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Reportagens Especiais

Conheça os cinco melhores sebos do Centro da Capital – Alguns livros raros chegam a custar R$ 1,9 mil

Garimpar à caça de alguma preciosidade ou procurar um livro popular por um preço mais baixo.
É em meio às desorganizadas prateleiras dos sebos que pode se encontrar a obra tão procurada ou a leitura perdida.

A maioria das lojas de livros e revistas usadas do Centro da Capital encontra-se na Região Leste do bairro, num raio de 200 metros, entre as ruas João Pinto, Saldanha Marinho, Vitor Meirelles e Tiradentes.
Os sebos também comercializam discos de vinil, CDs e DVDs antigos.
Além de vender, todos utilizam o sistema de troca: o cliente leva dois exemplares e tem direito a um, do mesmo preço e padrão.

Os precursores da venda de livros usados em Florianópolis foram os irmãos Alírio e Tarcísio Eberhardt que, até a década de 1980, tinham uma banca de revistas, no entorno do Mercado Público, onde também vendiam obras de segunda mão.
Depois se mudaram para a Rua João Pinto, onde instalaram o Armazém do Livro, que foi vendido e fechado no final da década de 2000.

A seguir, mostramos cinco sebos que, pela tradição ou acervo, são referências para os amantes da literatura em Florianópolis.

IVETE SEBOS

Atendendo desde 1992, o sebo de Ivete Berri é o mais antigo em atividade na cidade.
São milhares de livros divididos em mais de 40 gêneros diferentes (como romances, autoajuda e biografias).

A pesquisa pela obra procurada é feita à maneira antiga, manualmente. “Nada de computador”, ressalta a blumenauense, uma das pioneiras no mercado de sebos em Florianópolis.

Ivete Berri faz o atendimento dos clientes junto com mais três funcionárias

Segundo ela, a característica principal de um sebo é que o cliente garimpe. “Às vezes, falta essa cultura de sebo e as pessoas querem achar a obra imediatamente”, explica Ivete.

Ela não sabe precisar a quantidade de livros que têm na loja, mas aponta para algumas preciosidades: uma réplica do caderno de anotações do inventor Leonardo da Vinci, que custa R$ 1,9 mil, e outro sobre Michelangelo, que sai por R$ 1,5 mil.

A obra Diário das Invenções, o livro mais raro e valioso do sebo da Ivete

Serviço: Rua João Pinto, 11 (48) 3025-1555

SEBO’S IMPÉRIO

É um dos sebos mais ecléticos e completos da cidade.
Com cerca de 100 mil livros, tem o maior acervo de Santa Catarina, segundo o site Estante Virtual. As obras estão distribuídas entre a loja na Avenida Hercílio Luz e o depósito.

Em quase três décadas de atividade, o comércio conseguiu se consolidar graças aos avanços tecnológicos que permitem vender para todo o país.
São quase 100 livros negociados por dia, metade deles pelo site Estante Virtual.
As obras estão todas catalogadas no computador, o que facilita a busca.

Serviço: Avenida Hercílio Luz, 906 (48) 3322-1621

SEBOS MAFALDA

O proprietário Antônio Ribeiro é o ‘herdeiro’ do primeiro sebo da cidade: o Armazém do Livro. Ele o comprou dos irmãos Eberhardt há uma década, mas acabou fechando por causa da crise, ficando apenas com uma segunda loja que tinha aberto na esquina das ruas Victor Meirelles e Saldanha Marinho.
Ribeiro conta com um acervo de 50 mil obras.
Em menor proporção, também comercializa antiguidades e pinturas.

Antiguidades e quadros também são comercializados no Sebo Mafalda

Serviço: Rua Victor Meirelles, 78 (48) 3225-6676

Elemental Livros Usados

É especializada em histórias em quadrinhos e mangás, com um acervo de milhares de itens.
Há sete anos no Centro (antes, a loja era em São José), comercializa ainda produtos colecionáveis, entre eles, os bonecos da Funko, além dos tradicionais livros e revistas usadas.

