Categorias
Reportagens Especiais

Morador do Centro – Franklin Cascaes ganha a companhia da esposa, do discípulo e da lendária Kombi

A fachada da casa/ateliê do mais importante pesquisador da cultura açoriana em Santa Catarina, Franklin Cascaes, tem um aspecto melancólico.
A residência na Rua Júlio Moura, hoje ocupada por uma família, foi testemunha do trabalho deste manezinho, nascido em Itaguaçu em 1908, que ali transformava as histórias e costumes dos ilhéus em desenhos e esculturas.

(Atualização de 6/11/2020: a casa de Franklin Cascaes foi identificada erroneamente na reportagem original. Nos textos sobre o pesquisador existe a menção ao número 31 da Rua Júlio Moura: a partir dessa informação foi apontada a casa que atualmente possui essa numeração. Porém, o nosso leitor Beto Barreiros, indicou que a casa de Cascaes era na mesma rua, mas a 50 metros do local apontado inicialmente. Assim, segue a imagem atualizada de onde viveu o ‘bruxo’.)
Nesse local, viveu durante décadas, até sua morte em 1983, ao lado de sua mulher Elizabeth, que faleceu em 1970. Ali, também recebia o seu principal discípulo e difusor de sua obra, Gelci José Coelho, o Peninha.
Na rua, estacionava sua lendária Kombi, que levava o casal para suas pesquisas no interior da Ilha.

Franklin produzindo a escultura de sua mulher Elizabeth (Acervo UFSC)

Esses três parceiros, marcantes na trajetória de Cascaes, agora vão lhe fazer companhia no painel existente na lateral do Edifício Atlas, na esquina das ruas Tenente Silveira e Deodoro, no Centro.

O artista Thiago Valdi produziu o mural original de Franklin Cascaes em 2017.
Agora, na ‘medianeira’ ao lado, ele começou esta semana um novo painel que contará com os retratos da professora Elizabeth Pavan Cascaes, imagens do amigo Peninha e da Kombi, além de desenhos do conto Balanço Bruxólico.

Peninha (D) acompanha Cascaes (E) na abertura de uma exposição (Acervo UFSC)

Realidade aumentada
A partir da conclusão da pintura do painel, a realidade aumentada será integrada à obra ainda em dezembro deste ano.

Nova pintura será ao lado do painel original (Billy Culleton)

Apontando com o celular para a pintura, a partir da interface do aplicativo do Street Art Tour (SAT), os usuários terão acesso a conteúdos como vídeo sobre vida e obra de Franklin Cascaes, com animação de elementos do mural, em português, inglês e espanhol; fotos de trabalhos originais do artista e acervo inédito de imagens de arquivo pessoal de Franklin que foi cedido pela família.

(Na imagem de abertura Cascaes no meio de tainhas escaladas, no interior da Ilha. Reprodução do acervo do Velho Bruxo  )

Quem foi Franklin Cascaes:

Matéria relacionada:
Arte urbana – Novos murais, painéis e grafites dão vida e embelezam as ruas do Centro

 

Categorias
Histórias do Centro

Novo espaço cultural no Centro apresenta a história da Catedral Metropolitana de Florianópolis

Uma das primeiras iniciativas de Francisco Dias Velho após fundar a Póvoa de Nossa Senhora do Desterro, em 1673, foi construir uma pequena capela, de pedra e cal em homenagem à mãe de Jesus.
Exatamente um século depois, em 1773, foi concluída a nova edificação, que atualmente abriga a Catedral Metropolitana de Florianópolis.

A construção foi iniciada em 1753, após o governador da Capital, José da Silva Paes, escrever ao Rei de Portugal, pedindo licença para a construção de uma nova Matriz, da qual ele, engenheiro militar, foi o autor do projeto arquitetônico.
Diversas reformas ao longo dos séculos alteraram o estilo original, mas a arquitetura da portada continua a mesma.

Imagem de 1920, antes da reforma que modificou a fachada (Acervo IHGSC)

Espaço Museal
Os detalhes destes acontecimentos poderão ser verificados no novo Espaço Museal da Catedral, que será aberto ao público em dezembro.

