infectados com gripe em hospital (Imagem do Senado Federal, autor desconhecido)

Os sintomas envolviam febre, dores de cabeça e catarro. O jornal A República, em novembro de 1918, descreveu os sintomas da doença entre os florianopolitanos.

 “O começo da molestia é ordinariamente brusco. Em geral os typos clássicos da influenza começam por uma “febre” bastante forte, depois de repetidos “arrepios” de frio, violenta “dor de cabeça”, grande prostração geral, e muito frequentemente “dores” bastante intensas das “costas e das cadeiras. A prostração é algumas vezes tão profunda que pessoas bem robustas são obrigadas a se meter na cama. Outras vezes se observam symptomas nervosos, excitação e delírio”.

A última morte pela gripe espanhola em Florianópolis foi em abril de 1919, ou seja, há exatamente um século.

Curiosidades

– A gripe espanhola apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos.

– O presidente brasileiro Rodrigues Alves, eleito em março de 1918 para o segundo mandato, cai de cama “espanholado” e não toma posse. O vice, Delfim Moreira, assume interinamente em novembro, à espera da cura do titular. Alves, porém, morre em janeiro de 1919, e uma nova eleição é convocada.

– No Rio de Janeiro chegou em setembro de 1918.

– A pandemia de influenza espanhola é considerada, até os tempos atuais, como a maior e mais grave das doenças infecciosas que afetou o mundo, calculando-se que, em 1918 e 1919, metade da população mundial foi contaminada (600 milhões) e que entre 20 e 100 milhões de pessoas morreram em consequência de suas graves complicações respiratórias.

– Em Florianópolis, entre os afetados 52% eram mulheres e 48%, homens.

– Já em relação aos óbitos por faixa etária, o grupo de 0 a 9 anos respondeu por 22%; o de 10 a19, por 11%; o de 20 a 29 anos, por 19%, e o de 30 a 39, por 16%, enquanto nos grupos com idade igual ou superior a 40 anos, este percentual foi de 13%.

(A imagem de abertura da reportagem é da Mary Evans Picture Library)

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O renascimento do antigo muro do Largo da Alfândega

Após quase meio século escondido, o muro de contenção do mar, na frente do prédio da Alfândega, foi descoberto pelos trabalhadores que participam da revitalização da área.

O paredão que demarcava o limite com o mar antes acabou ocultado na década de 1970, por causa da construção do aterro da Baía Sul.

Em razão da descoberta, no início deste ano, haverá uma modificação na obra e o muro, construído no final do século 19, ficará exposto para fazer parte da nova cara do Largo da Alfândega, que será entregue à população ainda em 2019.

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