Elemental é referência na comercialização de bonecos da Funko

Serviço: Rua João Pinto, 207 (48) 3025-5513

Desterrados – Fotografia, Literatura e Arte

(Foto: arquivo pessoal/Desterrados)

Há dois anos, o fotógrafo profissional Tasso Cláudio Scherer decidiu abrir um local onde pudesse unir a sua paixão pela fotografia à literatura e arte em geral.

Em novembro, Tasso completa dois anos à frente da loja.

Assim, nasceu um novo conceito de espaço artístico: sebo, oficina e um ambiente de artes.
Além do acervo de 5 mil livros, vende-se fotos em quadros e cadernos artesanais.
A Desterrados também oferece diversos cursos como de cerâmica (há um forno à disposição), desenho e encadernação.

Curso de desenho na sobreloja da loja Desterrados

Serviço: Rua Tiradentes, 204 (48) 99162-9585

Outros sebos do Centro:
Sabor das Letras
Rua João Pinto, 219 (48) 3025-3537

Acervo das Letras
Rua Conselheiro Mafra, 675 (48) 3065-0968

Sebo Cia do Saber
Rua Fernando Machado, 140 (48) 99971-3225

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Atualidade

Combate a ligações clandestinas de esgoto no Centro – Prédio e comércio se adequam às normas para evitar lacre

A fiscalização do poder público para combater as ligações clandestinas de esgoto no Centro da Capital tem mostrado resultados positivos.
Nesta semana, um prédio e uma padaria que tinham sido autuados recentemente pelo lançamento de detritos na rede pluvial, voltaram a ser inspecionados pelos fiscais da Prefeitura de Florianópolis e da Casan.
A força tarefa constatou que os empreendimentos fizeram as adequações exigidas, regularizando a ligação à rede coletora.

Fiscais conferem saída de esgoto em prédio na Rua Arno Hoeschel, perto da Beira Mar Norte (Foto Diego Berselli/Divulgação)

Num outro edifício, os testes realizados pela equipe técnica se mostraram inconclusivos, não sendo possível identificar se havia descarte irregular de esgoto. Por conta disso, o local será vistoriado novamente na próxima semana.

A Blitz Se Liga Na Rede foi realizada nos dias 29 e 30 de outubro em três bairros da Capital: Centro, Balneário e José Mendes.
O caso mais grave, que resultará em lacre, foi encontrado no bairro José Mendes. Um conjunto de seis casas na Rua José Maria da Luz lançava esgoto diretamente no mar. Além de receber auto de infração da Floram, o local terá a sua ligação clandestina lacrada pela Prefeitura.

Blitz também aconteceu no bairro José Mendes (Foto Diego Berselli/Divulgação)

Em outra residência, localizada na mesma rua, foi encontrada uma fossa e sumidouro ainda ativos e a máquina de lavar com saída de água no terreno aos fundos.
Nesse caso, a Vigilância em Saúde notificou os moradores para que façam a adequação do sistema.

O programa
A Blitz Se Liga Na Rede é uma força-tarefa da Prefeitura Municipal de Florianópolis e da Casan, por meio do Grupo Sanear Floripa.
O grupo foi criado com o objetivo de fiscalizar ligações irregulares de esgoto que causem prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública.

Com ações semanais realizadas desde outubro de 2018, já forma inspecionadas dezenas de residências, imóveis comerciais, shopping center, hotéis, restaurantes, pousadas, condomínios e edifícios em mais de 30 localidades de Florianópolis.
Os locais que recebem a Blitz são definidos previamente a partir de solicitações da Justiça, em imóveis com histórico de denúncias e que oferecem graves riscos e ameaças.

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Agendas

Desenhistas amadores percorrem ruas do Centro retratando as particularidades do cotidiano

Dezenas de pessoas das mais variadas idades e profissões decidiram sair às ruas para mostrar detalhes de uma cidade em constante movimento.
A partir do olhar de cada um, sem técnicas específicas nem ajuda profissional, desenharam prédios e transeuntes, criando registros únicos.

