Forte de Santa Bárbara – Construído numa pequena ilha há séculos, resistiu à modernidade e foi incorporado ao Centro
Por Billy Culleton
No início da década de 1770, uma pequena fortaleza foi erguida para proteger a parte Sul da vila de Nossa Senhora do Desterro.
A acanhada edificação do Forte de Santa Bárbara ocupava grande parte da área de uma diminuta ilha, ligada à região central da cidade por uma pequena ponte em arcos de alvenaria.
A fortificação era guarnecida por uma espessa muralha, onde existiam 13 canhões, que nunca foram usados, mas que estavam disponíveis para repelir qualquer navio inimigo que viesse a ultrapassar a Forte de Araçatuba, no extremo Sul da Ilha de Santa Catarina.
Atualmente, o imóvel, que sofreu várias modificações, é o Centro Cultural da Marinha, no coração do Centro de Florianópolis, na Avenida Hercílio Luz, próximo ao Terminal Urbano.
Data inexata
A data exata da construção é desconhecida
O primeiro registro aparece num mapa da cidade de 1774, nomeado como ‘Forte Novo’.
A planta não consta no levantamento das fortalezas realizado por José Custódio de Sá e Faria, em 1760.
O ‘Forte de Santa Bárbara da Praia da Vila’ (nome original) também aparece no mapeamento realizado, em 1786, pelo Alferes José Correia Rangel.
Nesse documento, é representada com planta no formato de um polígono irregular, levantada em alvenaria de pedra e cal.
Sede do governo
Já sem a necessidade de proteção da vila, na primeira metade do século XIX, a edificação serviu como enfermaria militar.
Em 1871, foi demolido o Quartel de Tropa e acrescido um galpão de dois pavimentos, destinado à recepção dos imigrantes que chegavam a Santa Catarina, diz a urbanista Eliane Veiga, no livro “Florianópolis – Memória Urbana”.
Em 1875, nova reforma no imóvel deu a atual ‘aparência eclética, com frontão clássico e janelas neogóticas’, com o objetivo de abrigar a Capitania dos Portos, que ficou no local até 1999.
Durante o ano de 1893, na Revolução Federalista, é utilizada como sede provisória do Governo do Estado.
Novas intervenções
Durante a primeira metade do século XX, novas intervenções foram sendo introduzidas no conjunto, descaracterizando-o completamente e dando-lhe as linhas arquitetônicas características dos anos 30 (que conserva até hoje), informa o site Fortalezas.
A partir da década de 1960, sucessivos aterros no seu entorno acabaram ligando o forte às vias centrais da cidade.
Nos anos seguintes, houve um grande debate sobre a possibilidade de sua demolição para priorizar a mobilidade urbana.
A ideia foi rechaçada e em 1984, o forte foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em 1999, o conjunto foi cedido pelo 5º Distrito Naval ao Município de Florianópolis, passando a abrigar, em 2001, a sede da Fundação Cultural Franklin Cascaes.
Quatro anos depois, retornou à gestão da Marinha do Brasil.
Em 2016, a Marinha reformou a construção, que passou a abrigar o Centro Cultural da Marinha em Santa Catarina e o Museu Naval.
(Esta reportagem foi feita com base em pesquisas no site Fortalezas.org, no livro “Florianópolis – Memória Urbana” e no site da Marinha do Brasil. A imagem de abertura é uma versão colorizada da Vista da Vila de Desterro, de Tilesius von Tilenau, 1803-1804, e é acervo de Paschoal e Ruth Grieco, reproduzido do livro “Desterro: Ilha de Santa Catarina”, de Gilberto Gerlach, via site Fortalezas.)
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