Os 130 anos da Liga Operária Beneficente – Clube do Centro tem a segunda biblioteca mais antiga da Capital
Neste 11 de janeiro um dos clubes mais tradicionais de Florianópolis completa 130 anos.
É a Liga Operária Beneficente, no centro histórico de Florianópolis, fundada em 1891 e que já viveu tempos de glória no século passado, quando chegou a ter 3 mil sócios, entre alfaiates, portuários, sapateiros e cocheiros.
Atualmente, congrega 200 sócios, a maioria jogadores de dominó que, antes da pandemia, se reuniam todas as tardes no 1º andar do prédio da esquina das ruas Tiradentes e Nunes Machado, a 100 metros da Praça XV.
Nestes tempos de coronavírus, alguns poucos sócios ainda frequentam o local para se distrair ao som do tilintar das pedras de dominó.
Biblioteca tem 124 anos
O clube tinha como objetivo a promoção da assistência social, cultural e recreativa da população.
Por isso, seis anos depois da fundação, em 1897, foi criada uma biblioteca, a segunda mais antiga em atividade de Florianópolis (a primeira é a Biblioteca Pública do Estado, fundada em 1854).
O local chegou a contar com 1,5 mil volumes, que ficavam à disposição dos associados.
De acordo com o bibliotecônomo Alzemi Machado, no artigo “Liga Operária Beneficente de Florianópolis: nascimento e morte de uma biblioteca popular”, o acervo era constituído pela aquisição de exemplares e também por doações.
Havia uma enorme variedade de gêneros, como “romances, poesias, didáticos, técnicos, teses, revistas, dicionários e enciclopédias em vários idiomas, encadernadas em capa dura e lombada em couro gravada”.
A biblioteca sempre foi muito procurada pelos seus associados, principalmente a partir de 1935, quando foi inaugurada a sede social na Rua Tiradentes Nº 22, numa edificação de dois pavimentos, ficando localizada no 1° piso, juntamente com o salão principal.
Governadores frequentavam o clube
“Era constante a presença de estudantes, professores, donas de casa, e até mesmo de figuras pertencentes à classe política, como os governadores Celso Ramos e Aderbal Ramos, e de pesquisadores como Hipólito do Vale Pereira, sendo que todos tinham cadeira cativa”.
Até 1993, a biblioteca chegou a ser procurada por alguns sócios, mas já entrava em decadência, até mesmo pela pouca renovação das obras literárias, explica Alzemi Machado.
Nessa época, o acervo descuidado e antigo, já acometido pelos “ataques de insetos como traças e cupins”, foi se perdendo até chegar a menos de uma centena nos dias de hoje.
Bibliotecário de 95 anos
Até o início de 2020, o responsável pelos poucos livros era Dionízio Luiz Colombi, de 95 anos.
Nas prateleiras, agora de tijolos, destacam-se mais os troféus dos campeonatos de dominó do que os livros remanescentes do século passado.
“Pouca gente procura o acervo, mas temos a esperança de que com doações possamos revitalizar o espaço”, afirmou Colombi, à reportagem do Floripa Centro, em 2019.
Assim, de uma maneira melancólica, foram minguando as atividades da segunda mais antiga biblioteca de Florianópolis, “e que possibilitou, como espaço cultural, a tentativa de democratizar o acesso a conhecimentos e informações às camadas populares da sociedade”, escreveu, no ano 2000, Alzemi Machado, no seu artigo para o mestrado em Educação e Cultura da Udesc.
(Texto e imagens atuais de Billy Culleton)
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