O local escolhido para apresentar os mais de 300 anos de história fica no prédio anexo ao templo, onde até o ano passado funcionava o Café Sorrentino, no calçadão da Padre Miguelino, frente à Câmara de Vereadores.

Vista do interior do Espaço Museal, ainda em obras

O Espaço Museal foi criado em 2012 e estava exposto na sacristia da igreja.

Agora, a intenção do pároco David Coelho é permitir que mais pessoas possam conhecer a história da Catedral, que se confunde com os primórdios da cidade.
A exposição será de painéis com imagens e fotos antigas da Catedral, acompanhadas de textos explicativos.

Curiosidades da Catedral
– Em 25 de novembro de 1922, festa de Santa Catarina, a catedral foi presenteada com cinco sinos vindos da Alemanha, encomendados por Dom Joaquim Domingues de Oliveira.
– Ao todo, são sete sinos: os dois mais antigos (de 1872 e 1896) foram presentes do Imperador Dom Pedro II. Quando instalados, formavam o maior conjunto de sinos da América Latina, pesando mais de cinco toneladas.

– Os vitrais foram produzidos em São Paulo e inaugurados em 1949.
– Entre o acervo de arte sacra, encontra-se a escultura Fuga para o Egito, talhada em madeira em tamanho natural, pelo artista tirolês Ferdinand Demetz e que está na Catedral desde 1902.

– Toda catedral tem uma cátedra, a cadeira usada pelo arcebispo. A de Florianópolis foi doada pelo primeiro bispo de Montevidéu, Dom Jacinto Vera, que nasceu num navio ancorado em terras catarinenses, em 1813, e foi batizado na catedral da antiga Desterro. Ao morrer, em 1881, deixou expresso o desejo de doar sua cadeira à igreja onde foi batizado.

(Fontes: sites UFSC e Setur. A imagem de abertura é atribuída à expedição da Comissão Científica do Pacífico, provavelmente captada por Rafael Castro y Ordóñez, entre 1862 e 1864. Ela faz parte do acervo digital CSIC, subsidiado pelo governo espanhol.).

Categorias
Reportagens Especiais

Ponte Hercílio Luz – Novas câmeras reconhecem foragidos, identificam placas de veículos e multam motoristas

Um homem de óculos, máscara e fone de ouvido atravessa a Ponte Hercílio Luz de bicicleta, no meio de centenas de famílias que aproveitam a manhã do domingo ensolarado para passear pelo cartão postal da Capital.
O que o foragido da Justiça não previa era que ao chegar na parte insular uma viatura da Polícia Militar o estivesse esperando para prendê-lo.

Imagem mostra momento da detenção do foragido (Divulgação PMSC)

Os agentes de segurança foram acionados após uma câmera de reconhecimento facial emitir um alerta no sistema da Secretaria de Segurança Pública, que faz parte do programa Bem-Te-Vi, do governo do Estado.O fato ocorreu no final de semana passado e mostra o crescente uso da tecnologia para combater o crime na região central da cidade.

Monitoramento de veículos
No final desta semana também começa o monitoramento em tempo real dos veículos que circulam na Ponte.
O sistema foi viabilizado após a instalação de uma rede de fibra ótica e permitirá que câmeras façam a captura e o reconhecimento das placas nas cabeceiras insular e continental, informou neste sábado, 31, o colunista Fábio Gadotti, do ND Mais.
Objetivo é fiscalizar a lotação dos veículos, já que o tráfego de carros está permitido, entre 11h e 19h, com pelo menos duas pessoas dentro.
As imagens serão acompanhadas por agentes da Guarda Municipal, no Centro de Inteligência de Trânsito, e os motoristas que desrespeitarem as regras serão multados.
A identificação das placas também permitirá detectar veículos roubados ou com licenciamento em atraso.

Monitoramento da Polícia Militar (Divulgação PMSC)
Categorias
Histórias do Centro

Há 250 anos – Primeira sede da Câmara de Vereadores da Capital foi construída com imposto sobre a cachaça

Por Billy Culleton
Em 1º de novembro de 1770 começou a construção do Paço Municipal, na frente da Praça XV de Novembro.
Os recursos foram arrecadados a partir da criação de um imposto específico para esse fim: 20 mil réis para cada pipa de cachaça de 500 litros que entrasse ou saísse dos arredores da região central da cidade.

