Outubro de 1924 – Ciente de que morreria logo, governador Hercílio Luz construiu uma miniatura da Ponte, no Centro

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Por Billy Culleton

Fragilizado pelo câncer, a personalidade mais importante de Santa Catarina mandou construir uma réplica da Ponte, que posteriormente levaria seu nome, com 18 metros de comprimento, para ser inaugurada simbolicamente em 8 de outubro de 1924.

Com esse gesto, o governador Hercílio Luz deixava claro para a população local que sua saúde não resistiria (de fato, faleceu 12 dias depois, em 20 de outubro, aos 64 anos).

Na Praça Fernando Machado (Acervo do Velho Bruxo)

(Observação: esta reportagem foi atualizada com novos dados em 12/10/20. Na versão anterior, sugeria-se que Hercílio Luz teria participado da inauguração, o que nunca foi confirmado.)

Ciente de que não tinha tempo hábil para ver a sua mais relevante obra finalizada, a solução adotada foi organizar uma solenidade ao lado da miniatura, 50 vezes menor que a original.
O local escolhido foi a Praça Fernando Machado, ao lado da Praça XV e do trapiche municipal (Miramar).

Imagem do acervo da Casa da Memória

Antes, ele tinha viajado para a França, onde se submeteu a um longo tratamento para combater a doença, mas que não deu resultado.

Retorno no dia marcado
Hercílio conseguiu chegar em Florianópolis, desde a França, no dia marcado para a inauguração simbólica (8 de outubro) e uma multidão o aguardava na praça.
Vindo do Rio de Janeiro, ele desembarcou no trapiche Rita Maria (a um quilômetro do local do evento), como informa o Jornal O Estado, de 9 de outubro de 1924.

Mas o cansaço pela viagem e o grave estado de saúde o impediram de ir até a Praça Fernando Machado e ele se dirigiu diretamente a sua residência, perto da Avenida Mauro Ramos, próximo ao atual Beiramar Shopping.
Ele faleceu sem nunca mais ter visto a réplica da obra, que ficou alguns dias exposta na praça e depois foi desmontada.

A morte de Hercílio Luz ocorreu menos de dois anos antes da inauguração da Ponte, que aconteceu em 13 de maio de 1926.

Importância da obra
Os avanços civilizatórios da época tornavam insustentável a falta de uma ligação entre a Ilha ao Continente.
Era uma necessidade urgente para a cidade, já que o isolamento não combinava com uma capital de Estado.
Era preciso facilitar a chegada das pessoas e produtos até a Ilha, o que até então era feito por meio de lanchas motorizadas, canoas a vela, botes ou baleeiras, que sofriam também por conta do forte vento, conta o jornalista Paulo Clóvis Schmitz, em reportagem publicada no jornal Notícias do Dia, em 2014.

Apesar do câncer no estômago, Luz fazia questão de fiscalizar a obra pessoalmente (Imagem de autoria desconhecida)

Segundo Schmitz, o gado era trazido a nado em direção ao Forte Santana, para ser abatido em diferentes pontos fora do Centro.
Engenheiro civil, formado na Bélgica, Hercílio Luz colocou a construção da ponte na plataforma de governo do seu terceiro mandato como governador.
“Hercílio Luz buscou recursos junto a bancos norte-americanos para erguer a ponte de ferro na Capital. O contrato foi assinado em 27 de setembro de 1920, mas houve atrasos nos repasses dos recursos e a obra só ficou pronta em 1926, sob a responsabilidade dos engenheiros norte-americanos David B. Steinman e Holton D. Robinson”, escreveu Schmitz.

Nota fiscal da American Bridge (Reprodução de documentário da SCC)

E assim nasceu o cartão postal de Santa Catarina, nunca visto finalizado pelo seu idealizador, que teve que se contentar em inaugurar um pequena réplica no meio da praça.
Mesmo assim, Hercílio Luz ficou eternizado na memória dos catarinenses, representado pelo monumento ao lado da obra, onde estão enterrados os seus restos mortais.

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