A troca já começou – Você concorda com a substituição das luminárias ‘coloniais’ do centro histórico da Capital?
Por Billy Culleton
Afinal, quais são os postes de iluminação pública originais da Florianópolis antiga?
É por este questionamento que deve começar o debate sobre a substituição em andamento das luminárias em estilo colonial, nas vias do Centro.
No calçadão da Conselheiro Mafra, entre a Praça Fernando Machado e a Jerônimo Coelho, a prefeitura já instalou cinco novos postes.
Eles têm uma única coluna de ferro de sete metros de altura, com lâmpadas de led e que causam pouco impacto visual na paisagem.
Esses novos postes substituem as luminárias de estilo colonial, com três lâmpadas em formato de forquilha, que podem ser encontradas também nos demais calçadões da região central (como Felipe Schmidt) e na Praça XV de Novembro.
Retrospectiva
Imagens antigas de Florianópolis desde a década de 1910 (quando iniciou-se a iluminação pública com eletricidade) mostram diversos estilos de luminárias e postes nas ruas da cidade.
São lâmpadas penduradas por fios, que ficavam no meio das ruas.
Ou postes altos, de oito metros, nas calçadas, com uma haste horizontal avançando para o interior das vias.
Mas também existiam os postes menores, de três a quatro metros, para iluminação de praças e passeios.
A maioria destes últimos corresponde a um design simples, reto, com apenas uma luminária em cima.
Postes originais
As luminárias em estilo colonial também aparecem nas fotos do século passado: podem ser vistos na Praça XV, na Avenida Hercílio Luz e na entrada continental da Ponte Hercílio Luz.
Nos calçadões só foram instalados na década de 1990, após a transformação em vias exclusivas para pedestres, iniciada no final da década de 1970.
Valorizar o contemporâneo
“Não se deve falsear o histórico”, explica o arquiteto e historiador Fabiano Teixeira dos Santos, doutorando em Arquitetura pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Nos últimos anos, segundo ele, ganhou força no Brasil e no mundo, um novo conceito na revitalização de áreas históricas, contrariando a anterior, que insistia em inserir elementos antigos que não correspondiam à realidade.
“Essas luminárias coloniais nunca fizeram parte da paisagem dos calçadões”, disse, acrescentando que é importante respeitar a autenticidade.
“Em espaços históricos revitalizados também podem ser colocados elementos contemporâneos que valorizem o nosso tempo, já que nem tudo o que é histórico é mais bonito do que o atual”.
Sem valor cultural
“As luminárias coloniais da Praça XV são originais e serão mantidas sempre”, explica Marilaine Schmitt, gerente do Serviço do Patrimônio Histórico da Capital (Sephan).
“Já as existentes nos calçadões são réplicas que não têm nenhum valor cultural”.
Em toda a Praça existem 28 destas luminárias de ferro, instaladas na década de 1950.
Na base de cada uma delas aparece a inscrição “F. Guanabara – Rio de Janeiro”, que remete ao local de fabricação dos postes.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura da Capital informou que em 2020 realizou, na Conselheiro Mafra, a troca de cinco postes antigos que estavam danificados.
Foram instalados novos postes, com luz de led, que são mais econômicos.
Questionada sobre a possibilidade de substituição gradual das demais luminárias ‘coloniais’ nos calçadões, a administração municipal disse que existe um projeto em estudo, mas que ainda não está finalizado.
Debate
As luminárias existentes nos calçadões são obsoletas para os padrões modernos: iluminam menos que as de led e gastam mais energia.
Ao mesmo tempo, exigem constante manutenção, já que, além de serem antigas, frequentemente, são danificadas pelos caminhões que abastecem os comércios locais à noite.
Os motoristas calculam a passagem do veículo pela base do poste e esquecem que em cima, a três metros, a luminária ‘se abre’ em forma de garfo.
Em todos os casos, está aberto o debate entre os que apoiam a manutenção de um charmoso ‘falso histórico’ e os progressistas, que preferem postes mais sóbrios e úteis.
(As imagens antigas são do acervo do arquiteto Fabiano Teixeira dos Santos e também da Casa da Memória. As fotos atuais são de Billy Culleton)
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