Os 29 artistas são participantes do Urban Sketchers Florianópolis, um movimento mundial que estimula ‘mostrar o mundo, um desenho por vez’.
Os desenhos que desvendam particularidades da Capital em lápis, aquarela e outras técnicas, estarão na exposição “Ilha em linhas – Os desenhos do Urban Sketchers Florianópolis”, no Centro Integrado de Cultura (CIC), de 6 a 27 de novembro.
Além dos tradicionais cartões postais da cidade, também aparecem os cenários do cotidiano de vários bairros de Florianópolis.


O movimento foi iniciado em 2007, nos Estados Unidos, pelo jornalista e ilustrador espanhol Gabriel Campanario.
Atualmente, há grupos espalhados por 300 cidades do mundo. O Brasil tem 49 grupos, um deles em Florianópolis.

Confira alguns desenhos do Centro:

Casarios da Rua Esteves Júnior (Joni Coelho)
Escola Silveira de Souza, na Rua Alves de Brito (Audrey Laus)
Visão do Centro (Suely Carrião)

(As informações e fotos são da Revista Área – Arquitetura e Design da Região Sul)

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Histórias do Centro

Entre 1760 e 1971 – Como eram os pomposos jantares e bailes no Palácio do Governo, atual Museu Histórico de SC

Por Billy Culleton

O Palácio do Governo, construído em meados do século 18, sempre foi palco de acontecimentos políticos.
Mas também de festividades. Seja por datas comemorativas, por visitas ilustres, homenagens ou atos de inauguração, o atual Palácio Cruz e Sousa, no Centro da Capital, presenciou inúmeras cerimônias, impulsionadas pelas relações políticas e sociais dos chefes de governo.

Uma das primeiras festas registradas no prédio, que era sede do governo e residência oficial do governador, remonta à década de 1760.
Foi oferecida pelo então presidente da província de Santa Catarina, Cardoso de Menezes, aos oficiais franceses da expedição marítima de Bougainville, que fez a volta ao mundo descobrindo novos lugares, além de catalogar plantas e animais.

Após o jantar, houve um grande baile. O historiador Osvaldo Rodrigues Cabral, no livro a “História de Santa Catarina”, fez o seguinte registro: “Numa festa oferecida na Casa de Governo estiveram presentes as senhoras, que se mostraram, para surpresa dos visitantes, bastante desembaraçadas e gentis”.

Imagem: Arte Neli Neto

Já Afonso de Taunay, na obra “Santa Catarina nos anos primevos”, comenta sobre o mesmo acontecimento: “Houve baile que decorreu muito animado, até altas horas, em perfeita liberdade de modos entre damas e cavalheiros”.

Algumas festas do século 19 são registradas pelos periódicos da época. Como o baile oferecido, em janeiro de 1884, pelo presidente da província, Francisco Luiz da Gama Rosa, em homenagem ao Príncipe Dom Augusto, neto de Dom Pedro II.
Rodeados de móveis ao estilo Dom João V, os convidados puderam desfrutar do som de violinos e do piano existente no Palácio, além de uma caixa de música alemã, estilo art nouveau.

Mas segundo o Correio da Tarde, a festa para o jovem Dom Augusto foi um fiasco completo e total. “A começar porque Gama Rosa por desafeição política e pessoal, não convidou pessoas cuja presença, em função do cargo que ocupavam e da sua posição social, não podiam ser esquecidas”.

Menu requintado
Além dos bailes, os jantares no Palácio buscavam oferecer uma gastronomia requintada para a época.
Um exemplo disso foi, em 1938, durante homenagem do interventor federal em Santa Catarina, Nereu Ramos, ao general comandante da 5ª Região Militar, José Meira Vasconcelos.

