Exclusivo – Misto de paver e paralelepípedos: confira como ficarão as ruas do centro histórico de Florianópolis
As vias do entorno da Praça XV de Novembro, em Florianópolis, estarão de cara nova até o final de 2021.
Após mais de um ano de idas e vindas, a Prefeitura lançou, nesta sexta-feira, 2, o processo licitatório para a contratação da empresa que vai executar a obra.
A revitalização original foi questionada por diversas entidades, no ano passado, por substituir os paralelepípedos de 1886 por paver, feito com pequenos blocos de concreto intertravados.
O município readequou o projeto: agora, a pista de rolagem dos veículos será de paver e as laterais das vias, de paralelepípedos.
Largo da Catedral
A obra abrangerá as ruas Tiradentes, Nunes Machado e as vias que circundam a Praça XV, além dos calçadões das ruas João Pinto e Antônio Luz.
O asfalto hoje existente na via frente à Catedral Metropolitana será retirado e também receberá o misto paver/paralelepípedos.
Para melhorar a acessibilidade, as ruas terão apenas 5 centímetros de desnível em relação as calçadas e, nas esquinas, as passagens de pedestres estarão no mesmo nível dos ‘passeios’.
Após finalizar a licitação e assinar o contrato com a empresa vencedora, o prazo para a conclusão da obra é de até seis meses.
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Questionamentos
Após entidades da Capital se manifestarem preocupadas com a retirada dos paralelepípedos, em agosto, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu um inquérito civil para analisar o projeto da Prefeitura e ouvir o município e os defensores da manutenção da pavimentação original.
Em outubro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse que a troca de pavimentação constituía perda da identidade do centro histórico da cidade.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC), por sua vez, em 3 de agosto de 2020, se manifestou contrário ao projeto original.
Para o Conselho, o paver é destituído de valores históricos e estéticos para aquela localização.
“Existem notórios exemplos de requalificação de áreas históricas pelo mundo, com a manutenção da pavimentação histórica adaptada harmoniosamente para contemplar novas e necessárias modificações da vida urbana contemporânea, como acessibilidade”.
E segue a nota do Conselho:
– “O paralelepípedo está implantado nessa área desde 1886, sendo representativo de um período de desenvolvimento importante da cidade e testemunho de um sistema de engenharia de construção de vias, com material nobre devido à sua durabilidade, demonstrada sua funcionalidade atual mesmo com pouca manutenção”.
– “A pavimentação com paralelepípedos representa a técnica construtiva urbana e de mão de obra tradicional – os calceteiros –, que são os elementos diferenciadores desta paisagem e que merecem fazer parte do cenário futuro do Largo Fundacional e do Setor Leste da Praça XV de Novembro”.
– “É na permanência destes vestígios, que a população extrai suas referências culturais e identifica a cidade de forma singular, diante das demais cidades do país”.
Agora, o novo projeto da prefeitura buscou aliar a manutenção da memória histórica com a praticidade do paver.
A conferir se haverá novos capítulos nesta proposta, que foi apresentada pela primeira vez em fevereiro de 2020.
(As imagens são divulgação da PMF. O colunista Fábio Gadotti, do ND+, antecipou na segunda-feira, 5, o lançamento da licitação para a obra. Nesta reportagem, complementamos a informação com todos os detalhes da proposta)
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