Desterro, 1785 (Pintura de Gaspard Duché-de-Vancy)

Desde 1758, o legislativo municipal já ocupava o terreno onde seria construída a nova sede, na esquina das atuais ruas Tiradentes e Praça XV de Novembro.
Na época, segundo informações do site da Câmara de Vereadores, eram cinco pequenas casas, “localizadas no Largo da Matriz, esquina com a Rua Menino Deus, posteriormente chamada Rua da Cadeia”.
Eram construções baixas, de pau a pique, barreadas e muito frágeis, sobre um terreno alagadiço.

Prédio em 1867 (Gravura de Joseph Brüggemann)

As precárias condições das edificações obrigaram as autoridades a pensar na construção de uma sede nova e definitiva.
Assim, foi criado o imposto de 20.000 réis para cada pipa de cachaça que entrasse ou saísse dos arredores, chamado de Subsídio Literário, para se obter fundos que revertessem na construção do Paço Municipal. Em 1° de novembro de 1770, o ouvidor São Paio, em carta dirigida à Câmara, coloca a licitação da obra em prática“, informa a página web do legislativo.

A construção foi finalizada em 1780 e desde então, até 2005, sediou o poder legislativo municipal de Florianópolis.

Década de 1950 (acervo Casa da Memória)

Cadeia
O prédio histórico, um dos três mais antigos da Capital (junto com a Catedral Metropolitana e o Palácio de Governo), também abrigou a cadeia pública, que funcionava no piso inferior, enquanto que, no superior, funcionava a “Assembleia Legislativa Provincial”.
Em 1930, com a inauguração da Penitenciária Estadual no Bairro Agronômica, a cadeia foi desativada.

Década de 1960 (acervo Casa da Memória)

Naquele ano, a Câmara de Vereadores foi transferida para a sede atual, na Rua Anita Garibaldi, pela necessidade de reunir num único local todos os setores da administração do Legislativo, até então separados, em virtude do exíguo espaço do prédio histórico.

Imagem de Sérgio Rubim

Museu de Florianópolis
Após a desocupação, o prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia passou a abrigar alguns eventos temporários, nos quais foi transformada, por exemplo, em Casa do Carnaval e Casa do Papai Noel.
Entre 2009 e 2019, a edificação secular passou por uma grande reforma que custou em torno de R$ 5 milhões, para sediar o futuro Museu de Florianópolis.

Prédio pronto para receber museu (Divulgação PMF)

Concluída a reforma do novo prédio
O atual prédio da Câmara, ao lado da Catedral Metropolitana, passou por uma reforma que custou R$ 662 mil e foi concluída neste mês de outubro.

A Casa do Povo teve fachada completamente revitalizada

É que em fevereiro de 2019, a edificação enfrentou problemas com infiltrações no telhado, que causaram alagamentos nos gabinetes dos vereadores.
A reforma do telhado do prédio foi a primeira ação estrutural realizada desde a mudança e serviu de alerta para uma recuperação da fachada.
Além da necessidade de recuperação da parte visual, pelo desgaste do tempo, a Defesa Civil produziu um laudo sobre a situação externa do prédio e alertou para o risco de queda de partes da estrutura externa que precisava de manutenção.
Agora, com a obra concluída o edifício, que serviu de prédio administrativo e agência do antigo Besc, volta a exibir toda a sua bela arquitetura moderna.

Na parte externa do prédio há dois painéis: um lembrando a resistência à ditadura militar e outro homenageando as tradições da cidade.

(A imagem de abertura é do acervo da Casa da Memória. As fotos atuais são de Billy Culleton)

Categorias
Atualidade

Novo Pró-Cidadão, próximo à Praça XV, abre as portas ao público – Confira como ficou a estrutura e o atendimento

Uma harmoniosa combinação arquitetônica entre o passado e o presente.
Essa é a sensação ao adentrar no prédio do novo Pró-Cidadão, na Rua João Pinto, a 150 metros da Praça XV de Novembro, que começou a atender, experimentalmente, esta semana.

