Ilustre moradora do Centro – Trajetória de Dona Uda, educadora e presidente de escola de samba, vira livro
A trajetória da educadora, mulher do samba e de projetos sociais Maria de Lourdes da Costa Gonzaga, a dona Uda, se transformou no livro “Uda Gonzaga – A primeira-dama do Morro da Caixa”.
Com 83 anos de idade, Uda nasceu e vive até hoje no Morro da Caixa, também conhecido como Morro do Monte Serrat, na região central de Florianópolis.
A obra, de autoria do jornalista Ricardo Medeiros e da acadêmica de Jornalismo Suyane de Lima, será lançada no dia 10 de fevereiro, às 17h, nos jardins do Palácio Cruz e Sousa, no Centro.
Uda foi a primeira pessoa negra da comunidade, nos anos 1960, a se formar professora-normalista.
Aos 40 anos, concluiu o curso superior de Pedagogia. Entrou para história, quando foi o primeiro negro a ser membro titular do Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina.
Pelo mesmo conselho ganhou o Prêmio Elpídio Barbosa, que reconhece as boas práticas em favor da qualidade da educação.
Foi uma das fundadoras do Conselho Comunitário do Monte Serrat e da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros.
Pelo seu trabalho nessa última entidade, recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares, concedida pela Câmara de Vereadores de Florianópolis.
Mundo da Educação
Nos anos 1940, Uda estudou no Grupo Escolar Arquidiocesano São José.
Os pais de Uda a incentivavam a estudar. “O que eles mais queriam era que a gente se concentrasse nos cadernos e nos livros. Os estudos eram a herança que eles gostariam de nos deixar”.
Nas décadas seguintes, foi aluna no Instituto Estadual de Educação (IEE), instituição pela qual conquistou o diploma de normalista em 1963.
No IEE, não havia professores negros, com exceção de Antonieta de Barros, que exercia o cargo de diretora do Instituto (1944-1951).
Uda, no ano de 1964, iniciou a carreira no magistério como professora substituta na Escola Isolada do Morro da Caixa. Ficou no estabelecimento por três meses.
Naquele mesmo ano, rumou para Blumenau, pois havia passado em concurso público para ministrar aulas no Estado. As condições de trabalho não eram favoráveis e ela desistiu da vaga.
Ainda em 1964, de volta a Florianópolis, efetivou-se na Escola Isolada do Morro da Caixa. Logo assumiu o cargo de diretora. Mais tarde, o estabelecimento passou a se chamar Grupo Escolar do Morro da Caixa.
Na sequência, recebeu as denominações de Grupo Escolar Lúcia do Livramento Mayvorne e Escola Básica Lúcia do Livramento Mayvorne.
Como única negra da turma, iniciou, em 1974, o Curso de Pedagogia na Universidade do Estado de Santa Catarina, Udesc.
No dia 29 de julho de 1978 foi diplomada com habilitação em administração escolar.
Em 2 de maio de 1986, Uda foi o primeiro negro a ser membro titular do Conselho Estadual de Educação (CEE), ficando no cargo até 2 de março de 1998.
No ano de 2008, voltou a ser protagonista. Era também o primeiro negro a receber o Prêmio Elpídio Barbosa, pelo CEE.
Dona Uda, aos 72 anos de idade, aposentou-se compulsoriamente do magistério no dia 9 de julho de 2010.
Mundo do samba
Tornou-se a única presidente mulher da Escola de Samba Embaixada Copa Lord, agremiação pela qual virou também tema de enredo.
Em 5 de junho de 1965 casou-se com Armandino Gonzaga, que na época já estava na presidência da Escola de Samba Embaixada Copa Lord. O marido faleceu em 1978, aos 40 anos, vítima de edema agudo de pulmão, causando comoção na comunidade.
Durante os anos de 1984 e 1985, Uda Gonzaga comandou a Embaixada Copa Lord. Foi convidada para a presidência por um grupo da diretoria. Como resposta, ela falou que não tinha a experiência do marido.
“Propus que fizessem uma eleição na comunidade. Meu nome foi aceito por todos”. Foi a única mulher da entidade a assumir tal cargo.
Pela agremiação, em 2014, foi reverenciada com o enredo: “Quem você pensa que é sem a força da mulher?”.
Mundo social
Maria de Lourdes da Costa Gonzaga , em 1978, foi uma das responsáveis pelo surgimento do Conselho Comunitário do Monte Serrat.
Em 1985 auxiliou na fundação do Grupo de Mulheres Negras, que anos depois se transformou na Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros (AMAB). Por essa entidade, recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares, pela Câmara de Vereadores de Florianópolis.
Colocou em prática, em 2006, o projeto Livros e Batucadas, com os cursos de Administração de Empresas e de Música, ambos da Universidade do Estado de Santa Catarina, Udesc. O projeto criou a bateria mirim da Copa Lord.
A obra já está em pré-venda com o selo da Dois por Quatro Editora: https://www.doisporquatro.com/uda-gonzaga-a-primeira-dama-do-morro-da-caixa
Preço: R$ 35 até 9 de fevereiro e R$ 39,90, após essa data.
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