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Na Beira Mar Norte – Área onde existiu forte passa por estudos arqueológicos para viabilizar construção de praça

Há exatos 180 anos o Forte de São Luiz foi leiloado.
Foi no dia 2 de dezembro de 1839 que a fortaleza, localizada na frente do Shopping Beiramar, foi vendida por um “preço menor do que valia a cantaria de seus portões”, segundo conta o historiador catarinense Oswaldo Rodrigues Cabral na obra As Defesas da Ilha de Santa Catarina no Brasil-Colônia.

Croqui de 1778, do engenheiro militar José Correia Rangel mostra a localização da fortaleza (Arquivo IHGSC)

O comprador tinha o compromisso de demolir a construção de 1771, no contexto da Revolução Farroupilha (1835-45), com o receio de que cidade caísse em poder dos revolucionários.

Após a demolição, a área ficou abandonada e, no início do século XIX, adaptou-se ali uma fonte pública, transformando o local em um largo, com área livre para montagens de feiras.

Terreno na década de 1980, antes da construção do shopping (Divulgação: fortalezas.org)

O terreno de 50 metros por 40 metros acabou nas mãos do Exército que, recentemente, o cedeu para a prefeitura construir uma praça.

Mas antes de começarem as obras, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fará um estudo arqueológico para verificar se existem ruinas da fortificação enterradas no local.
A avaliação terá início em 8 de janeiro e deve durar 90 dias.

Depois disso, e dependendo das descobertas arqueológicas, será concedida a licença para começar o projeto da praça pública.

Imagem de como deve ficar o espaço de lazer e convivência que será construída pelo Beiramar Shopping

Pela relevância do sítio para a memória histórica da cidade, o município determinou que, após a realização de todas as etapas  arqueológicas, o projeto arquitetônico/paisagístico seja concebido considerando a área como ‘Local de Memória’, incorporando os possíveis achados arqueológicos.

A nova praça deve ocupar 60% da área para que uma parte do terreno seja preservada, em virtude da possibilidade da existência de resquícios arqueológicos do Forte São Luís, que integrou o sistema de fortificações da Ilha de Santa Catarina.

Matéria relacionada: Confira como será a nova praça na frente do Beiramar Shopping, a ser finalizada nos próximos meses

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Entre 1760 e 1971 – Como eram os pomposos jantares e bailes no Palácio do Governo, atual Museu Histórico de SC

Por Billy Culleton

O Palácio do Governo, construído em meados do século 18, sempre foi palco de acontecimentos políticos.
Mas também de festividades. Seja por datas comemorativas, por visitas ilustres, homenagens ou atos de inauguração, o atual Palácio Cruz e Sousa, no Centro da Capital, presenciou inúmeras cerimônias, impulsionadas pelas relações políticas e sociais dos chefes de governo.

Uma das primeiras festas registradas no prédio, que era sede do governo e residência oficial do governador, remonta à década de 1760.
Foi oferecida pelo então presidente da província de Santa Catarina, Cardoso de Menezes, aos oficiais franceses da expedição marítima de Bougainville, que fez a volta ao mundo descobrindo novos lugares, além de catalogar plantas e animais.

Após o jantar, houve um grande baile. O historiador Osvaldo Rodrigues Cabral, no livro a “História de Santa Catarina”, fez o seguinte registro: “Numa festa oferecida na Casa de Governo estiveram presentes as senhoras, que se mostraram, para surpresa dos visitantes, bastante desembaraçadas e gentis”.

Imagem: Arte Neli Neto

Já Afonso de Taunay, na obra “Santa Catarina nos anos primevos”, comenta sobre o mesmo acontecimento: “Houve baile que decorreu muito animado, até altas horas, em perfeita liberdade de modos entre damas e cavalheiros”.

Algumas festas do século 19 são registradas pelos periódicos da época. Como o baile oferecido, em janeiro de 1884, pelo presidente da província, Francisco Luiz da Gama Rosa, em homenagem ao Príncipe Dom Augusto, neto de Dom Pedro II.
Rodeados de móveis ao estilo Dom João V, os convidados puderam desfrutar do som de violinos e do piano existente no Palácio, além de uma caixa de música alemã, estilo art nouveau.

Mas segundo o Correio da Tarde, a festa para o jovem Dom Augusto foi um fiasco completo e total. “A começar porque Gama Rosa por desafeição política e pessoal, não convidou pessoas cuja presença, em função do cargo que ocupavam e da sua posição social, não podiam ser esquecidas”.