O projeto valorizou a memória de Florianópolis, deixando à mostra as velhas paredes de tijolos que remetem ao prédio que abrigou três cinemas entre 1930 e 1991: Imperial, Coral e Carlitos.
Ao mesmo tempo, a estrutura interna é moderna e ‘limpa’, tornando o espaço funcional para o atendimento do público.
A abertura formal será na terça-feira, 3, quando o atual prédio na Avenida Mauro Ramos será fechado e todo o atendimento transferido para o novo local.
Lembrando que, em razão da pandemia, o atendimento do Pró-Cidadão deve ser agendado por este link: http://agendamentoprocidadao.pmf.sc.gov.br/?mod=infotv.agendamento

Ou pelo site da prefeitura, que tem um ícone do agendamento no canto superior direito:
http://www.pmf.sc.gov.br/

O Procon municipal, que tem a sede na Praça XV, também passará a funcionar ali e terá atendimento presencial, por ordem de chegada.

Ao longo desta semana, funcionários ainda estavam fazendo os últimos retoques na obra, enquanto uma servidora da prefeitura fazia o atendimento provisório para verificar se ‘tudo estava funcionando adequadamente’.
O novo Pró-Cidadão tem dois andares e se estende desde a João Pinto até a Rua Antônio da Luz, frente ao Terminal Cidade de Florianópolis, onde existe uma segunda entrada.

Categorias
Agendas

Personagens do Centro – Casal que morava na rua, e é apaixonadíssimo há 38 anos, consegue ‘casinha’ no morro

Em junho de 2019, o Floripa Centro publicou uma reportagem mostrando um casal dançando de forma apaixonada na frente do Ticen, ao som de músicas sertanejas interpretadas por um cantor de rua.

O detalhe inusitado era que ambos viviam nas ruas do Centro da Capital, em situação de indigência.
Mesmo assim, o amor entre Michael e Clara transparecia na dança e no tratamento mútuo. Eles estavam juntos há 37 anos.

Ele, natural de Tubarão, ficou órfão com nove anos na grande enchente de 1974 e foi criado no Abrigo de Menores, no bairro Agronômica, onde aprendeu a dançar e ganhou o apelido de Michael Jackson.
Ela, gaúcha, veio para Santa Catarina com 13 anos e gosta de ser chamada de “Senhora Jackson”. Com algumas deficiências, toma remédios ‘fortes’ e não bebe álcool.

Ambos com pouco mais de meio século de vida, demonstravam que o carinho de casal pode superar dificuldades e doenças, independentemente da classe social.

‘Casinha’ no Morro da Queimada
Desde o início da pandemia, o casal não foi mais visto nas ruas centrais da cidade. Porém, esta semana, o Floripa Centro reencontrou Michael, fazendo o que ele mais gosta: dançando ‘break’ na frente das Lojas Koerich, na Rua Deodoro, aproveitando o som promocional do comércio.

Questionado sobre o sumiço, ele informou que tinha arrumado uma ‘casinha’ no Morro da Queimada, no Bairro José Mendes, próximo da Prainha.
“Clara está bem, mas não pode sair por causa da Covid. Hoje, eu vim pro Centro para matar a saudades, mas não posso demorar porque ela é muito ciumenta”, disse, sorrindo.
A moradia está sendo alugada com o dinheiro da ajuda emergencial do governo federal, por causa da Covid, e que é recebida por ambos.

Missão é cuidar da mulher doente
Michael, que também ganha uns trocados dançando nas ruas, diz que sua missão é cuidar da esposa, a quem considera o ‘amor da minha vida’ e com quem adora passar o dia inteiro ‘grudadinho’.

Categorias
Agendas

Centro está sem mortes por Covid há três semanas – Florianópolis chega a 150 óbitos

O último óbito por Covid-19 no Centro foi no dia 4 de outubro, quando o bairro chegou a 22 falecimentos.
O número de casos confirmados nesse período passou de 1.342 para 1.532, mais 190 contagiados.
Os dados constam no Covidômetro, da Prefeitura de Florianópolis.

