Hospedou o presidente Médici – Prédio do melhor hotel da Capital, na década de 1970, sediará órgão municipal

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Por Billy Culleton
Com localização privilegiada na região central de Florianópolis, luxuoso e com a frente voltada para o mar da Baía Sul, o Hotel Royal era o preferido de autoridades e artistas que visitavam a cidade.
Inaugurado em 1º de janeiro de 1960, o estabelecimento (na Rua Osmar Rigueira, entre as ruas João Pinto e Antônio Luz) contava com 100 quartos, sendo 20 deles com banheiro privativo, um diferencial, na época.

Todas as unidades habitacionais tiveram desde o início, geladeira e televisão. “Foi o primeiro hotel da cidade a utilizar suporte de televisão, quando ainda nem existia para vender”, contou o proprietário-fundador Mário Rigueira à pesquisadora Fabíola Martins dos Santos.
Ela escreveu a dissertação de mestrado “Uma análise histórico-espacial do setor hoteleiro no núcleo urbano central de Florianópolis (SC)”, aprovada pela Universidade do Vale do Itajaí, em 2005, na Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria.

Foto do livro ‘Florianópolis: uma viagem no tempo (2004)’, de Beto Abreu

Em 1971, o hotel foi totalmente reservado para atender o presidente Emílio Médici, e toda a sua comitiva, que visitou a Capital durante dois dias.
Artistas de renome nacional, como Fernanda Montenegro e Fernando Torres, também se hospedavam ali e adoravam curtir o famoso piano-bar, no estilo Art Déco.

Alagamento e decadência
Na época era o mais luxuoso hotel da cidade, geralmente com 100% da ocupação, chegando a hospedar 36 mil pessoas por ano.
Porém, em meados da década de 1970 começam a aparecer outros hotéis na cidade e a vista é ofuscada pela construção do aterro da Baía Sul, que afastou o mar do hotel.
A partir de 1980 passou a sentir drasticamente a queda na ocupação, que alcançou 19% naquele ano.

Postal da década de 1960, publicada por Carlos Damião, no ND, em 2015

Outro fator importante para a decadência, de acordo com Fabíola dos Santos, foi a construção do Terminal Urbano Cidade de Florianópolis, em 1986, quando o edifício foi praticamente encoberto.
Ainda ocorreu o fechamento da Rua Antônio Luz, que dava acesso ao estacionamento do hotel.
Em 24 e 25 de dezembro de 1995, o empreendimento foi atingido pela grande enchente, tendo o porão e a área térrea totalmente inundados e teve que fechar durante 20 dias.
O proprietário encerrou as atividades do hotel em 2005 para transformá-lo num prédio com salas comerciais, mas desde 2015 o edifício está sem uso.
Revitalização
O prédio está sendo totalmente recuperado pelo proprietário para receber as instalações da Secretaria Municipal de Finanças.
A iniciativa faz parte da revitalização da região Leste do Centro promovida por várias entidades, com o apoio da prefeitura, que também abrirá o novo Pró-Cidadão (e Procon) em edificação ao lado do antigo Hotel Royal.
No contrato de cinco anos, foi combinado um aluguel mensal de R$ 40 mil. A prefeitura informa que, atualmente, o órgão municipal paga R$ 89 mil por mês no prédio da Rua Arcipreste Paiva, próximo à Catedral.

(Foto de abertura de autoria desconhecida. As fotos atuais são de Billy Culleton)

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