Menu requintado
Além dos bailes, os jantares no Palácio buscavam oferecer uma gastronomia requintada para a época.
Um exemplo disso foi, em 1938, durante homenagem do interventor federal em Santa Catarina, Nereu Ramos, ao general comandante da 5ª Região Militar, José Meira Vasconcelos.

No menu impresso, cujo original se encontra no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa, é possível verificar as seguintes opções:

Entradas:
– Mayonnaise de Camarão
– Creme de Aspargos
Pratos principais:
– Peru à Brasileira
– Salada Russa
– Filet à Pompadour
Sobremesas:
– Pécegos do Pais em compota
– Pudim Gabinete
Bebidas:
– Café, vinhos, licores, champagne (também foram oferecidos charutos)

Uma das últimas festas no Palácio, foi oferecida pelo governador Colombo Salles em comemoração ao Dia da Independência, em 7 de setembro de 1971.
Na ocasião, recebeu o mundo oficial e a alta sociedade do Estado para um jantar, com direito a louça inglesa, similar à usada pela monarquia britânica.

Os convidados puderam apreciar o trabalho de marchetaria com influência portuguesa nos assoalhos, as pinturas nas paredes, os detalhes em gesso no teto e o vitral em estilo art-nouveau da sala de jantar.

O colunista Zury Machado, estampou a seguinte nota no jornal O Estado, de 9 de setembro de 1971, com uma foto do governador dançando com sua esposa Daisy:

Os vestidos longos usados pelas lindas e elegantes mulheres, e os smokings, deixando os cavalheiros não menos elegantes, deram à recepção, a chamada noite de classe, bom gosto e elegância.
Os salões muito bem decorados, com cravos vermelhos e rosas também vermelhas, a boa música do trio Band Show e o jantar, excelente, serviço da equipe Manolo’s, agradou plenamente aos convidados do Governador do Estado e Senhora Colombo Machado Salles. A Primeira Dama do Estado, usando modelo em crepe marrom com suave bordado em ouro, melhor realçou sua elegância”.

Assim, após mais de dois séculos de luxuosas festas, incluindo suntuosos jantares e bailes de gala, no final da década de 1970, iniciou-se uma grande reforma no Palácio e, em 1984, a sede do governo passou a ser na Praça dos Três Poderes.
Duas décadas antes, em 1956, a residência oficial do governador tinha sido transferida para o Palácio da Agronômica, na Avenida Beira Mar Norte.

Após as obras, em 1979, o imóvel foi denominado Palácio Cruz e Sousa e cinco anos mais tarde passou a sediar o Museu Histórico de Santa Catarina, onde o mobiliário, os utensílios, vitrais e obras de arte podem ser admirados em perfeito estado de conservação.

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Nove décadas do Teatro da Ubro – Da exclusividade para a classe operária ao atual palco alternativo do Centro

Por Billy Culleton

O Teatro da União Beneficente Recreativa Operária (Ubro) foi idealizado por trabalhadores de baixa renda de Florianópolis na década de 1920.
Mas o local só abriu as portas em 1º de maio de 1931, Dia do Trabalhador, e até 1951 recebeu diversos espetáculos teatrais, cujo foco prioritário era o público ligado à classe operária.

Situado na escadaria da Rua Pedro Soares, que unia o antigo Centro de Florianópolis às chácaras das imediações, o sobrado possui arquitetura singela e características ecléticas do início do século 20.
Em 1922, trabalhadores de Florianópolis, já tinham fundado a União Beneficente e Recreativa Operária.

Cena do espetáculo Ave Maria no Morro, drama sacro de Deodósio Ortiga, encenado em 1949

“A entidade desenvolvia práticas políticas, alinhando-se ao operariado brasileiro na luta por direitos trabalhistas e na reivindicação da intervenção do Estado em questões como custo de vida e moradia operária”, afirma a pesquisadora da Udesc Vera Collaço, em artigo intitulado “Dos bastidores ao palco: a prática teatral da União Operária”.

Teatro também era palco de palestras e debates sobre as reivindicações sociais da classe operária

Segundo ela, o teatro servia como veículo de confraternização e de estimulo ao encontro da família operária em torno de um lazer “sadio”.
E, ao mesmo tempo, proporcionava aos trabalhadores de Florianópolis momentos de reflexão sobre valores, hábitos e comportamentos.

