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Reportagens Especiais

Piso metálico deteriorado – Ponte Hercílio Luz sofre com as 6 mil travessias mensais de ônibus

A Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, está tendo um desgaste inesperado, há pouco mais de 18 meses de sua reabertura.
O principal motivo?
As 6 mil travessias mensais realizadas pelos ônibus urbanos.

São 253 viagens diárias  entre o Continente e a Ilha, realizadas (nos dias úteis) por veículos que pesam, em média, 20 toneladas.

O desgaste pode ser conferido no piso metálico da ‘Velha Senhora’.
O gradil apresenta dezenas de pequenas rupturas.

A grande maioria dessas gretas está na pista que liga o Continente à Ilha: é nessa via que circulam 90% dos ônibus.
No retorno para a área continental os coletivos utilizam a Ponte Colombo Salles, por uma questão de facilidade de acesso desde o Terminal de Integração do Centro (Ticen).

A reportagem do Floripa Centro percorreu a Ponte num final de semana, quando é exclusiva para pedestres e ciclistas, e contou pelo menos 25 falhas nos gradis.
Apenas duas, na via em direção ao Continente.

A empresa Teixeira Duarte, responsável pela reforma, ainda mantém funcionários que fazem os reparos no piso.
Nos finais de semana, eles repõem e soldam os pequenos pedaços de metal que vão se soltando e caem no mar.

O remendo fica aparecendo, por ser feito com solda e pintado novamente, ficando levemente diferente à cor original do piso.

A Ponte foi reinaugurada em 30 de dezembro de 2019.
Os primeiros ônibus começaram a circular em 27 de janeiro de 2020 e, gradualmente, houve um aumento das linhas, até atingir, atualmente, 253 horários, conforme informações repassadas pela Prefeitura de Florianópolis.

Confira vídeo, com o resumo da notícia:

O que diz a Prefeitura
O Floripa Centro questionou a Prefeitura sobre eventual estudo que mostrasse a capacidade máxima de peso que suportam os gradis e/ou sobre o desgaste que eles podem sofrer.
A resposta, por meio da assessoria de imprensa, foi que essa avaliação seria competência da Secretaria Estadual de Infraestrutura, responsável pela Ponte.
A partir desses dados, segundo a administração municipal, poderia ser tomada uma decisão conjunta sobre a passagem dos ônibus.

Neste registro é possível ver os ‘ferrinhos’ desgastados, retorcidos, antes de se desprender do gradil

O que diz o Estado
O Floripa Centro enviou as seguintes perguntas para a Secretaria Estadual de Infraestrutura (SIE).
Confira as respostas enviadas por meio da assessoria de imprensa:

1 – Essas rupturas do gradil estavam previstas quando liberaram os ônibus que pesam 20 toneladas cada um?
Não há uma relação entre a liberação do transporte e as necessidades de manutenção. A manutenção será realizada, pontualmente, nos locais onde houver necessidade.

2 – O piso tem resistência para suportar a passagem de 6 mil ônibus por mês? Como é mensurada essa resistência dos gradis metálicos?
O material possui resistência. Para verificar essa situação foram realizados vários testes durante obra, como por exemplo, os testes de carga realizados no decorrer dos serviços. Os materiais utilizados na execução da Ponte Hercílio Luz passaram por uma validação e aprovação. Os aços das barras de olhal, por exemplo, foram desenvolvidos especialmente para a estrutura da ponte, com fiscalização e acompanhamento de técnicos e engenheiros.

3 – Atualmente, a manutenção é feita pela Teixeira Duarte, até quando a empresa fará a manutenção? Quem assumirá essa função depois?
Atualmente a manutenção é realizada pela empresa Teixeira Duarte. Enquanto a obra não for definitivamente entregue, a responsabilidade segue sendo da empresa. A necessidade de manutenção já foi constatada pela equipe de fiscalização da SIE, durante a inspeção que ocorre antes da entrega da obra.
O contrato será finalizado após a conclusão da manutenção e dos ajustes exigidos pela fiscalização da SIE.
A SIE deve lançar, em julho, o edital de licitação para a manutenção da estrutura.

4 – Existem peças de reposição, caso seja necessária a troca de alguma placa desse piso metálico?
Cada tabuleiro possui uma especificação técnica. A reposição de cada um deles também estará no contrato de manutenção da ponte.

