Personagem do Centro – Sapateira? Quem disse que mulher não pode ser o que quiser?

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Por Ricardo Medeiros (especial para o Floripa Centro)
Ela trabalhava num consultório médico. Os caminhos da vida a levaram para outro ofício.
Agora faz recorte de couro ou tecido, colocação de sola, palmilha e costura.
Tornou-se uma das raras sapateiras de Florianópolis.

Entrou no ramo pelas mãos do ex-marido.
“Sempre fui uma boa observadora. Foi assim que aprendi a profissão”, diz Maristela Kuhn, que tem a própria sapataria, ‘Só Consertos’, na Rua Conselheiro Mafra, Nº 436, no coração da Capital.

“Quem disse que mulher não pode ser o quiser?”, indaga. “Quis ser sapateira. E estou muito feliz com a minha escolha!”.

Maristela (D) com o marido Darci (E) e a ‘mentora’ Márcia (Foto de Ricardo Medeiros)

A história dela se inicia com uma grande amiga, Márcia, que a acolheu gentilmente no ateliê de costura, onde já trabalha há mais de 20 anos.
Por lá, ficou sete meses.
“A Márcia sempre me dizia que esse cantinho, onde estou agora, seria meu”, afirma, se referindo à sala de 24 metros quadrados.

Mári e o atual companheiro, Darci Pereira da Silva, prepararam tudo juntos: as prateleiras e o balcão, onde no começo só havia uma máquina de costura que ela ganhou de presente da sua mãe.

Marido também aprende ofício
Darci foi pintor, marceneiro e motorista de ônibus.
Não sabia nada de sapataria. Foi a esposa que o fez um sapateiro.
“Ela é uma ótima professora. Continuo ainda um eterno aprendiz da minha mulher”, declara-se apaixonadamente.

O casal trabalha junto na Conselheiro Mafra (Ricardo Medeiros)

“Ela tem um olhar clínico. Antes de dar o produto como finalizado, eu pergunto para ela: está tudo certo, dá uma olhada, é isso mesmo?”.

“Realmente, ele não entendia do ofício. Mas, eu botava fé nele”, relembra Mári.

“Pra quem chegou a me falar que eu passaria fome, por ter esse triste pensamento que sapataria é coisa de homem, e a pessoa que estava comigo não entender nada do ofício, se enganou”, desabafa.

Ela adora desafios e diz, estufando o peito, que sapataria não é sinônimo de masculinidade e sim de dedicação, bom atendimento e, acima de tudo, de entender o cliente e passar confiança.

Darci dá sempre uma atenção especial para a esposa no trabalho.
“Ele me faz chá depois do almoço e traz aquele cafezinho no fim de tarde. Está ao meu lado em todos os momentos”, derrete-se.
“Tenho carinhos também dos meus filhos Leonardo e Jéssica”.

O casal combina até na idade: ambos têm 50 anos de idade.

“Amo o que faço e quero fazer o meu trabalho cada vez melhor. Para isso, só preciso de saúde e da benção de Deus. Mulher é capaz sim, basta querer e fazer acontecer”.

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