Assim, por duas décadas, o prédio abrigou um grupo de teatro dirigido por Deodósio Ortiga, que apresentava as mais variadas peças para os operários da cidade.

O Nº 5 é Deodósio, representando um caipira, numa peça que mistura show e esquete cômico

Vera Collaço traça um perfil sobre as atividades desenvolvidas até a década de 1950.
“O público era constituído por famílias, inclusive com a presença de crianças muito pequenas. Fato justificado pela moralidade dos espetáculos ali apresentados, espetáculos que a imprensa local denominava como “familiares” e morais. Os homens aparecem engravatados, e as mulheres bem vestidas, ou seja, apesar das dificuldades enfrentadas pelos baixos salários, os trabalhadores, certamente com grande esforço, procuravam apresentar-se com dignidade nos seus eventos públicos.”

Inclusive, em datas especiais, o grupo teatral também realizava ‘matinée’, nos domingos à tarde, especificamente, para as crianças.

Porém, em 1951, com a morte do diretor, o grupo teatral mantenedor da casa de espetáculos foi desmantelado e se dissolveu.

Na época, a Ubro tinha cerca de 600 associados, que utilizavam o espaço para o entretenimento de salão e também mantinham uma biblioteca com mais de 800 livros.

Recuperação
A partir de 1955, o imóvel foi gradativamente desativado vindo a ruir na década de 1990, restando apenas sua fachada original.
Após ficar fechado por quatro décadas, o espaço foi recuperado e cedido à Fundação Cultural Franklin Cascaes.
Totalmente revitalizado, o teatro foi reinaugurado em 3 de outubro de 2001, contando com um auditório de 94 lugares, camarins, banheiros, salas de administração e de oficinas.

Em 2006, o espaço ganhou equipamentos de iluminação, sonorização e climatização, além de um piano armário Essenfelder, fabricado em 1994.

Atualmente, uma variada programação mensal é realizada no local, e a pauta de eventos é definida mediante agendamento prévio.
Com a reabertura, a população de Florianópolis passou a contar com mais um local para apresentações de espetáculos, ensaios e laboratório de pequenas companhias de teatro, dança e música.

Curiosidades *
– Na inauguração do teatro, em 1º de maio de 1931, foi levada à cena a comédia “Manda quem Pode”, de Ary Barroso.

– Todos os membros do grupo teatral da União Operária eram provenientes da classe trabalhadora de Florianópolis.

– O teatro operário era realizado por amadores, que a ele se dedicavam por prazer, sem ter neste empreendimento uma forma de recompensa financeira. Todos possuíam outra profissão ou atividade que lhes garantia a sobrevivência econômica.

* Informações extraídas do artigo “Dos bastidores ao palco: a prática teatral da União Operária”, de Vera Collaço.

– As fotos desta reportagem são do acervo da Fundação Franklin Cascaes

Confira esta reportagem relacionada: Liga Operária Beneficente – Clube do Centro, fundado em 1891, tem a segunda biblioteca mais antiga de Florianópolis 

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Dez fotos desde 1890 – A evolução do prédio da Casa da Alfândega, que está sendo revitalizado

Melhor exemplar da arquitetura neoclássica de Santa Catarina, o prédio da Casa da Alfândega, em Florianópolis, foi inaugurado em 29 de julho de 1876, pelo então presidente da província de Santa Catarina, Visconde de Taunay.
A data foi escolhida por ser o aniversário da Princesa Isabel.

Foi mandada construir pelo Governo Imperial para funcionar como posto de arrecadação de impostos das mercadorias que chegavam no porto da cidade.
A edificação substitui a primeira alfândega, que se localizava ao redor da atual Praça XV, e que destruída por uma explosão em 1866.

Em 1964, a alfândega encerrou as atividades juntamente com o fechamento do porto na Capital.

Atualmente, o prédio está passando por uma grande reforma, junto com todo o Largo da Alfândega. As obras, que custarão R$ 7,8 milhões, devem ser concluídas até o final deste ano.