Vantagens e desvantagens do gradil, segundo a UFSC
Uma pesquisa feita pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2019, aponta que a adoção de gradis metálicos na Ponte Hercílio Luz foi feita, principalmente, por ser mais econômica.
Mas também aponta outras vantagens (confira abaixo).

Outra alternativa seria a colocação de placas metálicas, com adição de dermasfalt em cima, presentes na Ponte Pedro Ivo Campos, escreveu Victoria Prudêncio de Campos Lobo, no estudo “Execução da superfície de rolamento da Ponte Hercílio Luz com gradis metálicos”.

Confira as principais conclusões da pesquisa da UFSC:

Vantagens
— “Entre as vantagens dos gradis está a facilidade da manutenção em comparação ao asfalto.”

— “Como as peças têm instalação independente umas das outras, caso haja um problema em alguma delas ou na estrutura inferior da ponte, é possível realizar a troca ou retirada de apenas uma unidade, ao invés de mobilizar uma grande área para a manutenção.”

— “A adoção dos gradis em detrimento do pavimento tradicional asfáltico, pelo fato de a malha ser aberta, dispensa o projeto de drenagem, a qual acontece com a água escorrendo entre as aberturas do gradil.”

— “Além disso, a lavagem da ponte é necessária com menos frequência do que em uma ponte com pavimentação tradicional, visto que a chuva retira impurezas da superfície de forma natural.”

Características do gradil
— “Segundo Marangoni/Meiser, empresa fabricante das grades metálicas utilizadas como superfície de rolamento na Ponte Hercílio Luz, as placas de gradil foram fabricadas pelo processo de prensagem das barras secundárias nas barras principais para o vão central pênsil e para ambos os viadutos de acesso da ponte.”

— “A malha é formada por furos de 50mmx35mm. Há variações de tamanhos das peças de gradil e, em decorrência disso, o peso é variável. O peso médio das placas é de 290kg.

— “As grades, segundo a Teixeira Duarte, têm o mesmo comprimento de 2245mm, com exceção daquelas nas regiões curvas, as quais têm o comprimento variável em sua extensão. A largura, porém, é variável de acordo com a disposição das grades no tabuleiro devido à geometria da estrutura metálica da ponte, que possui duas curvas, uma na entrada insular e outra na entrada continental,

— “As peças foram compradas prontas a partir de Meiser/Marangoni e foram fabricadas conforme os projetos da Teixeira Duarte e as normas internacionais RAL – GZ 638 Estruturas Gradeadas de RAL Deutsches Institut für Gütesicherung und Kennzeichnung e.V. (Instituto Alemão para a Garantia de Qualidade e Identificação) e ASTM 572”.

Carga suportada
— “A carga é determinada com base no tráfego que passa na BR-101, que deve ser o mesmo que a Ponte Hercílio Luz estará apta a receber.”

Substituição do gradil
— “Serão mantidas algumas placas extras para o caso da necessidade de substituição. Porém, devido à diferença de geometria dos gradis é necessário que a peça a ser substituída tenha a mesma geometria da nova e, portanto, a necessidade de um estoque de alguns tipos de peças.”

— “A manutenção dessa técnica é uma das grandes vantagens da utilização de gradis metálicos: caso haja problema em uma das placas de gradil ou em alguma parte da ponte inferior à pista de rolamento, a troca ou retirada da placa pode ser feita apenas com o uso de um guindaste e algumas ferramentas e, após finalizado o serviço, é recolocada outra placa de gradil no lugar – isso torna a manutenção mais rápida e simples.”

— “Dada a especificidade das placas, se ocorrer um problema em uma quantidade maior de gradis de um tipo específico do que aquela armazenada, a manutenção terá de esperar até a chegada de uma nova placa e, dependendo do dano, a ponte deverá ser interditada para o conserto.”

Vibração e barulho
— “A utilização de gradis metálicos em pontes torna a experiência de dirigir pouco confortável devido ao barulho e vibração, além de possíveis problemas de deslizamento em dias de chuva.”

— “As reentrâncias nas barras principais garantem suficiente resistência pneupavimento e dificultam a derrapagem, mas o barulho e a vibração são superiores a um pavimento clássico de concreto.”

