Conheça a história da centenária chaminé para incineração do lixo urbano, desativada há seis décadas
Por Billy Culleton
Há pouco mais de um século, Florianópolis se modernizava com relação à destinação dos resíduos urbanos.
Para isso, em 1914, foi inaugurado o forno incinerador de lixo, localizado perto da futura Ponte Hercílio Luz, aberta em 1926.
Até então, o lixo era despejado nas praias da Baía Norte, num serviço de remoção que teve início em 1877 e que era executado diariamente com carroças puxadas a burro.
Atualmente, a chaminé de tijolos aparentes, com 25 metros de altura, é o último resquício daquele conjunto arquitetônico, onde atualmente funciona um setor da Floram.
O forno foi construído entre 1910 e 1914 pela firma Brando e Cia, dos irmãos Miguel e Batista Brando, e contava, ainda, com um galpão de dois pavimentos, de acordo com registros da arquiteta e urbanista Elaine Veras da Veiga, no livro “Florianópolis, memória urbana”.
Como funcionava
No interior do galpão havia um forno de tijolos refratários com duas câmaras de combustão onde os dejetos eram lançados ao fogo por um alçapão.
A fumaça provocada pela combustão percorria um duto subterrâneo até alcançar a chaminé, por onde era eliminada.
Perfil da cidade na época
No início do século XX, Florianópolis contava com uma população de 14 mil habitantes.
Possuía mais de 600 casas comerciais e a indústria, modesta e diversificada, oferecia móveis, chapéus, café processado, telhas de cimento, vinagre, bebidas, sabão e fogos de artifício, além de cigarros, massas alimentícias, açúcar refinado, caramelos, roupas, bordados, rendas e pregos.
Intervenções urbanas em prol da saúde pública
Na época, as intervenções urbanísticas na Capital eram variadas e estavam respaldadas pelo cientificismo do momento, através dos médicos e higienistas, que modificavam a cidade em nome da saúde pública.
Entre essas medidas, segundo pesquisadores da ONG Patrimônio Cultural Brasileiro, estavam o alargamento de ruas, a canalização de córregos utilizados pela população para a lavagem de roupa e a transferência do cemitério municipal existente no atual Parque da Luz para o ‘distante’ Bairro do Itacorubi.
Foi esse mesmo bairro que abrigou, entre 1958 e 1990, o lixão da cidade, com a consequente desativação do forno incinerador, que funcionou por 44 anos no Centro.
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Meu pai, João José Mendonça, na época da construção do Forno do Lixo ele trabalhava na firma Brando & Cia. Ele nos contava que participou da construção dessa torre. Era um dos orgulhos que ele tinha, quando falava da sua participação naquela obra. Mais tarde ele como Mestre de Obras, teve o reconhecimento do CREA/SC, que lhe deu o título de ” Construtor Licenciado ” , como consequência ele estava legalmente habilitado a assumir responsabilidades junto à construção, assinando as plantas dos Edifícios. Nos anos 1950/60/70 era comum encontrar nas obras uma placa: “JJMendonça – Construtor Licenciado” Deixou mais de 400 obras construídas em nossa cidade. Mas meu propósito é para que fique registrado sua participação na construção desse março histórico.