No menu impresso, cujo original se encontra no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa, é possível verificar as seguintes opções:

Entradas:
– Mayonnaise de Camarão
– Creme de Aspargos
Pratos principais:
– Peru à Brasileira
– Salada Russa
– Filet à Pompadour
Sobremesas:
– Pécegos do Pais em compota
– Pudim Gabinete
Bebidas:
– Café, vinhos, licores, champagne (também foram oferecidos charutos)

Uma das últimas festas no Palácio, foi oferecida pelo governador Colombo Salles em comemoração ao Dia da Independência, em 7 de setembro de 1971.
Na ocasião, recebeu o mundo oficial e a alta sociedade do Estado para um jantar, com direito a louça inglesa, similar à usada pela monarquia britânica.

Os convidados puderam apreciar o trabalho de marchetaria com influência portuguesa nos assoalhos, as pinturas nas paredes, os detalhes em gesso no teto e o vitral em estilo art-nouveau da sala de jantar.

O colunista Zury Machado, estampou a seguinte nota no jornal O Estado, de 9 de setembro de 1971, com uma foto do governador dançando com sua esposa Daisy:

Os vestidos longos usados pelas lindas e elegantes mulheres, e os smokings, deixando os cavalheiros não menos elegantes, deram à recepção, a chamada noite de classe, bom gosto e elegância.
Os salões muito bem decorados, com cravos vermelhos e rosas também vermelhas, a boa música do trio Band Show e o jantar, excelente, serviço da equipe Manolo’s, agradou plenamente aos convidados do Governador do Estado e Senhora Colombo Machado Salles. A Primeira Dama do Estado, usando modelo em crepe marrom com suave bordado em ouro, melhor realçou sua elegância”.

Assim, após mais de dois séculos de luxuosas festas, incluindo suntuosos jantares e bailes de gala, no final da década de 1970, iniciou-se uma grande reforma no Palácio e, em 1984, a sede do governo passou a ser na Praça dos Três Poderes.
Duas décadas antes, em 1956, a residência oficial do governador tinha sido transferida para o Palácio da Agronômica, na Avenida Beira Mar Norte.

Após as obras, em 1979, o imóvel foi denominado Palácio Cruz e Sousa e cinco anos mais tarde passou a sediar o Museu Histórico de Santa Catarina, onde o mobiliário, os utensílios, vitrais e obras de arte podem ser admirados em perfeito estado de conservação.

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Atualidade

Maioria dos argentinos em Florianópolis votou em Maurício Macri para presidente

Se dependesse dos argentinos residentes em Santa Catarina, Mauricio Macri teria mais quatro anos na presidência do país vizinho.
Exatos 297 ‘hermanos’ votaram no consulado argentino, no Centro de Florianópolis, neste domingo, 27: 266 de forma presencial e 31, pelos Correios.

Maurício Macri obteve 183 votos (62%), seguido por Alberto Fernández com 93 votos (31%). Roberto Lavagna ficou em terceiro lugar com oito votos (2%).


As cédulas impressas permitiam apenas a escolha do presidente e das listas fechadas para deputados nacionais (federais).

Cerca de 1,4 mil argentinos tinham direito a votar em Santa Catarina e só podiam fazê-lo no consulado na Capital.
A representação consular em Santa Catarina informou que tem o registro de 12 mil argentinos morando no Estado.
Estima-se, no entanto, que o número possa chegar a 18 mil, em razão de que muitos não estão registrados formalmente no consulado.

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Agendas

Festival Lula Livre reúne milhares de pessoas no Centro da Capital – Confira as fotos

Milhares de pessoas participaram do Festival Lula Livre, neste domingo, 27, no Centro de Florianópolis.
A manifestação, que começou no início da tarde e se estendeu até a noite, foi realizada na Praça Fernando Machado, ao lado da Praça XV.

Houve diversas apresentações musicais e discursos de lideranças de movimentos sociais.
As apresentações das cantoras Ana Cañas e Dandara Manoela foram as mais aclamadas pelo público, estimado em 5 mil pessoas, segundo a organização do evento.

O festival exigindo a liberdade de Lula aconteceu em diversas capitais do país e coincidiu com o aniversário de 74 anos do ex-presidente.