(Texto e fotos de Billy Culleton)

 

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Atualidade

Vídeos – Terceiro incêndio em sete meses alerta para a segurança das lojas no Centro Histórico de Florianópolis

Os cinco comércios que incendiaram na noite desta segunda-feira, 28, entre as ruas Conselheiro Mafra e Francisco Tolentino, no Centro da Capital, acenderam a luz amarela para a necessidade de prevenção e manutenção, que evitem esses sinistros numa região onde prevalecem edificações históricas.

É a terceira ocorrência em poucos meses na Conselheiro Mafra: em 30 de novembro, o fogo atingiu a loja Plumas e Paetês.
As chamas derreteram um cano de água, o que evitou que o incêndio se propagasse ainda mais.

Segundo uma funcionária, ouvida hoje pelo Floripa Centro, tudo começou por um curto circuito.

Bombeiros trabalhando na Loja Plumas e Paetês, em novembro

Em 16 de março, na mesma rua, porém, próximo do prédio da Alfândega, foi a vez da Loja Magazine Luiza.

O incêndio se originou no interior do estabelecimento, à tarde, e os Bombeiros conseguiram controlar as chamas rapidamente evitando maiores danos.

Roupas e vime
O incêndio desta noite atingiu três lojas na Conselheiro Mafra e duas na Francisco Tolentino, frente ao Camelódromo.
Quatro estabelecimentos vendiam confecções, e um, artigos de vime.

Os Bombeiros utilizaron 5 mil litros de água para apagar as chamas, após mais de três horas de trabalho árduo.

Nesta terça-feira, em conversa informal com comerciantes vizinhos às lojas incendiadas ontem, a maioria repetia que as chamas teriam se originado num aparelho de ar condicionado que ficou ligado ‘no quente’, numa das lojas atingidas.

“Esqueceram de desligar ao fechar o estabelecimento”, se limitavam a dizer, esclarecendo que apenas tinham ‘ouvido falar’ nessa versão.

Bombeiros não informam causa
Geralmente, as causas não são informadas pelos Bombeiros.

No início da manhã desta terça-feira, 29, a reportagem do Floripa Centro perguntou para a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina sobre o resultado das perícias feitas nos dois incêndios, ocorridos em novembro e março.

Embora tenham respondido que iriam apurar o questionamento, até a publicação desta matéria, às 15h, não houve retorno.

(As imagens são da Guarda Municipal de Florianópolis)

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Agendas

Poluição sonora – Prefeitura multa bares do Centro e disponibiliza formulário para denúncias on line

Com um aparelho portátil que identifica o nível de ruídos, fiscais da Prefeitura de Florianópolis registraram 20 infrações por poluição sonora em bares da região central da cidade.

Foram 17 notificações e três multas, durante o final de semana, em estabelecimentos próximos à Avenida Hercílio Luz, na parte Leste do Centro.

Um dos autos de infração foi para um food park que estava com o som a 78 decibéis, quando o máximo nesta área, à noite, é de 65 decibéis.
Uma pessoa que estava com uma caixa de som ligada em alto volume na Rua Anita Garibaldi também foi notificada.

A equipe de fiscalização contou com servidores da Floram, que atuaram em conjunto com a Guarda Municipal e a Polícia Militar.

“A fiscalização continuará coibindo a poluição sonora e conscientizando tanto donos de estabelecimentos quanto a população em geral de que existem regras para o uso de som”, explicou o chefe do Departamento de Controle de Emissões Sonoras, Dario Souza da Silva.

Como denunciar
A população pode contribuir com a fiscalização, denunciando por meio dos canais oficiais.
Pode ser pelo e-mail ouvidoria.floram@pmf.sc.gov.br
Ou pelo link http://bit.ly/denunciapoluicaosonora, onde constam as orientações e o formulário.

Zoneamento define limite
O nível de decibéis permitidos varia de acordo com o zoneamento da cidade.

As multas são para estabelecimentos que apresentem reincidência na irregularidade.

Nos demais casos, os autos simples de infração notificam por escrito orientando o estabelecimento sobre a impossibilidade de utilizar qualquer fonte sonora até regularizar o projeto de acústica do local.

“Os limites previstos em lei devem ser respeitados para que tenhamos um ambiente em que tanto as pessoas que pretendem se divertir quanto as que buscam descansar consigam conviver de forma harmônica”, salientou Dario Souza da Silva.