Confira a evolução do prédio de 143 anos:

Registro de 1890 (Acervo Casa da Memória)
Registro de 1894 (Acervo Casa da Memória)
Registro de 1895 (Acervo Casa da Memória)
Início da década de 1900 (Acervo Casa da Memória)
Registro da década de 1920 (Acervo Casa da Memória)
Registro de 1957 (Acervo Casa da Memória)
Foto da década de 1960 (Acervo Iphan)
Na imagem da década de 1980, Procissão do Senhor dos Passos. À esquerda, estrutura da passarela do samba, antes da Nego Quirido (Acervo Iphan)
Década de 2010 (Foto: Daniel Conzi)
Atualmente, prédio passa por reforma (Foto: Billy Culleton)
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Dez fotos para relembrar os 14 anos do incêndio no Mercado Público de Florianópolis

Na manhã de 19 de agosto de 2005 um incêndio destruiu completamente 50% do Mercado Público de Florianópolis.
O fogo, na ala Norte, começou por volta das 8h num restaurante, por causa do superaquecimento de uma frigideira com óleo vegetal.
Em 2006, após uma reforma geral, o local voltou a funcionar com novas lojas.

Confira as imagens do jornalista Billy Culleton:

(Billy Culleton)
(Billy Culleton)

 

 

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Morro do Centro com caixa d’água desde 1910, e que só teve água encanada 70 anos depois, ganha primeira praça

Por Billy Culleton

Em maio de 1910 foi construído o primeiro reservatório de água de Florianópolis, no Morro de Monte Serrat, atrás do Instituto Federal de Educação, na Avenida Mauro Ramos.

Grande festa para a inauguração da caixa d’água em 1910 (Foto: autor desconhecido)

Porém, os moradores que lá estavam instalados desde 1860, muitos descendentes de ex-escravos, não foram beneficiados pela obra, que privilegiou o abastecimento das casas do Centro, Saco dos Limões e Agronômica.
As residências do morro só tiveram acesso à água encanada mais de 70 anos depois, durante a década de 1980.

É nesse contexto que ganha ainda mais importância a inauguração da primeira praça na comunidade, nesta quarta-feira, 7.


Localizado no terreno da simbólica caixa d’água, o espaço, além de servir para a convivência dos moradores locais, pretende ser um ponto de encontro entre o Centro e a periferia, segundo o Padre Vilson Groh, um dos idealizadores da iniciativa e que mora no Monte Serrat desde 1983.
“Temos que criar pontes que unam as pessoas, fazendo com que a beleza rompa a bruteza”.

A praça ocupa uma área um pouco menor que um campo de futebol e conta com diversos equipamentos, como uma academia da melhor idade, um parquinho infantil, uma área de convívio e pista para caminhadas.

O espaço, na esquina das ruas General Nestor Passos e General Vieira da Rosa,  também será utilizado para eventos de artesanato, gastronomia e artes.

A construção da praça é um projeto do Instituto Vilson Groh e faz parte do programa ‘Adote uma Praça’, que conta com o apoio da Associação FloripAmanhã e da WOA Empreendimentos.

Conheça a história do Monte Serrat:
– O Monte Serrat é uma das áreas mais antigas dos morros de Florianópolis e foi historicamente excluída das ações de implantação de infraestrutura e serviços urbanos da cidade.

– A ocupação, que começa em 1860, teve três fases.

– A primeira, foi por escravos fugidos ou libertos que viviam em pequenas choupanas e ranchos de madeira, ao redor dos quais plantavam pequenas roças.

Imagem do caminho que começava no Monte Serrat e cruzava o Morro da Cruz até a Trindade (Foto: acervo Instituto Histórico e Geográfico de SC)

– A segunda fase ocorreu a partir da década de 1920, decorrente das mudanças urbanas sanitaristas que expulsaram os pobres do Centro da cidade.

Casinhas no início do Morro da Caixa, na década de 1920 (Foto: acervo Instituto Histórico e Geográfico de SC)

– A terceira, foi durante as décadas de 1950 e 1960, com a migração de população negra empobrecida de Biguaçu e Antônio Carlos que buscava trabalho na construção civil.

– O nome originou-se a partir de uma imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat que chegou de navio a Florianópolis, em 1927, e foi levada em procissão até a capela do então morro da Caixa d’Água.

– As primeiras lajotas foram colocadas no morro em 1983.

– O padre Vilson Groh chegou para morar no Monte Serrat em 1983 e incentivou a organização de movimentos sociais. Assim, ele estreitou os laços com a comunidade, reivindicando melhores condições de vida para a população excluída das políticas públicas.

– O ônibus começou a atender a comunidade em 1993.