Lurian da Silva, filha de Lula, leu uma carta do pai para os manifestantes de Florianópolis
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Atualidade

União Catarinense de Estudantes terá que devolver ao Estado prédio no Centro, que ocupa desde 1957

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina determinou que a União Catarinense de Estudantes (UCE) desocupe um prédio público no Centro de Florianópolis e devolva o espaço ao Estado.
A decisão que autoriza a reintegração de posse, publicada nesta quinta-feira, 24, foi tomada após a Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina (PGE) demonstrar que a doação do imóvel teve desvio de finalidade, quando a entidade passou a alugar parte das salas a estabelecimentos comerciais. O prédio tem cerca de 700 metros quadrados e está avaliado em R$ 4 milhões.

Em 1957, o imóvel, localizado na Rua Álvaro de Carvalho, nos fundos da Biblioteca Pública, no Centro de Florianópolis, foi doado à UCE. Contudo, após o Estado ter ciência de que a entidade estava tentando permutar o imóvel com uma construtora para quitar dívidas tributárias municipais, vistorias foram feitas e detectaram o desvio de finalidade da doação.

Apesar de uma parte do espaço estar destinada à sede da associação, as outras salas foram alugadas para estabelecimentos como restaurante, lanchonete, loja de suplementos, academia e até uma agência dos Correios.

Sede da UCE, em sala nos fundos do imóvel reintegrado, encontrava-se fechada nesta sexta-feira pela manhã

O  Estado notificou extrajudicialmente a UCE, em 2017, para prestar esclarecimentos, mas nenhuma providência foi tomada.
Por isso, a PGE ingressou com ação de reintegração de posse no ano passado, alegando que, na própria lei que autorizou a doação, havia previsão expressa de que o imóvel seria devolvido ao patrimônio público em caso de desvio de finalidade.

O Estado defendeu no processo que o prédio poderia ser utilizado para a sede da entidade e para eventos organizados, patrocinados ou apoiados por ela, que tivessem relação com objetivos institucionais. Mas não poderia permitir que o imóvel público fosse explorado por estabelecimentos privados para fins comerciais.
A Justiça concordou com os argumentos do Estado e determinou a desocupação do imóvel. A entidade recorreu ao TJSC que manteve a decisão.

(Com informações da Assessoria de Imprensa da PGE/SC)

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Histórias do Centro

Nove décadas do Teatro da Ubro – Da exclusividade para a classe operária ao atual palco alternativo do Centro

Por Billy Culleton

O Teatro da União Beneficente Recreativa Operária (Ubro) foi idealizado por trabalhadores de baixa renda de Florianópolis na década de 1920.
Mas o local só abriu as portas em 1º de maio de 1931, Dia do Trabalhador, e até 1951 recebeu diversos espetáculos teatrais, cujo foco prioritário era o público ligado à classe operária.

Situado na escadaria da Rua Pedro Soares, que unia o antigo Centro de Florianópolis às chácaras das imediações, o sobrado possui arquitetura singela e características ecléticas do início do século 20.
Em 1922, trabalhadores de Florianópolis, já tinham fundado a União Beneficente e Recreativa Operária.

Cena do espetáculo Ave Maria no Morro, drama sacro de Deodósio Ortiga, encenado em 1949

“A entidade desenvolvia práticas políticas, alinhando-se ao operariado brasileiro na luta por direitos trabalhistas e na reivindicação da intervenção do Estado em questões como custo de vida e moradia operária”, afirma a pesquisadora da Udesc Vera Collaço, em artigo intitulado “Dos bastidores ao palco: a prática teatral da União Operária”.

Teatro também era palco de palestras e debates sobre as reivindicações sociais da classe operária

Segundo ela, o teatro servia como veículo de confraternização e de estimulo ao encontro da família operária em torno de um lazer “sadio”.
E, ao mesmo tempo, proporcionava aos trabalhadores de Florianópolis momentos de reflexão sobre valores, hábitos e comportamentos.