(Com informações e imagens da PMF)

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Histórias do Centro

Os 100 anos da Igreja Santo Antônio, um dos mais aconchegantes templos do Centro de Florianópolis

Por Billy Culleton
Uma chácara abandonada numa colina aprazível e ‘afastada’ da região central de Florianópolis foi o local escolhido pelos padres Franciscanos para construir, em 1921, a pequena e acolhedora Igreja Santo Antônio.
A descrição pode ser encontrada nos arquivos da Terceira Ordem do Franciscanos, ao se referir ao terreno adquirido da família Hoepcke, em 1908, quando os freis chegaram à cidade.

Em 1911, os frades Evaristo Schürmann e Ambrósio Johanning passaram a morar na nova residência, na Rua Padre Schuler, entre a Padre Roma e São Francisco.
Na sequência, ergueram uma capelinha provisória.
Uma década depois, em 10 de abril de 1921, conseguiram inaugurar a acolhedora igreja, próxima ao atual Supermercado Angeloni.

O local, ‘o mais pitoresco da cidade’, segundo os arquivos dos Franciscanos, tinha sido um antigo campo do sanguinário governador interventor em Santa Catarina Moreira César (1894-1898), morto em Canudos.
Os frades compraram uma área de 6,5 mil metros quadrados com duas casas, onde moraram por longos anos e instalaram a capela improvisada, que depois se transformou na bela capela dos dias atuais.

Paróquia
Em 30 de agosto de 1966, foi transformada em paróquia, por decreto arquiepiscopal assinado por Dom Afonso Niehues.

O seu território, totalmente desmembrado da Catedral Metropolitana, abrangia toda a “área de entrada da Ilha, pela Ponte Hercílio Luz”.

A paróquia, então, recebeu o nome de Santo Antônio, por ser este santo filho da ordem dos Franciscanos.
A abrangência também inclui as igrejas Nossa Senhora do Parto e São Francisco, além da capela do Colégio Catarinense.

Escola São José
Um dos objetivos iniciais dos Franciscanos ao se instalarem em Florianópolis era construir uma escola, sonho que se concretizou em 15 de junho de 1915, quando foi inaugurada a Escola São José, na frente da então capela.

Nesta época, o padre Luís Schuler e Frei Evaristo Schuermann, lançaram as bases do que viria a ser o Grupo Escolar São José, naquele tempo, o maior do Estado, com mais de 1,1 mil alunos.
Com o falecimento de Frei Evaristo Schuermann em 1939, a escola gratuita foi transformada em Grupo Escolar para alunos de ambos os sexos e foi entregue a um diretor secular.

O colégio foi criado pelo bispo de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira (1868-1967), para atender crianças carentes.

Os freis Franciscanos dirigiam a primeira escola laica do Estado: a igreja construiu e o Estado doou terreno.

Desde o começo, os Franciscanos haviam trabalhado na escola.
Distribuíam não apenas calçados e cadernos aos inúmeros alunos carentes, como ainda lecionavam no Instituto de Educação e no Colégio Coração de Jesus.

Em 1925, faleceram estes dois apóstolos, engajados na causa educacional: monsenhor Francisco Topp e o padre Luís Schuler.
Frei Evaristo tornou-se o herdeiro de ambos: foi nomeado Vigário Geral da Diocese e diretor da Escola Gratuita de São José.

Décadas depois, após ampla reforma, o prédio da Escola São José foi alugada para a iniciativa privada.

Após uma ampla reforma, na década de 1990 a antiga escola abrigou a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e, atualmente, o Colégio Tendência.

(Esta reportagem foi feita a partir de pesquisa nos seguintes fontes: franciscanos, na Revista Vida Franciscana (1964), texto de Frei Querubim Engel, na obra datilografada pelo Frei Oswaldo Furlan, em 1975 (disponíveis na secretaria da paróquia) e nos arquivos da Igreja Santo Antônio.  As imagens históricas são acervo da Igreja Santo Antônio. As atuais, de Billy Culleton)

 

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Atualidade

Milagre – Carro sem motorista desce rua no Centro, bate em muro e capota, mas não há vítimas

Um morador da Rua General Vieira da Rosa, no Monte Serrat, na região central de Florianópolis, estacionou o carro na frente de sua residência e entrou para almoçar.
Instantes depois, ouviu um forte estrondo.

