Busch & Cia, desde 1880 – O Centro se despede da loja mais antiga de Florianópolis

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Por Billy Culleton
Um sentimento de aflição tomou conta de parte da população de Florianópolis, esta semana, ao saber do fechamento da Loja Busch & Cia, na Rua Conselheiro Mafra.

Após 140 anos de atendimento familiar, o comércio de tecidos, forrações e plásticos, fazia parte do cotidiano da cidade e era uma dessas ‘instituições’ que a gente imagina que nunca vai desaparecer.
Mas um dia, acontece…

Fundada em 13 de outubro de 1880, possuía um dos alvarás de funcionamento mais antigos do município, do tempo em que a Capital ainda se chamava Desterro (o nome mudou para Florianópolis em 1894).

Foi o imigrante alemão Wilhem (Guilherme) Busch (1853-1935) que abriu o comércio, instalado originalmente na Rua Trajano, Nº 12.
Trabalhava com calçados e artigos para sapateiros e seleiros, além de ser oficina de conserto de sapatos.
Menos de uma década depois, se instalou na então Rua Altino Corrêa, Nº 14, atual Rua Conselheiro Mafra, onde permaneceu até o fechamento.

Quadro na loja lembra as quatro gerações que antecederam à atual: Wilhem Busch (acima, esq.),Frederico Schmithausen (abaixo, esq.), Frederico Busch Schmithausen (acima, dir.) e
Jorge Michel (Acervo Luciana Michel)

Localizada na frente da antiga Alfândega, a Busch foi se adaptando aos novos tempos e, ao longo das décadas, começou a vender outros artigos, como produtos de vinil, bolhas para embalagens e espumas.

Imagem do Largo da Alfândega, em 1897, onde aparece a Loja Busch (Casa da Memória)

Hercílio Luz era cliente
O proprietário Wilhem Busch mantinha um diário da loja, onde anotava as vendas e o nome dos clientes.
No diário número 1, de dezembro de 1889 (que até hoje a firma conserva), podem-se ver nomes de personalidades que frequentavam o comércio, entre eles, o ex-governador Hercílio Luz, falecido em 1924.

Álvara concedido em 1880 e o diário da loja, de 1889

Fechou, mas permanece aberto!
Atualmente, a loja é administrada pelos irmãos Ricardo e Luciana Michel, da quinta geração da família Busch.
“O motivo para o fechamento da loja no Centro envolve uma série de fatores: um deles é que, como vendemos produtos volumosos, os clientes tinham dificuldade para carregá-los até o carro, já que não há como estacionar por perto”, explica Luciana.

“Além da falta de herdeiros interessados em continuar com o negócio, a pandemia também reduziu bastante o movimento”.

Interior da loja com os centenários balcões para medir os produtos (Acervo Luciana Michel)

O comércio, no entanto, continua aberto no Bairro Kobrasol, em São José, onde foi aberta uma filial na década passada.
“Ali, temos estacionamento na frente da loja”, reforça ela.

Incêndio e novo prédio
Embora localizado no centro histórico da cidade, o prédio na Conselheiro Mafra tem uma arquitetura moderna.
O motivo é que a edificação original foi muito afetada por um incêndio numa loja vizinha, Casas Salum, em 1981.

Fachada da loja antes até a década de 1980 (Acervo pessoal Luciana Michel)

Com a estrutura condenada, a prefeitura concedeu licença para a construção de um novo imóvel, que foi concluído em 1982.
“Vamos alugar o local, não vamos nos desfazer do prédio, não!”, enfatiza a tataraneta de Wilhem Busch, acrescentando que todas as peças relacionadas à história da loja serão levados para o Kobrasol.

Entre os objetos, uma centenária caixa registradora, a balança para pesar os curtumes e a prensa utilizada com os couros há quase um século e meio.

Registradora, prensa e balança (Acervo pessoal Luciana Michel)

Reportagem do Jornal O Estado de 12 de outubro de 1980, feita para o centenário da loja (Acervo Luciana Michel)

(A imagem de abertura é de 1957 e pertence ao acervo da Casa da Memória)

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