Dois séculos de história – Igreja São Francisco, no Centro, sedia a mais antiga congregação religiosa de Florianópolis

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Por Billy Culleton

O aspecto tenebroso do seu interior ficou no passado.
Após a reforma, concluída em fevereiro de 2019, o interior da Igreja São Francisco, inaugurada em 1815, ganhou um aspecto mais sóbrio e agradável para visitação e oração, na esquina dos calçadões da Felipe Schmidt e Deodoro.

Até então, a falta de manutenção adequada deixava o ambiente ‘sombrio’ para os visitantes: iluminação tênue, paredes desbotadas e estátuas deterioradas dos santos com velhos cabelos verdadeiros.

A recuperação estrutural e estética fez com que o templo começasse a receber cada vez mais visitantes. São em torno de 500 por dia, garante o pároco Gunther Walzer.

Templo foi inaugurado em 1815 (Divulgação PMF)

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência é a mais antiga das confrarias religiosas criadas na Ilha, instalada em 1745.
Até o templo ficar pronto, sete décadas depois, os franciscanos ocuparam uma capela com sacristia privada anexa à Catedral Metropolitana.

Boatos de desabamento
Construída numa mescla de estilos barroco e neoclássico, os rumores de que as torres da igreja estariam ruindo provocou a sua interdição em 1851.
O boato fez com que as autoridades também determinassem o fechamento das duas portas laterais para reforçar a estrutura.

Até hoje é possível visualizar os desenhos das duas entradas, ao lado da entrada principal da igreja.

Em 1974, novamente, começou a circular uma versão de que a igreja poderia desabar. Desta vez, em razão da construção do Centro Comercial Aderbal Ramos da Silva (ARS), nos fundos do templo.

Jornal de Santa Catarina de 17 de novembro e 1974 (Acervo Letícia da Silva Gondim)

O local foi interditado e as paredes receberam reforço, porém, as previsões não se confirmaram.

Acervo
Entre as imagens sacras expostas, no segundo templo mais importante da Capital, se destaca São Francisco aos pés da cruz (uma das únicas duas imagens deste tipo existentes no país: a outra se encontra em Salvador).
Também Santo Antônio de Categeró (trazida por escravos que construíram a igreja no século 19), além de Nossa Senhora das Dores, Santo Antônio e Nossa Senhora Desatadora dos Nós.

Galos nas torres
No alto de cada uma das duas torres há cataventos em forma de galos.
Por isso, popularmente o templo também é chamado de ‘Igreja dos galos’.
O adorno era comum nas antigas construções europeias e indicava a direção do vento.

Atualmente, os galos estão fixos na direção Norte, fruto de dois séculos de vento Sul.

Museu a céu aberto
Na lateral da igreja, também conhecida como São Francisco das Chagas, há uma série de painéis que contam a história dos 276 anos da chegada dos franciscanos a Florianópolis.
São fotos antigas e textos organizados em ordem cronológica que podem ser apreciados de forma prazerosa, ao ar livre, no coração da cidade.

Ilustração de Eduardo Dias em 1914

Igreja na década de 1970 (Acervo Casa da Memória)

 

Interior do templo antes da reforma (Acervo Jaqueline Wittmann)

(Imagem de abertura é uma pintura de Jean Baptist Debret, em 1826)

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