Na antiga Desterro, o tráfego marítimo era controlado por bandeiras no topo do atual Morro da Cruz
Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis
Um mastro com uma bandeira no alto do maior morro do Centro da cidade servia para sinalizar a chegada de embarcações em Nossa Senhora do Desterro, nos séculos 18 e 19.
Era o ‘posto semafórico’ que, operado por uma única pessoa, informava sobre os navios que precisavam atracar no porto, localizado na Baía Sul da Capital.
Como conta o escritor ilhéu Virgílio Várzea, na obra “A Ilha – Santa Catarina” (1900):
“O Morro do Pau da Bandeira, mais conhecido outrora por Morro do Antão, teve esse nome em virtude do posto semafórico que foi colocado em seu ponto mais culminante por um antigo governador, que transmitia à cidade, por meio do código de sinais, a comunicação dos navios de todas as procedências que demandassem o porto”.
E completa:
“Este posto dá aviso das embarcações ainda no alto mar, pois corresponde-se por meio dos galhardetes convencionais das entradas de portos com os dois postos estabelecidos à boca daquelas barras – um na ilha e forte de Santa Cruz, outro na ilha e forte da barra do sul junto à Ponta dos Naufragados”.
Várzea descreve o local:
“Numa casinha de pedra e cal habita o guarda ou sinaleiro, dispondo essa habitação de um terreiro cercado de um grosso muro de pedra para a banda da cidade, onde se ergue o alto mastro inteiriço, cruzado de uma verga no alto, em que se fazem os sinais”.
A sinalização era vista a quilômetros de distância:
“Este mastro é avistado de todos os pontos do Desterro e dos arraiais e freguesias em roda, como o Saco dos Limões, Pantanal, Trás-do-Morro (atual Trindade), Itacorubi, Santo Antônio, e bem assim de todas as povoações litorais do continente, desde os Coqueiros às Caieiras”.
A sinalização deixou de ser utilizada no século 19.
Décadas depois, no mesmo local foi colocada uma cruz, que dá o nome atual ao morro.
Hoje, o espaço se encontra ‘tomado’ por outro tipo de tecnologia, mais moderna, mas que ainda cumpre com o papel de comunicar algo para alguém: as antenas de televisão, rádio e celulares.
(A imagem de abertura é uma pintura de Eduardo Dias ‘Vista de Florianópolis’, reproduzida no livro “Florianópolis, Memória Urbana”, de Eliane Veras da Veiga)
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