Aumento de casos: Centro 14%, e em toda a cidade, 30%
As estatísticas da região central apontam aumento de 14% entre os infectados, nas últimas três semanas.
Já a cidade toda teve um acréscimo de 30%: passou de 14.058 para 18.316.
Isso significa que quase 4,5 mil pessoas contraíram o vírus.

A Covid-19 já provocou 150 mortes em Florianópolis.
Este número consta no boletim divulgado nesta terça-feira, 27, pelo governo do Estado, embora no Covidômetro (última atualização em 26/10) ainda apareça 149 óbitos .

Confira o número de casos confirmados e de mortes na Grande Florianópolis (fonte: governo de SC)

Categorias
Atualidade

Cemitério de barcos – Scuna destruída e Iate Casablanca inutilizado criam paisagem melancólica na Baía Sul

Desde a janela do Hotel Veleiro, ao longo dos últimos dez anos, ele foi acompanhando a deterioração dos seus coqueluches náuticos.
Ony Joaquim de Carvalho, de 88 anos, é o proprietário do hotel e de dois barcos danificados que estão atracados no trapiche do estabelecimento, na beira do mar da Baía Sul, em Florianópolis.

Em 2009, o lendário Iate Casablanca foi obrigado a encerrar as suas atividades (passeios com festas a bordo) por decisão judicial.
O motivo: o barulho dos passageiros na hora do embarque e desembarque, geralmente à noite e de madrugada, e que prejudicavam o sono da vizinhança.
Sem uso, ficou ancorado no velho trapiche, na frente do hotel.
No início de 2019, por causa de uma tempestade, a embarcação quase afundou: adernou (inclinou lateralmente) e foi necessário, com urgência, retirar a água da casa de máquinas.

No ano passado, maré alta e tempestade quase afundaram embarcação (Reprodução Facebook)

Em novembro do ano passado, o barco foi vendido para um empresário paulista por cerca de R$ 500 mil.
Mas, o iate continua no mesmo lugar.
“Até o final do ano ele será levado para o litoral de São Paulo”, informa Ony.

Scuna fora de serviço
Já a scuna está imprestável e não tem mais chances de voltar a navegar.
Durante 20 anos foi utilizada para passeios pelo litoral da Grande Florianópolis e está há quatro anos parado próximo ao Casablanca.
“Quem quiser levar, pode levar!”, enfatiza o dono.
“É só pagar pelo madeiramento e pelo motor, que ainda pode ser consertado”, diz, sem arriscar colocar um valor na transação.

Hotel Veleiro completa 40 anos
Ony de Carvalho é um empreendedor nato.
Muito antes de construir, em 2006, o icônico Casablanca, ele foi proprietário de dois hotéis no bairro Estreito, na região continental da Capital: o Hotel de Carvalho, perto da Ponte Hercílio Luz, e o Ony Hotel, que encerrou as atividades há mais de uma década.

(Imagem Google Street)

Em 1980 decidiu construir, ao lado do Iate Clube Veleiros da Ilha, o Hotel Veleiro, que tem uma das vistas mais deslumbrantes da cidade.
Ony continua com as suas atividades de empresário e aprendeu a conviver com os altos e baixos da profissão, representados pelos barcos danificados, mas também pelo funcionamento constante e exitoso do hotel que ele administra diretamente.

Categorias
Reportagens Especiais

Candidata muçulmana em Florianópolis: um fato inédito na história das eleições no Brasil

Filha de imigrantes palestinos, a dentista Fátima Hussein segue todas as tradições muçulmanas, desde as convicções religiosas, culturais e gastronômicas até o uso do hijab, vestimenta típica do islamismo.
Nascida em Tubarão e morando na Capital há 20 anos, ela decidiu entrar para a política e é candidata a vereadora pelo Democratas.

Fátima, à esquerda, de vermelho, fazendo campanha junto à comunidade palestina

A reportagem do Floripa Centro a ‘descobriu’, neste domingo, 25, enquanto ela divulgava a sua candidatura na Avenida Beira Mar Norte, junto com várias mulheres muçulmanas de todas as idades, também vestidas a rigor.
“Vou lutar contra todo tipo de discriminação, incluindo raça, gênero, cor e religião”, garantiu.