Assim, por duas décadas, o prédio abrigou um grupo de teatro dirigido por Deodósio Ortiga, que apresentava as mais variadas peças para os operários da cidade.

O Nº 5 é Deodósio, representando um caipira, numa peça que mistura show e esquete cômico

Vera Collaço traça um perfil sobre as atividades desenvolvidas até a década de 1950.
“O público era constituído por famílias, inclusive com a presença de crianças muito pequenas. Fato justificado pela moralidade dos espetáculos ali apresentados, espetáculos que a imprensa local denominava como “familiares” e morais. Os homens aparecem engravatados, e as mulheres bem vestidas, ou seja, apesar das dificuldades enfrentadas pelos baixos salários, os trabalhadores, certamente com grande esforço, procuravam apresentar-se com dignidade nos seus eventos públicos.”

Inclusive, em datas especiais, o grupo teatral também realizava ‘matinée’, nos domingos à tarde, especificamente, para as crianças.

Porém, em 1951, com a morte do diretor, o grupo teatral mantenedor da casa de espetáculos foi desmantelado e se dissolveu.

Na época, a Ubro tinha cerca de 600 associados, que utilizavam o espaço para o entretenimento de salão e também mantinham uma biblioteca com mais de 800 livros.

Recuperação
A partir de 1955, o imóvel foi gradativamente desativado vindo a ruir na década de 1990, restando apenas sua fachada original.
Após ficar fechado por quatro décadas, o espaço foi recuperado e cedido à Fundação Cultural Franklin Cascaes.
Totalmente revitalizado, o teatro foi reinaugurado em 3 de outubro de 2001, contando com um auditório de 94 lugares, camarins, banheiros, salas de administração e de oficinas.

Em 2006, o espaço ganhou equipamentos de iluminação, sonorização e climatização, além de um piano armário Essenfelder, fabricado em 1994.

Atualmente, uma variada programação mensal é realizada no local, e a pauta de eventos é definida mediante agendamento prévio.
Com a reabertura, a população de Florianópolis passou a contar com mais um local para apresentações de espetáculos, ensaios e laboratório de pequenas companhias de teatro, dança e música.

Curiosidades *
– Na inauguração do teatro, em 1º de maio de 1931, foi levada à cena a comédia “Manda quem Pode”, de Ary Barroso.

– Todos os membros do grupo teatral da União Operária eram provenientes da classe trabalhadora de Florianópolis.

– O teatro operário era realizado por amadores, que a ele se dedicavam por prazer, sem ter neste empreendimento uma forma de recompensa financeira. Todos possuíam outra profissão ou atividade que lhes garantia a sobrevivência econômica.

* Informações extraídas do artigo “Dos bastidores ao palco: a prática teatral da União Operária”, de Vera Collaço.

– As fotos desta reportagem são do acervo da Fundação Franklin Cascaes

Confira esta reportagem relacionada: Liga Operária Beneficente – Clube do Centro, fundado em 1891, tem a segunda biblioteca mais antiga de Florianópolis 

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“Balança, Bruxa!” – Musical inspirado na obra de Franklin Cascaes terá apresentação gratuita no Centro

O espetáculo musical “Balança, Bruxa!”, história inspirada nos contos de Franklin Cascaes, poderá ser conferido no Teatro Álvaro de Carvalho, no sábado, 26, em duas sessões: às 18h e às 20h.
O musical se baseia no conto “Balanço Bruxólico”, no qual uma bruxa se balança no alto de uma árvore no morro da Lagoa.

Nesta nova interpretação, a bruxa não é uma vilã, mas uma metáfora sobre a liberdade em meio à imposição dos ritos e tradições.
A peça mostra um novo olhar sobre o mundo fantástico criado pelo artista catarinense, assim como aos tradicionais elementos da cultura ilhoa, como o cerco das tainhas, a renda de bilro, o costume da benzedura e a festa do Divino Espírito Santo.

O espetáculo é gratuito porque foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura da Prefeitura de Florianópolis.
Serão apresentadas algumas das consagradas canções regionais em releituras melódicas originais.