Confira o vídeo:

Quando saiu para conferir, viu seu Fiat Linea capotado no meio da rua.

Sem o freio de mão puxado, o veículo, desgovernado, desceu a via, bateu num muro e ficou com as quatro rodas para cima.

Não houve vítimas e nenhum outro carro foi atingido.

(Com informações e imagens da Guarda Municipal)

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Reportagens Especiais

Protegido por 15 cadeados – O fim de um tradicional boteco raiz do Centro de Florianópolis

Por Pablo Salvador (Especial para o Floripa Centro)
A higiene nunca foi o forte do Bar do Petit, mas isso não era empecilho para seus poucos frequentadores.
O local, numa edificação histórica na Avenida Mauro Ramos, na subida para o Hospital de Caridade, só oferecia bebidas baratas, cigarros e poucas opções de alimentação, como ovo cozido em conserva e salgadinhos embalados, alguns de marcas duvidosas.

Seu Antônio atrás do balcão só vendia a dinheiro, nada de cartão (Pablo Salvador)

O setuagenário dono do boteco, Seu Antônio, manezinho do Estreito, tinha o perfil dos antigos bodegueiros: roupas desalinhadas, de poucas palavras e cara fechada.
Assim, conseguia lidar com a escassa clientela, muitas vezes também sisuda, que foi espantada definitivamente com a pandemia.

Nos últimos meses, tentou atrair fregueses colocando uns banquinhos desgastados na calçada ‘para evitar o contagio’.
Mas foi em vão.

Uma cadeira de plástico e um banco na calçada como último esforço para atrair a clientela

O espaço também servia como depósito para os vendedores ambulantes da região central de Florianópolis.
Ali passavam a noite diversos carrinhos: de pipoca, milho cozido ou picolé e que eram retirados pela manhã pelos abnegados trabalhadores, muitos dos quais já aproveitavam para tomar a primeira antes da labuta.

Depósito dos badulaques de vendedores ambulantes (Pablo Salvador)

Na semana passada, sem aviso prévio, as portas permaneceram fechadas durante o dia. Os vizinhos estranharam, mas logo veio a confirmação de que o local passará por reformas e vai abrigar um antiquário, mais em conformidade com a região de construções centenárias.

Cadeados e mais cadeados
Os 15 cadeados que Seu Antônio colocava todas as noites, ao fechar, permanecem nas portas e unem as correntes em torno das grades.

Os 15 cadeados que ainda permanecem numa das entradas (Billy Culleton)

A aparente exagerada medida se justifica pelos inúmeros arrombamentos ao longo dos 15 anos em que o Bar esteve nessa região, que conta com pouca vigilância e fica perto de locais frequentados por usuários de drogas.

Início na Travessa Ratcliff
Até o início dos anos 2000, Seu Antônio comandou por duas décadas um boteco com o mesmo nome na Travessa Ratcliff, onde agora é o Bar do Noel.
Era um botequim raiz, com cachaça Velho Barreiro, servida por algumas moedas.

Esquina da Tiradentes com a Ratcliff, onde já funcionou o Bar do Petit (Billy Culleton)

Isso, antes da pequena via de 50 metros, próxima ao Terminal Urbano Cidade de Florianópolis, se tornar uma área ‘gourmet’, atualmente ocupada por estabelecimentos cuja bebida principal é o chopp.

E, assim, a implacável modernidade avança sobre os tradicionais locais da nossa Florianópolis, sem termos muito a fazer a não ser registrar nestas breves linhas (e imagens), para conhecimento das futuras gerações.

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Agendas

Personalidades negras são representadas nos ‘armários telefônicos’ pelas ruas do Centro

Desde 2013 o artista Bruno Barbi vem pintando personalidades negras que homenageiam gente que faz a luta diária em Florianópolis.
Ele criou um circuito de arte urbana no centro histórico da cidade.
Logo, foi ganhando outras áreas, como o alto dos morros do Maciço do Morro da Cruz.

Algumas obras já podem ser apreciadas pelas ruas do Centro e foram pintadas nas caixas de telefonia (também chamados de armários telefônicos), que ficam nas calçadas.
A partir desta semana, o projeto foi retomado com novas pinturas e reparação das que estão danificadas, somando 16 obras.

