Forte de Santa Bárbara – Construído numa pequena ilha há séculos, resistiu à modernidade e foi incorporado ao Centro

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Por Billy Culleton
No início da década de 1770, uma pequena fortaleza foi erguida para proteger a parte Sul da vila de Nossa Senhora do Desterro.

A acanhada edificação do Forte de Santa Bárbara ocupava grande parte da área de uma diminuta ilha, ligada à região central da cidade por uma pequena ponte em arcos de alvenaria.

O imóvel em 1905 (acervo de Apparecido Jannir Salatini, reproduzido do livro “Ilha de Santa Catarina: Florianópolis”, de Gilberto Gerlach, via site Fortalezas.org)

A fortificação era guarnecida por uma espessa muralha, onde existiam 13 canhões, que nunca foram usados, mas que estavam disponíveis para repelir qualquer navio inimigo que viesse a ultrapassar a Forte de Araçatuba, no extremo Sul da Ilha de Santa Catarina.

Plano espanhol com a vista do Forte, em 1778 (Arquivo do Serviço Histórico Militar de Madrid, via site Fortalezas)

Atualmente, o imóvel, que sofreu várias modificações, é o Centro Cultural da Marinha, no coração do Centro de Florianópolis, na Avenida Hercílio Luz, próximo ao Terminal Urbano.

O imóvel na atualidade (Google Street)

Data inexata
A data exata da construção é desconhecida
O primeiro registro aparece num mapa da cidade de 1774, nomeado como ‘Forte Novo’.

Planta de Desterro em 1774 (Reprodução do livro ‘Florianópolis – Memória Urbana’)

A planta não consta no levantamento das fortalezas realizado por José Custódio de Sá e Faria, em 1760.

O ‘Forte de Santa Bárbara da Praia da Vila’ (nome original)  também aparece no mapeamento realizado, em 1786, pelo Alferes José Correia Rangel.
Nesse documento, é representada com planta no formato de um polígono irregular, levantada em alvenaria de pedra e cal.

Plano espanhol do Forte em 1778 (Arquivo do Serviço Histórico Militar de Madrid, via site Fortalezas)

Sede do governo
Já sem a necessidade de proteção da vila, na primeira metade do século XIX, a edificação serviu como enfermaria militar.

Em 1871, foi demolido o Quartel de Tropa e acrescido um galpão de dois pavimentos, destinado à recepção dos imigrantes que chegavam a Santa Catarina, diz a urbanista Eliane Veiga, no livro “Florianópolis – Memória Urbana”.

Forte quando ainda era banhado pelo mar (Acervo Casa da Memória, via site Fortalezas)

Em 1875, nova reforma no imóvel deu a atual ‘aparência eclética, com frontão clássico e janelas neogóticas’, com o objetivo de abrigar a Capitania dos Portos, que ficou no local até 1999.
Durante o ano de 1893, na Revolução Federalista, é utilizada como sede provisória do Governo do Estado.

Imagem antes do aterro (Casa da Memória)

Novas intervenções
Durante a primeira metade do século XX, novas intervenções foram sendo introduzidas no conjunto, descaracterizando-o completamente e dando-lhe as linhas arquitetônicas características dos anos 30 (que conserva até hoje), informa o site Fortalezas.

A partir da década de 1960, sucessivos aterros no seu entorno acabaram ligando o forte às vias centrais da cidade.

Ao fundo, o primeiro aterro no final da década de 1960 (Acervo Udesc)

Nos anos seguintes, houve um grande debate sobre a possibilidade de sua demolição para priorizar a mobilidade urbana.
A ideia foi rechaçada e em 1984, o forte foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Entrada do atual Museu Naval, no Centro de Florianópolis (Billy Culleton)

Em 1999, o conjunto foi cedido pelo 5º Distrito Naval ao Município de Florianópolis, passando a abrigar, em 2001, a sede da Fundação Cultural Franklin Cascaes.

Quatro anos depois, retornou à gestão da Marinha do Brasil.

O único canhão exposto na parte externa do Museu (Billy Culleton)

Em 2016, a Marinha reformou a construção, que passou a abrigar o Centro Cultural da Marinha em Santa Catarina e o Museu Naval.

(Esta reportagem foi feita com base em pesquisas no site Fortalezas.org, no livro “Florianópolis – Memória Urbana” e no site da Marinha do Brasil. A imagem de abertura é uma versão colorizada da Vista da Vila de Desterro, de Tilesius von Tilenau, 1803-1804, e é acervo de Paschoal e Ruth Grieco, reproduzido do livro “Desterro: Ilha de Santa Catarina”, de Gilberto Gerlach, via site Fortalezas.)

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