Em 2000, Fátima mudou-se para Florianópolis onde estudou Odontologia na Universidade Federal de Santa Catarina, e também fez mestrado.
Casada com um médico palestino, ela tem consultório odontológico no Centro da Capital.
A inédita candidatura de Fátima chamou a atenção do portal internacional Monitor do Oriente, que divulga informações sobre a comunidade palestina no mundo.
A reportagem em inglês “Fátima Hussein, a primeira mulher muçulmana a disputar uma eleição municipal no Brasil”, traz detalhes de sua trajetória e propostas.

Confira algumas informações publicadas no portal:

– O pai de Fátima trabalhou no Brasil como parte de uma missão agrícola com a ajuda do governo jordaniano. Ele veio da vila de Yalu, que foi ocupada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Todos os moradores foram expulsos e a aldeia foi destruída. Quando isso aconteceu, seus irmãos buscaram refúgio no Brasil e se juntaram ao pai.

– Fátima está confiante de que será capaz de demonstrar que as mulheres muçulmanas podem estudar, ter emprego, ter renda própria, tomar decisões, ter voz e também dar voz aos outros.

Fátima em imagem divulgada pelo Monitor do Oriente

– “Serei a única candidata a usar o hijab. Recebemos notícias falsas aqui no Brasil, muitas delas prejudiciais às mulheres muçulmanas. No entanto, acredito que meu mandato será um verdadeiro espaço democrático, onde todos se sentirão representados e os símbolos do Islã serão mostrados e respeitados”.

– “Mesmo como uma brasileira orgulhosa, sempre defenderei a Palestina, não apenas porque sou de ascendência palestina, mas também porque devemos iluminar nossa comunidade palestina e nossa presença aqui”.

– “Como filha de imigrantes, aprendi que o sucesso em um lugar que não é o seu representa um dos maiores desafios da vida. Eu sei exatamente o que é superar todos os obstáculos e vencer quando a vida me deu apenas uma opção”.

Os palestinos em Florianópolis
O ano de 1977 foi um marco para a chegada dos primeiros palestinos à Capital.
Segundo reportagem da Rádio Campeche, foi naquele ano que chegou à capital o palestino Khader Othman, um dos tantos que fora obrigado a abandonar sua terra, quando foi criado o Estado de Israel, em 1948.

Khader Othman (Divulgação Rádio Campeche)

A vinda para o Brasil foi em 1967, mas a primeira parada foi em Tubarão, onde já havia palestinos desde 1959, continua a matéria.
A decisão de vir para a Florianópolis, dez anos depois, acabou incentivando outros companheiros, dispostos a iniciar nova vida.

Hoje, Florianópolis tem uma grande comunidade de palestinos.
A primeira geração, que chegou no rastro de Khader, começou a vida no comércio, conta a Rádio Campeche, e quem anda pelas ruas do Centro seguramente encontrará um palestino, pois muitas das lojas da região estão sob o comando dessas famílias.

“A primeira ideia foi trabalhar com o comércio – lojas e restaurantes -, pois era a forma mais rápida de garantir o sustento das famílias”, lembra Khader.
Já a segunda geração, formada pelos filhos dos imigrantes, brasileiros natos, tem se expandido por outros caminhos, com profissionais em todas as áreas. “A cidade nos recebeu com carinho e nós somos muito gratos”, disse Khader à rádio.

Categorias
Histórias do Centro

1930 e 2020 – Mesmo dia, mesma hora: as coincidências na deposição de dois governadores catarinenses

Na madrugada de 24 de outubro, à 1h, o governador eleito democraticamente pouco tempo antes, com esmagadora maioria dos votos, foi obrigado a se afastar do cargo.

A narrativa se encaixa perfeitamente nos episódios que afastaram Fúlvio Aducci, em 1930, e Carlos Moisés, em 2020.

Coincidentemente, os mandatos de ambos são os mais curtos da história de Santa Catarina, entre os governadores eleitos: Aducci, 30 dias, e Moisés, 22 meses.