Esquina da Rua dos Ilhéus com Anita Garibaldi, próximo à Praça XV (Billy Culleton)

Povo negro morava no Centro
Barbi busca chamar a atenção para o povo negro, parcela significativa da população local, que teve participação essencial na construção urbana, social e cultural da Capital.

“Na região do centro histórico, o povo negro morava, trabalhava na construção civil, no pequeno comércio de rua e na lavação e costura de roupas para a elite local”, explica Barbi.

O processo de higienização do Centro, segundo ele, acabou empurrando essa população para os morros e bairros periféricos.
“Meu trabalho contribui para o resgate histórico e na contação dessa história. Tentamos, de alguma forma, oferecer a devolução do território, na medida em que o povo negro se vê, se identifica, se valoriza e se sente pertencente à cidade”.

Reportagem relacionada:
Bairro da Figueira, no Centro – O território negro, ao lado do antigo porto, onde nasceu o Figueirense

Circuito Cidade Negra
Este ano, o Street Art Tour convidou o artista para sistematizar a restauração das obras do centro histórico.

Estas intervenções urbanas constituirão o Circuito Cidade Negra, que demandará dois meses de produção e que resultará num documentário e tour guiado.
Tudo isso poderá ser acompanhado pelas redes sociais do Street Art Tour @streetarttourfloripa.

Desta vez, em meio a uma consciência mais apurada da luta contemporânea, que reverencia os ancestrais e reivindica um futuro digno e seguro para as novas gerações,
Bruno Barbi, chega com a ideia de homenagear, em sua grande maioria, mulheres negras do front, do campo de luta hoje.

Numa seleção pessoal, 16 nomes locais e nacionais de negras e negros, de todas as gerações, serão pintadas nas caixas de telefonia da região que fica entre o Maciço do Morro da Cruz e o terminal Rita Maria para negritar um grito de que ‘Florianópolis também é negra’.

A realização é do Street Art Tour, um movimento de valorização, produção e difusão da arte urbana.

(Com informações da Fundação Franklin Cascaes e imagens do Street Art Tour)

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Personagens do Centro – Quando o violão e um pincel são as únicas companhias pelas ruas da Capital

Por Ricardo Medeiros (especial para o Floripa Centro)
Yuri Pyjaks mora ao ar livre nas redondezas da Praça Professor Amaro Seixas Neto, frente à Avenida Beira Mar Norte, em Florianópolis.
Nasceu no dia 23 de setembro de 1987, em Francisco Beltrão (PR) e faz 16 anos que se encontra em Florianópolis.

“É uma ilha. Vim fazer tatuagem por aqui. Não deu certo. Roubaram todo o meu material”.

Mesmo assim, faz questão de emendar que a cidade é linda.

Pinta também telas, toca violão e compõe.

O que ele é então? Resposta: um artista.

Pele branca curtida pelo sol, manchas de cicatrizes em algumas partes do corpo e sujeiras nas mãos denunciam uma vida nas ruas.
Repousa sobre os dedos negros de fuligem um cigarro bolado.

Cabelo louros, embaraçados, revela também um longo período sem cuidados, assim como a barba comprida e desgrenhada.

Roupas surradas em preto, azul e verde, cobrem o corpo do artista.

Antes de tocar uma música para mim, indagou-me se eu tinha acesso à internet em meu celular.
“Vê aí um afinador online”.
Queria deixar o instrumento no ponto.

Cantou uma música em inglês, não a entendi.

“Você gosta de viver ao ar livre?”.
Ele foi direto: “Ninguém gosta!”.
E acrescentou:
“Não é o que você faz. Mas, como você faz. Não importa o lugar. O lugar não vai mudar nada”.

Confira a entrevista completa:

Eu continuo com as perguntas.
“Você queria ter uma casa?”.
Ele: “própria?”.
Afirmo que sim.

Yuri se manifesta.
“Uma vez me disseram uma frase. ‘Você pode ver o mundo como um copo pela metade. Você pode ver ele como meio cheio ou meio vazio’. O mundo é um copo meio cheio. A outra metade o governo já tomou”.
Momento em que solta um sorriso, quase riso.

