Descoberto caminho histórico, com o calçamento original, embaixo da Ponte Hercílio Luz

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Por Billy Culleton
Os pescadores artesanais que desembarcavam na beira mar Norte, no início do século passado, usavam uma rampa íngreme para ‘subir’ ao Centro e levar seus produtos.
O mesmo caminho de 60 metros também era usado pelos trabalhadores do estaleiro Arataca, que ocupava o espaço, desde a década de 1900, para a construção, reforma e conserto de grandes embarcações.

O tempo passou, a Ponte Hercílio Luz foi construída, o estaleiro cresceu e fechou e, na década de 1970, o local viu nascer a principal avenida de Florianópolis.
E nunca mais se soube sobre ‘o tal caminho’.

Rampa aparece na imagem de 1924, feita por Felipe Bündgens, e publicada no livro ‘Ponte Hercílio Luz, do sonho à realidade’

Revitalização e descoberta
Agora, em 2020, com a conclusão da reforma da Ponte, o governo do Estado estava cercando as bases da obra e revitalizando a área entre a Avenida Beira Mar Norte e a Rua Almirante Lamego, quando descobriu um calçamento aterrado, que ligava as duas vias.
Os órgãos de patrimônio histórico foram acionados e decidiu-se pela preservação do caminho.

Imagem Google Street

A Prefeitura de Florianópolis ainda não tem informações exatas sobre a rampa.
“O que se sabe é que havia vários galpões do estaleiro que foram demolidos e ficou o imóvel mais recente, da década de 1930. Nesta época, o caminho já existia”, informa Marilaine Schmitt, gerente do Serviço do Patrimônio Histórico da Capital (Sephan), que está pesquisando sobre a via.
“Ainda não temos informações sobre o que era essa rampa e para que servia. Se era um simples acesso ou se tinha algum outro objetivo”.
A zona está classificada como Área de Proteção Cultural, que se sobrepõe ao conjunto do Rita Maria, antiga região portuária da cidade, que é tombado pelo Decreto Municipal Nº 270/1986.

Imagens: Billy Culleton

Iphan desconsidera valor histórico
Já para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a via não é considerada como um arruamento histórico.
“A passagem já existia no local. Conforme sua obrigação legal, o Iphan vistoriou o local e fez recomendações para a pavimentação do referido trecho, caso os governos estadual ou municipal entendam como pertinente fazê-lo”, afirmou o órgão, por meio da assessoria de imprensa.

Imagem: Billy Culleton

Alegria do pedestre
Independente do valor histórico, agora a população tem mais uma via que une a Beira Mar Norte com a Ponte Hercílio Luz (na Almirante Lamego há uma pequena escada que liga à cabeceira insular).
Antes, para fazer essa conexão de 60 metros o pedestre precisava caminhar cerca de 1.500 metros, uma grande volta pela Felipe Schmidt ou pelo Rita Maria.

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