Há 95 anos – Florianópolis foi a primeira cidade do país a receber um avião comercial brasileiro (e tem vídeo!)
Em 1º de janeiro de 1927, o hidroavião Atlântico chegou à capital catarinense vindo do Rio de Janeiro.
Na aeronave que aterrissou na Baía Sul, próximo à recém-inaugurada Ponte Hercílio Luz, estavam o ministro de Viação e Obras Públicas, o catarinense Victor Konder, o empresário da aviação Fritz Hammer, dois jornalistas, um cinegrafista e três tripulantes.
O voo era uma demonstração da empresa Condor Syndikat, buscando garantir a autorização do governo brasileiro para operar uma linha aérea dentro do território nacional.
A histórica viagem se transformou num marco da aviação comercial brasileira: foi o primeiro voo de transporte de passageiros de uma empresa nacional.
O ministro Konder, que exigiu que a viagem tivesse como destino seu estado natal, ficou tão impressionado com a segurança e conforto da aeronave que em poucos dias concedeu a autorização à empresa.
Semanas depois, a Condor Syndikat começou a operar a linha entre o Rio de Janeiro e a cidade gaúcha de Rio Grande, com escalas em Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Florianópolis.
Em junho do mesmo ano, a empresa dava origem à Viação Aérea Rio Grandense (Varig).
Confira o vídeo (editado) da viagem, com imagens de Florianópolis (não tem som):
Capital vive o auge dos hidroaviões
Estava inaugurado o ciclo das viagens aéreas dos florianopolitanos que, até então, dependiam dos navios para vencer as longas distâncias para os principais centros urbanos, como o Rio de Janeiro.
Foram mais de duas décadas de intenso tráfego aéreo no Centro da Capital.
Os passageiros dos hidroaviões desembarcavam num trapiche existente próximo ao Mercado Público Municipal.
Antes, desciam da aeronave diretamente num pequeno barco que os levava até terra firme.
CURIOSIDADES
Características da aeronave
– O hidroavião Atlântico era um bimotor, de construção semi-metálica, que podia levar de oito a 12 passageiros.
– Os assentos eram de vime, para reduzir o peso.
– As janelas eram amplas, oferecendo boa visibilidade aos passageiros, e podiam ser abertas em voo.
Acomodações
– Nas viagens, os passageiros se alojavam no casco dianteiro, que era relativamente amplo e confortável, até mesmo para os padrões atuais.
– O comandante e os tripulantes usavam pesados casacos e ficavam num compartimento aberto, na parte de cima do avião. Usavam capacetes de couro e óculos protetores, já que não tinham qualquer proteção contra os ventos frios.
Durante a viagem
– Antes da decolagem, o mecânico de voo distribuía o “serviço de bordo”, que consistia em chumaços de algodão e chicletes.
– Os chumaços de algodão deviam ser colocados nos ouvidos, para tentar conter o ruído dos motores Rolls-Royce Eagle.
– Os chicletes serviam para evitar a sensação de “ouvido tapado”, caso o avião tivesse que subir um pouco mais alto.
– O voo era feito em baixa altitude, numa velocidade entre 120 km/h e 160 km/h.
Pouso e decolagem
– Para embarcar, os passageiros entravam num barco, que os levava até a aeronave.
– Durante os pousos e decolagens, as janelas deviam ser fechadas, para evitar entrada de água na cabine.
– Para a decolagem, às vezes, eram necessários serviços extras: uma lancha ia na frente só para fazer onda, propiciando ao hidroavião, depois de algumas tentativas frustradas, o essencial pulinho que o ajudava a subir.
– Os pousos noturnos eram difíceis, pois não havia área demarcada, apenas a escuridão. Por isso, foi criado um artifício, que consistia em soltar um peso de chumbo preso a uma corda, desenrolada para ficar 10 metros abaixo da aeronave.
Quando o chumbo tocava a água, uma luz azul acendia no painel, e o piloto sabia que estava na hora de puxar o manche para pousar.
(As informações foram obtidas nos seguintes sites: www.varig-airlines.com, blog.hangar33.com.br, www.portalbrasil.net e www.culturaaeronautica.blogspot.com. A foto de abertura é do Hangar 33)
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