“Se você ficou um mês desempregado, você está pego”
Gostou de falar.
“A pessoa nasce, ela já deve. Ela deve pagar por um lugar. Não existe metro quadrado que já não seja de alguém”.

“Então, se você não tem dinheiro para comprar um terreno e construir a tua casa com as próprias mãos. Você vai ficar na rua”.

‘Se você vive de aluguel e não tem emprego, você está sujeito a parar na rua. Todo o tempo. O tempo todo. Se você ficou um mês desempregado, você já está pego”.

“Aí vem aquele problema: a pessoa na rua para chegar nas drogas é muito rápido”.

Agradeci o papo, segui meu caminho de bicicleta.
Deixei o artista de 33 anos com sua nova criação: uma tela.

Nela repousa a paisagem de uma lagoa ao entardecer, com luzes refletindo na água e pedras do fundo.
Céu com muitas nuvens e cores.
Uma grande árvore, sem folhas, em destaque, com a silhueta de uma fada pairando sobre ela.

(As imagens são de Ricardo Medeiros)

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Procon notifica aplicativo Uber por suposta prática abusiva contra consumidores da Capital

O Procon de Florianópolis encaminhou à empresa Uber, nesta segunda-feira, 21, um auto de notificação por prática abusiva contra consumidores da Capital, que registraram reclamações no órgão.

Segundo relatos de consumidores, viagens previamente programadas e com confirmação de pagamento eram canceladas sem solicitação dos clientes.

Pelo contrário: momentos após o cancelamento, na tentativa de remarcação do mesmo percurso, usuários do aplicativo só encontravam corrida com um preço superior ao confirmado anteriormente, mesmo que sem nenhuma alteração no serviço contratado.

Grande parte das reclamações tem em comum o ponto de embarque no mesmo local: o Floripa Airport.

Exigido relatório de 2021
O secretário municipal de Defesa do Cidadão, Gabriel Meurer, explica que o ato de cobrança de um valor maior sem explicação prévia ou alteração do serviço fere o Código de Defesa do Consumidor e pode ser considerado um ato de má-fé por parte da empresa prestadora de serviço.

“A prática tem gerado muitas dúvidas, preocupações e insegurança entre os usuários, na medida em que a Uber não apresentou justificativas de tal ato para os clientes”, ressalta.

O Procon solicitou que a empresa preste informações e esclarecimentos por essa prática que usuários relatam que acontece frequentemente, além de exigir relatório de 2021, das ocorrências de Florianópolis, com dados de cancelamento e respectivas justificativas.

Como reclamar
Denúncias e reclamações ao Procon Municipal de Florianópolis podem ser encaminhadas pelo site http://procon.pmf.sc.gov.br, no e-mail fiscalizacao.procon@pmf.sc.gov.br ou no telefone (48) 3131-5300.

O que diz a empresa
Em nota divulgada no portal ND+, a Uber respondeu dizendo que não há prática abusiva contra os consumidores na plataforma e que vai apresentar sua defesa no prazo concedido pelo Procon.

A empresa também alegou que quando a “demanda por viagens em uma determinada área aumenta e é maior do que o número de motoristas parceiros circulando na região naquele momento, o preço se torna dinâmico e o valor da viagem pode se tornar mais caro do que o habitual para aquele mesmo trecho”.

Veja a nota na íntegra publicada no ND+
A Uber esclarece que não há nenhuma prática abusiva contra os consumidores da plataforma. A empresa vai analisar os casos apontados no auto de notificação recebido e apresentar sua defesa dentro do prazo concedido pelo Procon.

Os motoristas parceiros que usam o aplicativo podem escolher livremente os dias e horários de uso da plataforma, aceitar, rejeitar ou cancelar as solicitações de viagens recebidas.

Quando, por exemplo, a demanda por viagens em uma determinada área aumenta e é maior do que o número de motoristas parceiros circulando na região naquele momento, o preço se torna dinâmico e o valor da viagem pode se tornar mais caro do que o habitual para aquele mesmo trecho, com o objetivo de atrair mais motoristas parceiros para o local e reequilibrar a oferta e a demanda. De qualquer forma, o preço da viagem é sempre informado ao usuário no aplicativo antes dele seguir com a solicitação.

