Há 177 anos – O passeio de Dom Pedro II e Teresa Cristina pelas ruas do Centro de Desterro

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Em outubro de 1845, o casal imperial visitou a capital de Santa Catarina.
Dom Pedro II, junto com Teresa Cristina, queria conhecer de perto o interior do Brasil e passou quase um mês na atual Grande Florianópolis, entre Desterro, São José, Santo Amaro da Imperatriz e Águas Mornas.
Ao chegar à Capital, uma multidão recebeu a comitiva no Trapiche, próximo à Praça XV de Novembro.
Essa parte da história é conhecida pela maioria dos florianopolitanos.

Mas o Floripa Centro resgata o detalhamento dos passeios feitos pelo casal nas ruas do Centro, entre os dias 15 e 19 de outubro.
A narrativa é do consagrado jornalista Celso Martins (falecido em 2018) e foi publicada na Revista Mural, de Marcos César, em 2010, baseado no jornal “O Relator Catarinense”, que foi criado na época apenas para divulgar a visita imperial.

Confira:
Acompanhe o roteiro, com imagens atuais do Google Street. Na legenda, a descrição a partir das informações de “O Relator Catarinense”.


Saindo do Palácio…

iniciaram pela rua Tenente Silveira (‘do Governador’)…

depois a rua Deodoro (‘do Ouvidor’)…

chegando então à esquina da principal rua da cidade, a Felipe Schmidt (‘do Senado’)…

continuaram pela rua Deodoro (‘do Ouvidor’)…

O passeio prosseguiu pela rua Conselheiro Mafra (‘do Príncipe’)…

Rua Conselheiro Mafra (‘do Príncipe’)…

até a Praça XV (‘Barão de Laguna’)…

Rua João Pinto (‘Augusta’)…

Rua João Pinto (‘Augusta’)…

Atual Bulcão Vianna (não existia na época)…

Bulcão Vianna (não existia na época)…

Atual Mauro Ramos (não existia na época)…

chegando até a rua do Menino Deus…

O passeio incluiu o Campo do Manejo, área militar onde foi erguido o Instituto Estadual de Educação…

Atual Anita Garibaldi (não existia na época)…

Atual Hercílio Luz (não existia na época)…

Retornando pela rua Fernando Machado (‘do Vigário’)…

Rua Fernando Machado (‘do Vigário’)…

Durante todo o passeio, o Imperador e a Imperatriz, foram “acompanhados de uma multidão de pessoas de todas as classes”, recebendo vivas permanentes das pessoas nas janelas e flores…

“À noite, a cidade ficou iluminada – “acenderam-se todos os arcos e colunas” e todas as casas “se iluminaram à profia”, junto com o “esplêndido luar”…

Além disso, “Inúmeras girândolas subiram ao ar desde que anoiteceu” e, junto ao arco do comércio, “diversos fogos de vistas se atacaram”, e tocou a banda da fragata Constituição.

A cavalo
No dia 16, após suspender uma visita à Lagoa por causa das chuvas, D. Pedro e D. Teresa Cristina visitaram a Alfândega, o Armazém de Marinha, as obras da Casa para arrecadação de artigos bélicos, a Tesouraria da Província, a Provedoria da Fazenda, e a Tipografia Provincial, todos na área central.
Na Provedoria da Fazenda quis saber detalhes da receita e os impostos cobrados. Na Tipografia, “entreteve-se por algum tempo em ver compor, e imprimir”. Depois voltou ao Palácio.
Às 17 horas, “com uma das senhoras da sua comitiva”, e autoridades, D. Pedro II deu um passeio a cavalo pela rua Esteves Júnior (do Passeio), seguindo pela Praia de Fora até a estrada de acesso à Trindade (Detrás do Morro). Dali, alcançou o Saco dos Limões, “regressando num escaler” para o Centro da cidade.

Passeio noturno
À noite do domingo, 19, os imperadores deram uma banda a pé, percorrendo “todas as iluminações da praça”.
Seguindo pela rua Conselheiro Mafra (do Príncipe), foram ver a iluminação que o cidadão Antônio Luiz Cabral “fez erigir na frente da casa de sua residência, e que, como as outras, tem sido acessas desde o dia da chegada de SS. MM.
Em todas as iluminações”, o casal foi recebido por “numerosas mirândolas, e acompanhados sempre de uma imensa multidão de povo em continuas saudações de Vivas!”

Praia de Fora
Na tarde do dia 25, SS. MM. II e comitiva deram um passeio até a Praia de Fora (região das ruas Almirante Lamego e Bocaiúva), passando pela Igreja São Francisco e o Teatro Particular Catarinense.

Teatro
No dia 26, deu um “esplêndido jantar”.
À noite, foi ao Teatro Catarinense, dirigido pelo capitão José Caetano Cardoso, que ao lado dos membros da diretoria, preparou o local para a visita.
Um coro de senhoras antecedeu a comédia “O Avaro”, seguido do “Entremez – Ensaio de uma tragédia”. Os intervalos foram “preenchidos por lindas peças de músicas”.
Como na ida, foram conduzidos em alas de sócios com tochas acessas.
A presença de oficiais dos vasos de guerra estrangeiros, “tornou a companhia a mais luzida possível”.

Agenda cheia
No sábado, dia 1º de novembro, às 17 horas, D. Pedro II visitou os navios de guerra no porto e “mandando aportar a galeota à praia da Arataca, visitou também o forte de Santana, situado na extremidade do morro denominado Rita Maria”.

No domingo, dia 2, o Conde de Irajá celebrou na Catedral o Santo Sacrifício da Missa, e fez a entrega das Primeiras Ordens a cinco estudantes de Gramática Latina, filhos de João Lino da Silva – Bartholomeu Álvaro da Silva, Francisco Duarte Silva, Domingos Luiz do Livramento e Duarte Teixeira da Silva. Depois, houve beija-mão de despedida no palácio.

Dia 6, depois do jantar, o Imperador foi ao forte de Santa Cruz, onde estava ancorada a frota imperial, retornando às 21 horas.
No dia seguinte, visitou a Escola Pública de Primeiras Letras e o Hospital Militar, “onde lhe saiu ao encontro, quase curado, o marinheiro do patacho Argos, que sofreu a amputação do braço pelo tiro da salva no dia 20 de outubro, a quem SS. MM. mandou dar 100 mil réis, assim como abonar continuadamente os seus vencimentos no estabelecimento de inválidos da Corte”.

(A imagem de abertura é da chegada do casal imperial, obra do artista Vicente Pietro, que acompanhou a comitiva. A maior parte do texto é de Celso Martins, de brilhante trajetória pela imprensa de Santa Catarina, criador do site Sambaqui Na Rede)

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