Entre elas, estão o “Rancho de Amor à Ilha”, de Zininho, e “Itaguaçu”, de Luiz Henrique Rosa, além de quatro canções totalmente inéditas: “Cultivar”, “Divina”, “Essa Saudade” e a música tema “Balança, Bruxa!”.

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Noivos da Capital são indenizados por cerimonialista que estragou casamento com discurso inadequado

A cena é quase surreal. Durante o casamento, na frente dos noivos e dos convidados, a cerimonialista enumera os defeitos do casal, esquece o nome deles, tropeça diversas vezes na língua portuguesa, dá lições de moral aparentemente sem sentido e, para arrematar, sugere que todos joguem no bicho.

Ela foi contratada para organizar e discursar na cerimônia, realizada em Florianópolis no dia 12 de setembro de 2015.

Ao analisar o caso, o titular do 2º Juizado Especial Cível da comarca da Capital determinou que a empresa – da qual a cerimonialista é funcionária – pague indenização ao casal por danos morais.

Dias antes do matrimônio, os noivos preencheram um formulário detalhado com tudo o que gostariam que a profissional falasse durante o evento. No entanto, conforme os autos, ela ignorou a maior parte das informações, disse o que quis e como quis durante 35 minutos. O discurso foi gravado na íntegra.

Os noivos usaram o serviço “Reclame Aqui” para narrar o que aconteceu. A empresa não gostou das reclamações e acionou a Justiça de São Paulo. A ação foi julgada improcedente, mas teria custado aos recém-casados R$ 5 mil em deslocamento. Diante do desgaste, o casal ingressou na Justiça com pedido de indenização por danos morais e materiais.

“Este juízo escutou os áudios”, escreveu o magistrado responsável pelo caso, “e a cerimonialista, em vez de dizer Carta aos Coríntios, disse ‘Carta aos Corinthians‘, agradeceu ‘aos convidado‘ e falou: ‘as pessoas que gostam de bege são sensíveis e sonhadora‘”, entre outras coisas que atentam contra a língua e a lógica.

Os erros de português proferidos pela profissional e as lições de moral, pontuou o magistrado, não são capazes de gerar indenização. Porém, acrescentou, ao falar dos supostos defeitos dos noivos, a cerimonialista foi inconveniente, inadequada e causou abalo anímico. “Neste ponto, a indenização se faz necessária”, e determinou que a empresa pague aos noivos R$ 3 mil pelos danos morais.

Entre outras coisas, a responsável pelo cerimonial disse que “a noiva nunca está satisfeita. Ela troca de roupa cinco vezes antes de sair e no fim não gosta do vestido escolhido, para ela está sempre faltando alguma coisa“. Ela teria dito ainda que “o noivo é bagunceiro e dorminhoco e usa cinco camisetas por dia. No fim da semana, são cinco cestos de roupa para lavar“. Ao perceber a repetição do número cinco, aconselhou: “Joguem no bicho, vai dar.”

No resto, concluiu o magistrado, o serviço foi realizado e não se justificaria a rescisão do contrato nem a restituição dos valores pagos. O magistrado afastou o pedido de restituição dos R$ 5 mil referentes às viagens a São Paulo, “porque elas não estão relacionadas ao presente caso, mas são originárias de uma ação distinta”. Para ele, não há prova de que a ré, autora naquele processo, agiu de má-fé ou tenha se valido de expediente ardiloso.

(As informações são da Assessoria de Comunicação da TJ/SC)

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Mulheres tentam muito, mas homens morrem mais – Confira as cidades de SC com maior número de suicídios

Nos últimos dois anos, a Capital, onde moram 500 mil pessoas, registrou seis suicídios a cada 100 mil habitantes, índice similar ao de todo o Brasil.
Em 2018, foram 28 casos. E até setembro deste ano, 20 (numa conta simples, poderá chegar a 30 até o final de dezembro).
Já em 2017 houve 45 suicídios na Capital.