Civil x Militares
Mas, há nove décadas, o motivo da deposição foi a ‘Revolução’ promovida por um militar (Getúlio Vargas) contra um civil.
Surpreendentemente, nesta última sexta-feira, foi o contrário: os civis dos poderes Legislativo e Judiciário afastaram um militar.

A casualidade deste dia histórico foi lembrada pelo jornalista Carlos Damião, em matéria divulgada neste sábado: “Outro governador catarinense foi deposto num 24 de outubro, há exatos 90 anos”.

Trincheira na Ponte Hercílio Luz
A partir da dica do mestre Damião, o Floripa Centro foi atrás dos jornais da época para verificar os detalhes da queda de Fúlvio Aducci, que tinha sido eleito com esmagadora votação meses antes e assumido a ‘presidência’ de Santa Catarina em 29 de setembro de 1930.

Na noite de 23 de outubro, para tentar repelir as forças revolucionárias que chegavam a Florianópolis, Aducci mandou arrancar parte do piso da Ponte Hercílio Luz para construir trincheiras, com arame farpado, na parte insular da obra.

Governador Fulvio Aducci

Mas a mobilização das tropas leais não foi suficiente.
Convicto de que a situação era irreversível, o governo tomou a decisão de abandonar a Capital.
Diante disso, foi hasteada, na cabeceira da ponte, uma bandeira branca, dando vários disparos para o ar”, registra o Jornal O Estado, acrescentando que, imediatamente, foram recolocados os pranchões na Ponte e, do lado do Continente, vieram os golpistas, a quem foi declarada a capitulação.
Era 1 hora da madrugada”, relata o jornal, que justifica e apoia o golpe de Getúlio.
Jornal legalista é atacado
No primeiro dia da nova gestão, outro jornal, a Folha Nova, foi atacado por populares que apoiavam o novo governo.
Grande multidão partiu da Praça Quinze rumo à rua Deodoro, gritando: A Folha Nova!”, descreve O Estado.
Os populares, entre gritos de ‘Abaixo o pasquim’ e ‘Fóra o galego’, começaram a emborcar os caixotins, a derrubar prateleiras, a quebrar os móveis e a destruir as máchinas”.
E continua: “O jornal em seus últimos números havia usado de linguagem julgada injuriosa pelos idealistas da Revolução”.
E esse foi o início da gestão de Ptolomeu de Assis Brasil, interventor nomeado pelo governo federal, que terminou em 26 de outubro de 1932, apenas dois anos após a posse.
Seria outra coincidência?

Confira aqui a íntegra da reportagem do Jornal O Estado de 25 de outubro de 1930, sobre os episódios do dia anterior.

(A imagem de abertura é da Casa da Memória)

Categorias
Atualidade

Criatividade para chamar a atenção do eleitor: pandorga nas pontes, monstro nas ruas e tribuna no Mercado Público

A campanha à Prefeitura de Florianópolis ainda não conseguiu ganhar as ruas.
Entre os motivos, a apatia dos eleitores, prioridade para divulgação pelas redes sociais e a falta de debates, além de escassos recursos para contratar ‘cabos eleitorais’ que agitem bandeiras e entreguem santinhos.

O Floripa Centro percorreu as ruas do Centro nesta quarta-feira, 21, e flagrou algumas tentativas de popularizar os nomes dos candidatos.
Confira:

1 – Pandorgas para motoristas das pontes
Uma candidatura à prefeitura tem utilizado uma tradição florianopolitana para divulgar o candidato.
Aproveitando o constante vento da Baía Sul, à tarde, dois militantes partidários empinam pandorgas, com longos ‘rabos’, onde aparece apenas o número da chapa.
Dependendo do dia, são até quatro pipas ao mesmo tempo.
O segredo para isso: amarram a linha nas árvores, embaixo da Ponte Colombo Salles e o vento se encarrega de mantê-las no alto.
2 – Monstro nas ruas
Só falta pendurar uma melancia no pescoço! O cabo eleitoral de um vereador tem percorrido os calçadões do Centro com uma prancha de surf nas costas (com o nome e número do candidato) e uma máscara de monstro, enquanto toca violão e cantarola o jingle do candidato. Ah, e com a camiseta do Batman….
3 – Tribuna Popular
Representantes do recém-criado partido Unidade Popular (alguém sabia de sua existência?) instalaram um pequeno palanque ao lado do Mercado Público. A maioria são jovens, que se revezam para fazer os discursos com um megafone, chamando a população a votar nos candidatos da legenda. E convidando os pedestres a subir e manifestar suas opiniões. Poucos aceitam…
4 – Usuário do transporte público
Na frente do Ticen, local de maior passagem de pedestres do Centro, apenas duas candidaturas majoritárias tinham representantes, no final da tarde. Mas havia cabos eleitorais de se
candidatos a vereador.
5 – Candidatura coletivas
A novidade desta eleição são as candidaturas coletivas: um nome principal, junto com mais algumas pessoas que, caso seja eleito, dividirá o mandato com o restante do grupo para lutar por um ideal em comum.

