250 anos do Forte São Luís – Shopping desiste de construir praça estilizada na Beira Mar Norte
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Em 1771 foi construído o Forte de São Luís da Praia de Fora, com o objetivo de reforçar a segurança da então Vila de Nossa Senhora do Desterro.
A iniciativa ocorreu durante a gestão do governador Francisco de Souza de Menezes (1765-1775).
Mas 68 anos depois, em 2 de dezembro de 1839, a fortaleza, localizada na frente do atual Shopping Beiramar, foi à leilão, sendo vendida por um “preço menor do que valia a cantaria de seus portões”, segundo conta o historiador catarinense Oswaldo Rodrigues Cabral na obra ‘As Defesas da Ilha de Santa Catarina no Brasil-Colônia’.
O comprador tinha o compromisso de demolir a construção de 1771, no contexto da Revolução Farroupilha (1835-45), com o receio de que cidade caísse em poder dos revolucionários.
Após a demolição, a área ficou abandonada e, no início do século XIX, adaptou-se ali uma fonte pública, transformando o local em um largo, com área livre para montagens de feiras.
O terreno de 50 metros por 40 metros acabou nas mãos do Exército que, em 2018, o cedeu para a Prefeitura da Capital construir uma praça.
Em 2019, o Shopping Beiramar assinou convênio com o município para adotar o espaço e construir uma praça.
Antes de começar a obra, no entanto, seria feito um levantamento arqueológico para verificar os resquícios da antiga fortaleza.
E foi neste ponto que começaram as divergências: os estudos foram feitos apenas num espaço reduzido do terreno, sendo encontradas algumas peças antigas.
O caso foi parar na Justiça, com questionamentos sobre a abrangência e aprofundamento do levantamento arqueológico.
Recentemente, a Justiça Federal, em ação protocolada pelo Ministério Público Federal, suspendeu a construção da praça até que sejam feitos mais estudos arqueológicos no espaço público.
Em razão dessas incertezas, os proprietários do Beiramar comunicaram ao prefeito Gean Loureiro a desistência de adotar a área.
A informação é do colunista Fábio Gadotti, do Grupo ND+, nesta quarta-feira, 4.
Segundo a publicação, a decisão é motivada pela demora de autorização para início dos trabalhos.
“Em que pese defendermos a importância da preservação do patrimônio cultural e histórico da humanidade e a observância das leis, não podemos, sob pena de prejuízo a outros novos projetos que possamos ou pretendemos vir a assumir, ficar atrelados a um projeto ad aeternum, na expectativa da solução de demanda que independe da nossa vontade e cujo prazo para tal não há como ser aferido”, afirmam Waltinho Koerich e Antônio Carlos Scherer, diretores do shopping.
(A imagem de abertura é um mapa de 1777, do site fortalezas.org e que tem uma arte em vermelho do Floripa Centro, para ressaltar o Forte São Luís)
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