Prédio de um dos mais antigos cinemas de Florianópolis será a nova sede do Pró-Cidadão e Procon

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Por Billy Culleton

O Pró-Cidadão estará mais acessível à população a partir de junho, quando será transferido da Avenida Mauro Ramos para um prédio no centro histórico da Capital, na Rua João Pinto, a 200 metros da Praça XV.
O novo espaço é um imóvel da década de 1930 e que, por 60 anos, foi usado como cinema.
Imóvel sediou três cinemas
O início do século 20 foi marcado pela popularização dos cinemas de rua em Florianópolis.
Nesse contexto, começam a ser construídas as primeiras edificações específicas para a projeção de filmes.

Rua João Pinto na década de 1940 (Imagem do IHGSC)

A primeira foi a do cinema Cassino, localizado na Praça 15 de Novembro, que teve a sessão inaugural no dia 9 de julho de 1909.
Antes, apenas o atual Teatro Álvaro de Carvalho passava filmes na Capital (a primeira vez foi no ano de 1900).

O Cine Imperial, na Rua João Pinto, Nº 156, foi inaugurado em 4 de setembro de 1932¹.
A moderna sala inclinada tinha 340 lugares e contava também com foyer (espécie de antessala) e bomboniere.

Pintura de Átila Alcides Ramos mostra entrada da sala

O Imperial fechou em 1970 e o prédio se transformou numa fábrica de sabão².
Na década de 1980 reabriu como Cine Coral e, depois como Cine Carlitos, fechando na década de 1990.

Rua João Pinto na década de 1980 (Imagem do IHGSC)

Eram exibidos filmes de todos os tipos e estilos, mas os de faroeste se transformaram nos maiores sucessos de público.

Duas fachadas, em ruas diferentes
O edifício de dois andares atravessa toda a quadra, até a Rua Antônio da Luz, e suas características originais se perderam com o tempo.
A fachada principal, na João Pinto, tinha uma ornamentação rebuscada, descreve a pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina, Adriana de Lima Sampaio, no artigo ‘Inventário e memória: cinemas de rua em Florianópolis’ (2013).

O prédio foi ocupado pela última vez pelas Lojas Milium

A fachada dos fundos, que dava para o mar, era bem mais singela que a principal, mas ainda assim apresentava uma arquitetura digna e que se harmonizava com as edificações vizinhas.

Rua Antônio da Luz, frente ao Terminal Urbano

O interior da sala tinha uma decoração efusiva e a saída do público, após o término do filme, podia dar-se por ambas as ruas, acrescenta Sampaio.

Preço do aluguel quase duplica por causa da reforma do prédio
Atualmente, o edifício encontra-se bastante danificado, com precárias instalações elétricas e hidráulicas, além de avarias estruturais.
Por isso, o prédio deverá passar por uma reforma geral custeada pelo proprietário, que seguirá um moderno projeto arquitetônico concebido pela administração municipal.

Novo Pró-Cidadão: fachada da Rua João Pinto (Divulgação PMF)

Novo Pró-Cidadão: fachada da Rua Antônio da Luz (Divulgação PMF)

Em até seis meses, a prefeitura receberá o imóvel pronto para o imediato atendimento do público, com toda a estrutura necessária, incluindo ar condicionado e mobília.
O local também sediará as instalações do Procon de Florianópolis, que se encontra na Praça 15, perto dos Correios.

O aluguel do prédio para as duas repartições será de R$ 39 mil (hoje, paga-se R$ 75 mil pela locação dos dois imóveis).
Inicialmente, o valor proposto pela Imobiliária Giacomelli era de R$ 20 mil mensais.

Interior do Pró-Cidadão (Divulgação PMF)

O incremento no preço do aluguel é justificado, segundo o prefeito Gean Loureiro, pelas novas condições de negociação: a prefeitura terá à disposição um prédio completamente reformado, com instalações específicas para o atendimento do público, incluindo total acessibilidade e todo o mobiliário, sem nenhum custo extra para a gestão municipal.

Nos cinco anos de contrato, a prefeitura garante que economizará R$ 2,1 milhões, levando em consideração a diferença entre os R$ 75 mil pagos atualmente e os R$ 39 mil do futuro aluguel, que começará a ser desembolsado quando o imóvel for entregue reformado.

A nova sede do Pró-Cidadão e do Procon também trará um novo impulso para a região Leste do Centro que, nos últimos anos, tem visto minguar a presença da população, afetando principalmente o comércio local.

Referências bibliográficas:
¹ Livro “Cinemas (de rua) de Floripa”, de Átila Alcides Ramos, professor e artista plástico (2018).
² ‘Inventário e memória: cinemas de rua em Florianópolis’, Adriana de Lima Sampaio, pesquisadora da UFSC (2013)

A foto de abertura é do arquivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC)

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