Os 20 casos deste ano colocam Florianópolis no terceiro lugar entre as cidades catarinense com maior número de suicídios.
Joinville lidera com 28 mortes autoprovocadas, seguida por Blumenau com 24.

Três vezes mais casos entre homens do que mulheres
Os dados divulgados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), órgão ligado à Secretaria Estadual da Saúde, mostram que em Santa Catarina, o índice de suicídio de homens é três vezes superior que o de mulheres.
Até agosto deste ano, dos 478 casos no Estado, 374, eram do sexo masculino e 104, feminino.

Por outro lado, o número de mulheres que tentam suicídio é o dobro que dos homens: no mesmo período, foram 2.466 contra 1.129.

No Brasil, na contramão do que acontece no mundo, houve aumento de mortes autoprovocadas na última década. Segundo recente pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a taxa de suicídio entre jovens entre 10 e 19 anos foi a que mais aumentou: 24%.

Tentativa de suicídio na Ponte Hercílio Luz, em maio, foi abortada pelos bombeiros (Billy Culleton)

O estudo mostra que níveis mais altos de desemprego foram associados a maiores taxas de suicídio. “Sentimentos de desesperança e inutilidade, que frequentemente ocorrem em quadros depressivos, são frequentemente vistos como mecanismos psicológicos desencadeantes do comportamento suicida. Esses mesmos sentimentos parecem muito prevalentes na geração de jovens desalentados, sem propósitos claros, que nem trabalham nem estudam”, analisa o psiquiatra da Unifesp Elson Asevedo.

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Personagens do Centro – Vadinho e Luiza: há 43 anos sustentando a família com a venda de banana e mandioca

Manter uma família com quatro filhos com uma pequena banca onde se vende somente banana e farinha de mandioca parece ser uma tarefa difícil para qualquer um.
Mas não para o casal Luiza, 70, e Osvaldo Martins, 74, que há 43 anos marcam ponto numa das feiras de rua do Centro de Florianópolis.
Todas as terças-feiras eles saem de Biguaçu de madrugada e instalam a banca às 6h, na Rua Francisco Tolentino, ao lado do Camelódromo.
Os produtos à venda são produzidos no sítio deles em Três Riachos, interior do município da Grande Florianópolis.

“A venda ambulante nos possibilitou criar os filhos e ter uma vida razoável. É trabalhoso, mas estou acostumado, já que trabalho na roça desde criança”, conta Vadinho, como é conhecido pela clientela, cuja fidelidade pode ser comprovada constantemente.

Apesar das poucas opções de produtos (em menor escala, o casal também vende feijão e banha de porco), a movimentação é constante. “Um pacote de farinha branquinha, por favor”, pede Zezinho, do antigo bar no Mercado Público. “Me vê algumas bananas, seu Vadinho”, diz uma senhora de uns 75 anos.

Seu Zezinho é um dos fiéis clientes da banca

Tudo é pesado na antiga balança de metal que usa pesos de ferro.

Casados há 54 anos, Vadinho e Luiza também têm uma loja de sapatos no Centro de Biguaçu, que agora está sob a responsabilidade de uma das filhas.
Além do Centro, o casal ainda marca presença na feira do Estreito, às quintas-feiras.

Nos demais dias, o aposentado Vadinho se dedica às atividades no sítio, como cuidar das plantações. E a cada duas semanas ele faz uma fornada de farinha de mandioca que rende cerca de 320 kilos.
“Gosto desta vida e quero continuar trabalhando assim até que Deus deixe”, diz este ‘colono da cepa’, com seu largo sorriso.

Feirantes querem ficar no novo local
Tradicionalmente, a feira de hortifrutigranjeiros estava instalada na Praça Fernando Machado nas terças, quartas e sextas-feiras.
No mês passado, por causa da estrutura montada para a Fenaostra, os ambulantes foram transferidos provisoriamente para a Rua Francisco Tolentino, ao lado do Camelódromo, perto do Mercado Público.
Como as vendas são melhores neste novo local, agora os feirantes tentam negociar com a prefeitura para ficar ali.

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