A Uber segue à disposição para dialogar com o poder público e esclarecer quaisquer dúvidas a respeito do funcionamento do serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros, que tem respaldo na Constituição, é previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12.587/2012) e foi regulamentado em âmbito nacional pela Lei Federal 13.640/2018.

(As informações sobre a notificação da empresa são da PMF. As imagens são do Pixabay. A resposta da Uber foram publicadas no ND+)

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Internados por Covid em Florianópolis: maioria é homem e tem menos de 59 anos


A Capital tem 330 pessoas internadas por Covid nos hospitais da cidade.
O avanço na vacinação dos idosos fez com que a maior parte dos pacientes se concentre na faixa etária entre 30 e 59 anos.

Nesta idade há 181 infectados, o que representa 52% dos internados.

Já acima de 60 anos, chegam a 42%, equivalente a 139 pessoas.

Os homens são a maioria dos internados, 56%, enquanto as mulheres representam 44%.
Há 32 pacientes nas UTIs.

Os dados são do Covidômetro, plataforma online da prefeitura local.
Nela, aparece um total de 980 óbitos.

Já pelas informações disponibilizadas pelo governo do Estado em outra plataforma o número é de 999 mortes em Florianópolis.

Segundo os dados do município, houve 22 mortos por Covid nos últimos 30 dias.

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Histórias do Centro

Década de 1950 – A elegância das florianopolitanas desfilando pelo Mercado Público Municipal

A imagem surpreende e provoca curiosidade.
Seria um desfile de moda?
Ou uma sessão de fotos para alguma loja de roupas ou para uma confecção específica?

A foto das cinco mulheres caminhando pelo vão central do Mercado Público Municipal da Capital foi feita entre 1949 e 1952 e o autor é desconhecido.

O registro faz parte projeto da “Enciclopédia de Santa Catarina“, pertencente ao acervo fotográfico de Almirante Carlos da Silveira Carneiro, militar carioca que, entre 1951 a 1954, dirigiu o 5º Distrito Naval, com sede em Florianópolis.

A coleção encontra-se na Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A imagem é identificada por Carneiro como Mulheres caminhando.
Na descrição aparece o seguinte: “Fotografia de cinco mulheres bem vestidas caminhando lado a lado [entre 1949 e 1952]”.

Ao fundo, à esquerda, aparece o prédio da Alfândega e no centro (atrás das mulheres), o muro que demarcava o limite com o mar, antes do aterro.

Mas o mistério sobre a origem da foto continua…
E você, leitor, consegue nos ajudar a saber mais sobre este belo registro?

(Deixe seu comentário ou compartilhe com quem possa esclarecer quem são as mulheres e qual o objetivo da foto: o Floripa Centro vai atualizar a matéria conforme obtenha mais dados).

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Atualidade

Telefone exclusivo para comerciantes do Centro acionarem a abordagem de pessoas em situação de rua

Lojistas da região central da Capital começaram a receber a visita de uma equipe ligada à Prefeitura de Florianópolis, nesta semana.
Objetivo é verificar a necessidade de abordagem de pessoas em situação de rua que fiquem no entorno dos comércios.
Para atender essa demanda, foi disponibilizado um número de telefone exclusivo, que também pode ser utilizado pela população em geral.

O telefone é (48) 99804-3846.

Quando acionada, a equipe de sensibilização da Secretaria de Assistência Social, em parceria com a ONG Nurrevi, buscará conversar com essas pessoas para tentar o encaminhamento a abrigos e instituições de apoio.

As equipes também percorrerão as ruas diariamente, de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h, para convencer esse público a aceitar ajuda.

A ação é focada no Centro, onde se concentra o maior número de pessoas nessa situação, e foi motivada pela queda de temperaturas dos últimos dias.

Acolhimento integrado
A equipe de sensibilização da Assistência Social irá direcionar às pessoas para cada serviço específico.
Seja ao acolhimento institucional, para fazer algum documento, ou para outras demandas desta população.

Na Passarela da Cidadania é possível participar de cursos profissionalizantes, refeições, doações de roupas, atendimento psicossocial e pedagógico, além de uma série de acompanhamentos para possibilitar o resgate da cidadania.

Como solicitar uma abordagem
Os interessados em solicitar uma abordagem social para pessoas em situação de rua podem entrar em contato das 8h às 19h pelo número (48) 99804-3846.

(Com informações e imagens da PMF)

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