Categorias
Histórias do Centro

Em Florianópolis – Primeira rua calçada de Santa Catarina completa 175 anos

Na manhã de 21 de outubro de 1845, uma multidão se congregou na beira do mar da atual Santo Antônio de Lisboa para receber o imperador Dom Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e toda a comitiva.
Os soberanos chegaram no navio Vapor Imperatriz e desembarcaram às 11h30min “entre Vivas enthusiastas da população”, como foi descrito no Jornal O Relator Catharinense, criado especialmente para noticiar a visita de Dom Pedro à Grande Florianópolis.

Caminhando em direção à igreja matriz, passaram por uma pequena via de 50 metros, coberta com pedras rústicas, mas alinhadas, construída especialmente para receber os soberanos.
Nesse momento, estava inaugurada a primeira rua calçada do Estado.

Local recebe uma feira de artesanato nos finais de semana (Google Street)

Enquanto se encaminhavam para o templo para assistir ao Te Deum (musicalização de salmos), a cortejo era saudado pelo “povo de todas as condições, tomado da mais viva alegria por ver entre elle os seus Soberanos”, contou O Relator.
O casal imperial ficou poucas horas no distrito “comquanto o tempo ameaçasse chuva, e o vento fosse desabrido”.
Por isso, saíram rapidamente em direção a São Miguel, em Biguaçu, para depois retornar ao Centro de Desterro.
Dom Pedro II ficou quase um mês conhecendo a atual Grande Florianópolis e visitou Desterro, São José, Santo Amaro da Imperatriz e Águas Mornas.

Casal imperial na época da visita a Desterro (Ilustração de 1843, de autor desconhecido)

Por que em Santo Antônio?
A construção da rua calçada era uma forma de demonstrar status.
Na época, a “Freguesia de Nossa Senhora das Necessidades da Praia Comprida” tinha grande importância política, econômica e estratégica e exercia influência em boa parte da porção Norte da Ilha.
A região se destacava por um comércio intenso, junto com a produção agrícola.

Casarão do Imperador, ao lado da via calçada (Google Street)

Segundo a pesquisadora Giselli Ventura de Jesus, toda essa influência e status que tinha a freguesia refletiam a vontade que a localidade tinha de se tornar mais importante que o distrito principal (o Centro de Desterro).
Ela é autora da dissertação de mestrado “Dinâmica socioespacial do Distrito de Santo Antônio de Lisboa: passado e presente”, do Curso de Geografia da UFSC.
“O ar de modernidade dado pela primeira rua calçada, como a construção do casarão do Imperador (um dos melhores prédios da época), reflete a preocupação que a freguesia tinha para se tornar o polo central de economia da Ilha”, escreveu.

Placas na praça, ao lado da via, contam a história da freguesia

“O fato de a freguesia exercer forte influência por apresentar um número considerado de pequenos produtores e comerciantes, os quais tinham seus armazéns com os mais diversificados produtos, tornou a área estratégica, pois servia para o abastecimento de navios e de escoamento dos produtos de outras localidades para a região, ou mesmo para o Centro, além da vantagem de ter um porto na Ponta do Sambaqui.”

(A imagem de abertura mostra a Freguesia de Santo Antonio em pintura atribuída ao francês Jean-Baptiste Debret, 1768-1848)

Sair da versão mobile