(Apontamentos com base na tese de doutorado em Geografia (UFSC) de André Luiz Santos chamada “Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis”. E também no livro “A Sociedade sem Exclusão do Padre Vilson Groh”, de Camilo Buss Araújo.)

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Aniversário de 104 anos – História do clube de remo Martinelli em fotos

O clube de remo Martinelli completa, neste 31 de julho, 104 anos de existência. Foi fundado em 1915 por um grupo de jovens da alta sociedade florianopolitana.
O nome é uma homenagem ao oficial da Marinha de Guerra, nascido em Nova Trento, Francisco Martinelli, que faleceu no litoral paulista em 1913, após o rebocador Guaraní, no qual viajava, chocar-se contra outra embarcação.
O primeiro presidente do Martinelli foi Oswaldo Reis, pai do ex-governador Antônio Carlos Konder Reis.

Confira as fotos das quatro sedes desde 1917:

1ª sede – Praia de Fora, atual Beira Mar Norte, perto do Trapiche (1917-1935)

(Foto: acervo do clube Martinelli)

2ª sede – Rua Antônio Luz, frente ao Forte Santa Bárbara (1935-1970)
Em 1935, o Martinelli mudou-se para o imóvel localizado na Rua Antônio Luz, fundos com Rua João Pinto, no atual centro histórico.

(Foto: Billy Culleton)

(Fotos: acervo do clube Martinelli)

3ª sede – Prédio do Estaleiro Arataca (1970-1979)
Com o início das obras do aterro da Baía Sul, no começo dos anos 1970, mais uma mudança. O Martinelli ficou instalado provisoriamente em imóvel localizado abaixo da Ponte Hercílio Luz, na parte insular, onde atualmente estão os restaurantes Scuna e Pier 54.

(Foto: Billy Culleton)

(Foto: acervo clube Martinelli)

4ª sede – Galpão no Parque Náutico Walter Lang (1979 até hoje)
Ainda durante as obras do aterro da baía sul, o Governo do Estado de Santa Catarina providenciou a construção de um local destinado a abrigar os três clubes de remo da Capital. Em 14 de junho de 1979 foi inaugurado o Parque Náutico Walter Lang e desde então é ali a sede do Clube Náutico Francisco Martinelli.

(Foto: acervo do clube Martinelli)
(Foto: Billy Culleton)

(Com informações do site do clube Martinelli)

 

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Liga Operária Beneficente – Clube do Centro, fundado em 1891, tem a segunda biblioteca mais antiga de Florianópolis

Por Billy Culleton

Com 128 anos, o clube Liga Operária Beneficente, no centro histórico de Florianópolis, já viveu tempos de glória no século passado, quando chegou a ter 3 mil sócios, entre alfaiates, portuários, sapateiros e cocheiros.

Atualmente, congrega 200 sócios, a maioria jogadores de dominó que se reúnem todas as tardes no 1º andar do prédio da esquina das ruas Tiradentes e Nunes Machado, a 100 metros da Praça XV.

Fundado em 11 de janeiro de 1891, a Liga tinha como objetivo a promoção da assistência social, cultural e recreativa.
Por isso, seis anos depois, em 1897, foi criada a biblioteca, a segunda mais antiga em atividade de Florianópolis (a primeira é a Biblioteca Pública do Estado, fundada em 1854).

O local chegou a contar com 1,5 mil volumes que ficavam à disposição dos associados.

De acordo com o bibliotecônomo Alzemi Machado, no artigo “Liga Operária Beneficente de Florianópolis: nascimento e morte de uma biblioteca popular”, o acervo era constituído pela aquisição de exemplares e também por doações.

Havia uma enorme variedade de gêneros, como “romances, poesias, didáticos, técnicos, teses, revistas, dicionários e enciclopédias em vários idiomas, encadernadas em capa dura e lombada em couro gravada”.

Registro de 1980, durante reunião da diretoria no salão principal, com a biblioteca ao fundo (Foto: acervo do clube)

A biblioteca sempre foi muito procurada pelos seus associados, principalmente a partir de 1935, quando foi inaugurada a sede social na Rua Tiradentes Nº 22, numa edificação de dois pavimentos, ficando localizada no 1° piso, juntamente com o salão principal.

“Era constante a presença de estudantes, professores, donas de casa, e até mesmo de figuras pertencentes à classe política, como os governadores Celso Ramos e Aderbal Ramos, e de pesquisadores como Hipólito do Vale Pereira, sendo que todos tinham cadeira cativa”.

