Com poucos clientes, engraxates da Praça XV estão em via de extinção: duas bancas fecharam nos últimos anos
Por Billy Culletonce
Milton Amauri está prestes a completar meio século de vida, a maior parte dela frequentando a Praça XV de Novembro, no Centro de Florianópolis.
Desde os sete anos, na década de 1970, acompanhava o pai, que tinha uma banca para engraxar sapatos na calçada, frente ao Calçadão da Felipe Schmidt, e que ele ‘herdou’ após a morte do progenitor.
“Está difícil continuar aqui. A gente faz apenas quatro ou cinco clientes por dia. Antes era muito melhor: chegava a fazer 20…”.
Ele é um exemplo da decadência, mas também da resistência do ofício.
Até 2010 eram seis bancas para engraxates no entorno da praça: duas do lado Oeste (continuação da Rua Arcipreste Paiva, chamada Rua Praça XV), três no lado Leste (na rua da agência dos Correios) e uma na frente da Praça Fernando Machado, onde se encontra o monumento ao Miramar.
Nos últimos anos, por causa do declínio do serviço, duas bancas foram desativadas.
Uma das bancas do lado Leste pertence a Célio de Souza há mais de 40 anos. Ele diz que está pensando em desistir da profissão, pela falta de clientes.
“As pessoas perderam o costume de engraxar na rua. Agora, a maioria compra aqueles produtos prontos e passam no calçado, em casa”.
A poucos metros daí trabalha Luis Carlos Peixoto, de 52 anos, 30 deles na banca. “Ontem engraxei apenas um par de sapatos”, conta, desapontado.
Ele culpa a crise financeira do país pelo baixo movimento na sua banca. “E a cada dia está ficando pior”.
Porém, mesmo com pouco serviço, Peixoto, que é aposentado, não pretende sair do local. “Não adianta ficar em casa, algo tenho que fazer… aqui pelo menos vejo o movimento e converso com as pessoas”.
Os valores:
Os preços variam, dependendo da banca. Engraxar um par de sapatos custa entre R$ 10 e R$ 15 e botas entre R$ 15 e R$ 20.
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