Até 1993, a biblioteca chegou a ser procurada por alguns sócios, mas já entrava em decadência, até mesmo pela pouca renovação de seu acervo, explica Alzemi Machado.

Nessa época, o acervo descuidado e antigo, já acometido pelos “ataques de insetos como traças e cupins”, foi se perdendo até chegar a menos de uma centena nos dias de hoje.

Atualmente, o responsável pelos poucos livros é Dionísio Luiz Colombi, de 93 anos. Nas prateleiras, agora de tijolos, destacam-se mais os troféus dos campeonatos de dominó do que os livros remanescentes do século passado.

“Pouca gente procura o acervo, mas temos a esperança de que com doações possamos revitalizar o espaço”, afirma Colombi, que demonstra lucidez e vitalidade, também graças à prática de esporte: ele faz parte do time da terceira idade que é atual campeão catarinense de vôlei.

Assim, de uma maneira melancólica, minguaram as atividades da segunda mais antiga biblioteca de Florianópolis, “e que possibilitou, como espaço cultural, a tentativa de democratizar o acesso a conhecimentos e informações às camadas populares da sociedade”, escreveu, no ano 2000, Alzemi Machado, no seu artigo para o mestrado em Educação e Cultura da Udesc.

Além dos jogos de dominó, o clube promove bingos em datas comemorativas, como o Dia dos Pais, e também aluga o amplo salão para festas particulares (não sócios pagam R$ 1 mil pelo espaço).

Por isso, se você passar por essa esquina à tarde e ouvir o tilintar das pedras de dominô, pode subir no primeiro andar para apreciar o jogo e se sentir de volta ao passado, admirando também os antigos quadros nas paredes, que incluem fotos dos primeiros presidentes.

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A história da área ao lado das Americanas – Fonte de água, terminal de ônibus e praça com estacionamento subterrâneo

Nos séculos 18 e 19, o local onde está localizada a Praça Pio 12, ao lado das Lojas Americanas, no Centro de Florianópolis, tinha uma fonte, usada pela população para recolher água.
Era conhecido como Largo da Carioca (em alusão à fonte, assim chamada).
Já a rua que passava na frente (atual Felipe Schmidt) era chamada Rua da Fonte do Ramos, em referência ao sobrenome dos proprietários das terras do entorno da área.

O local arborizado, no destaque (Acervo Casa da Memória)

A fonte que ali nascia formava um córrego que passava pela Rua 7 de Setembro e ia desaguar no mar, a poucas quadras, segundo conta a urbanista Eliane Veras da Veiga, no livro “Florianópolis, Memória Urbana”.
Em 1887, o riacho foi canalizado e foram construídas fontes para lavação de roupa.

Já no início do século 20, o espaço arborizado não tinha muito aproveitamento.
Mas a partir da metade do século, foi construído o primeiro terminal de ônibus da cidade, que funcionou até a década de 1980.



Foi na gestão do prefeito Sérgio Grando (1993-1996) que o local foi revitalizado, se transformando na atual Praça Pio 12, que passou a contar com um estacionamento subterrâneo.

(As fotos históricas que não têm crédito são de autoria desconhecida. Se alguém souber a procedência, favor, entrar em contato com: portalfloripacentro@gmail.com)

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Fotos dos 110 anos de história – Primeira estação de esgoto do Centro, também foi mictório e museu, mas está abandonada

Por Billy Culleton

A pequena edificação, no entorno da Praça XV, é testemunha do início do saneamento básico na Capital, na década de 1910.
Na época, era uma estação de elevação mecânica da rede de esgoto, movida a eletricidade, que bombeava os detritos para o mar.

Imagens de 1940 e 1962.  A foto de abertura (em cima) é de 1927. (Acervo Casa da Memória)

Entre as décadas de 1950 e 1960, o local, ao lado do Terminal Urbano Cidade de Florianópolis, foi desativado e se transformou num mictório público, funcionando até a década de 1980, quando foi reformado para abrigar o Museu do Saneamento.Após 15 anos, a construção em estilo neoclássico, sob responsabilidade da Casan, foi fechado novamente, para nunca mais abrir.

Ao redor do “Castelinho”, que está completamente abandonado, também se encontra uma antiga bica d’água e parte da balaustrada que servia para defrontar o cais e o mar. Também existe um poste de iluminação pública do início do século 20, que funcionava a querosene.

A bica d’água e o poste de iluminação a querosene, faltando a tampa de cima do lustre
Em primeiro plano, a balaustrada danificada. Atrás uma árvore num vaso de plástico protege uma das entradas.

O ano da construção: 1913 ou 1916?
Um detalhe chama a atenção. Existem duas placas nas paredes externas da construção: uma indica a construção em 1913 e outra, em 1916.

O que diz a Casan:

A Casan afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que periodicamente a empresa providencia pintura e, a partir do alerta do Floripa Centro, a área responsável foi acionada para realizar a manutenção.

Já com relação às datas, a Casan disse que a presença de duas pode estar relacionada à paralisação de obras em função da movimentação da 1ª Guerra Mundial.
“O livro História do Saneamento em Santa Catarina – Átila Alcides Ramos cita que no final de 1913 houve interrupção do envio de materiais da Europa para as obras do primeiro sistema de esgotos de Florianópolis. Mas é questão para ser melhor aprofundada”.
(Publicada originalmente em julho de 2019)

Confira outras imagens do Castelinho:

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Um século da Avenida Hercílio Luz em imagens – Do Rio da Bulha à canalização e cobertura total

Por Billy Culleton

Na década de 1920 o Centro de Florianópolis começou a se transformar a partir de algumas obras de saneamento.
A principal delas foi a canalização do Rio da Bulha, que deu origem à Avenida Hercílio Luz.

Até a década de 1910 o Rio da Bulha era imundo, recebendo o esgoto diretamente das casas (Acervo Casa da Memória)
Pontilhão na frente do atual Clube 12 (Acervo de Waldir Fausto Gil)

“Por ser uma obra de grande envergadura, que teria início na Rua José Veiga (atual Mauro Ramos), desde as encostas do Morro do Antão, o trabalho requeria grandes somas de dinheiro e, por isso, foi sendo prorrogado desde as últimas décadas do século 19”, escreveu o historiador Carlos Humberto Côrrea, no livro História de Florianópolis Ilustrada.

Década de 1920 (Acervo Casa da Memória)

Desta maneira, inicialmente, foi construído o canal da Fonte Grande, não cimentado, que passou a servir de despejo das casas, até a antiga Ponte do Vinagre, que unia a Rua Tiradentes ao Largo Treze de Maio.

Ano 1922 com o canal em fase final (Acervo Casa da Memória)

A finalização da obra só foi possível em 1922, após o Estado adquirir vários terrenos, demolir algumas residências, derrubar pontes e construir outras para deixar a obra pronta em setembro, inclusive arborizada e com iluminação pública, conta Côrrea.

Acervo Casa da Memória

A abertura da ‘grande avenida’, também chamada de Avenida do Saneamento, exerceu profunda modificação no traçado urbano de Florianópolis pela valorização das margens do rio canalizado.

Acervo de Waldir Fausto Gil

A partir de então, a avenida passou a ser uma das regiões residenciais prediletas da classe média e ali multiplicaram-se “habitações de fachadas ecléticas, dotadas de conforto e padrões de higiene saídos”, como explica a arquiteta e urbanista Eliane Veras da Veiga, no livro Florianópolis Memória Urbana.

Registro de 2005 do jornalista Carlos Damião

A cobertura total  do canal só foi feita no início da gestão Dário Berger (2005-2012).

Avenida revitalizada, em 2019

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1847-2019 – Imagens da transformação da Rua Trajano, no coração da cidade

Até o século passado, a Rua Trajano, uma das principais vias da região central da Capital, era chamada de Rua do Livramento, em homenagem a Nossa Senhora do Livramento.
Atualmente, toda a sua extensão de 400 metros é calçadão para pedestres e liga a Igreja Nossa Senhora do Rosário ao Largo da Alfândega.

Confira a sua evolução ao longo das últimas décadas.

Perspectiva 1 – Desde a Igreja Nossa Senhora do Rosário:

Parte da tela “Vista do Desterro”, de Victor Meirelles, 1847
Registro de 2019 (Foto: Billy Culleton)

Perspectiva 2 – Desde a Rua Vidal Ramos:

Registro da década de 1920 (autor desconhecido)
Imagem de 2019 (Foto: Daniel Conzi)

Perspectiva 3 – Desde a Rua Tenente Silveira

Registro da década de 1920 (autor desconhecido)
Registro de 2019 (Foto: Daniel Conzi)
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