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Atualidade

Novidade na pandemia – Pescadores adotam caiaques com pedal para aproveitar águas calmas da Baía Norte

Um novo hábito apareceu nestes tempos de pandemia ‘nos mares’ de Florianópolis.
São os caiaques a pedal que permitem aos esportistas e pescadores navegar individualmente, sem o uso de remos, e com as mãos livres.

Esta semana, um grupo de três pescadores deslizava suave e silenciosamente nas águas da Baía Norte, entre a Ponte Hercílio Luz e a Colombo Salles.
Cada um no seu caiaque, sem muito esforço físico, se aproximavam e dispersavam regularmente, conversando sobre os melhores lugares para pescar.

Em tempos de pandemia, uma adaptação das pescarias tradicionais que congregavam dois ou três amigos em cima de um pequeno bote.

Conheça os novos caiaques a pedal
Os caiaques a pedal são uma novidade na cidade: são mais estáveis e seguros para a navegação que os tradicionais a remo.
Indicado principalmente para águas calmas, possui leme e tem capacidade de carga de até 200 kg.

Com 3,5 metros de comprimento e pouco menos de 1 metro de largura, possibilita pedalar para frente e para trás, possibilitando frear e manobrar.
Os modelos mais populares custam entre R$ 4 mil e R$ 6 mil.

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Histórias do Centro

Monumento mais antigo da Capital – Homenagem aos catarinenses mortos no Paraguai ficou pela metade

Por Billy Culleton
Inaugurado em 1876 para honrar os soldados catarinenses que lutaram na Guerra do Paraguai, o monumento no coração da Praça XV de Novembro foi projetado para ser um imponente obelisco de 20 metros de altura.

Mas a falta de recursos e a pressa dos governantes para inaugurá-lo o deixaram com pouco mais da metade do tamanho original: 10,8 metros.

O jornalista catarinense Virgílio Várzea (1863-1941), na obra “Santa Catarina: a ilha” (1900), explica o acontecido na época:
Apresentado o desenho, que esteve exposto ao público durante muitos dias e que representava uma coluna (…) com 20 metros de altura, o presidente (governador João Tomé da Silva) ordenou a construção, mandando erguer os primeiros alicerces no centro do Largo do Palácio (atual Praça XV de Novembro)”.
“Mal se achava construído o pedestal, foi o Dr. João Tomé chamado à Corte, ficando assim interrompidas as obras, que só tiveram prosseguimento algum tempo depois, na administração Taunay (Alfredo d’Escragnolle Taunay), que, lutando com as maiores dificuldades pecuniárias, e não podendo realizar o primitivo plano, resolveu concluí-las, completando o plinto começado e rematando-o com uma “pilha de bombas de morteiro de 32 centímetros, terminada por uma chama de bomba, que parece explodir no ar.”

A obra receberia o nome de “Coluna Comemorativa”, mas ficou conhecido como o monumento aos 51 catarinenses mortos na Guerra do Paraguai (1864-1870).

Ao todo, cerca de 300 soldados foram arregimentados pelo Império em Santa Catarina para lutar junto com Argentina e Uruguai, contra os paraguaios.

 Assim, o monumento, que era para ter 20 metros de altura, ficou reduzido a pouco mais de metade, deixando ver infelizmente, pelo seu aspecto total, o estado de uma construção imperfeita e inacabada”, descreveu Várzea, no início do século passado.

O que está escrito nas quatro placas
Em cada uma das quatro faces do pedestal há uma pedra de mármore vermelho, de 2 metros de comprimento por 1 metro de largura.
Confira o que diz cada uma:

A placa abaixo está escrita em latim e foi traduzida livremente pela reportagem, com a ajuda dos tradutores automáticos da web:

Cartão postal de 1902 (Foto B Acervo Cid Junkes – Coleção Desterro Antesdonte)

(As fotos antigas são do acervo do IHGSC: a primeira, seria da década de 1890, e a segunda da década de 1920. As fotos atuais são de Billy Culleton)

 

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Atualidade

Boate 1007 Floripa é mais uma casa de entretenimento a fechar as portas (para alívio de muitos vizinhos)

Referência em festas ‘sem rótulos e com muita diversidade’ desde 2009, a 1007 Floripa, próximo da cabeceira insular da Ponte Hercílio Luz, juntava muitas das tribos da cidade, majoritariamente, as compostas por jovens com até 30 anos.

Mas uma placa de ‘aluga-se’ denuncia que o tempo das inesquecíveis baladas até altas horas da madrugada acabou.

Outros tempos (Imagem: Google Street)

O estabelecimento, na Alameda Adolfo Konder, tinha feito todas as adequações para o isolamento acústico, mas as aglomerações do público na rua para o esquenta (ou na saída), às vezes, incomodavam as centenas de famílias que moram nos prédios vizinhos.
Não foram poucas as ocasiões em que a Polícia Militar ou a Guarda Municipal tiveram que intervir para silenciar os foliões.

Dono do bar Qualé Mané desiste de vender
Atingido em cheio pela pandemia, em junho, o compositor florianopolitano Orlando Carlos da Silveira, conhecido como Neco, decidiu vender o ponto do seu bar, o Qualé Mané.
O estabelecimento está localizado na Praça Olívio Amorim, frente à Avenida Hercílio Luz.
Mas diante da falta de interessados e após uma renegociação com o proprietário do imóvel, esta semana, Neco retirou a placa de ‘vende-se’ e vai ‘esperar para ver’.
“Vamos aguardar um tempo. Se as coisas melhorarem existe a possibilidade de reabrir”, disse.

Confira outra reportagem sobre o assunto:
Bares da boemia no Centro – Qualé Mané e Tralharia não resistem à pandemia, mas Alvim busca se reinventar

 

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Reportagens Especiais

Ao lado da casa do governador – Imóvel público na Beira Mar Norte é depredado e vira ponto de usuários de droga

Em pouco mais de um ano, um imóvel onde funcionava o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) foi completamente saqueado e depredado.
Desde abril de 2019, quando houve a transferência do atendimento de adultos em sofrimento psíquico para o Continente, foram levadas as portas, janelas e até as telhas.

O motivo do abandono desta edificação na Avenida Beira Mar Norte, a 100 metros da residência oficial do governador, está num imbróglio burocrático entre o proprietário (o Estado) e a Prefeitura de Florianópolis.

Até o ano passado, o prédio, na frente da Ponta do Coral, estava cedido à administração municipal para a assistência psiquiátrica.
Por falta de estrutura adequada, a prefeitura decidiu transferir o Caps para Estreito, projetando reformar o local.

Os meses se passaram, o processo para a revitalização demorou e, no final de 2019, o termo de cessão venceu.
A renovação só foi efetivada no primeiro semestre deste ano.
Nesse vácuo de responsabilidade sobre o cuidado do imóvel, a casa foi sendo invadida por pessoas em situação de rua e usuários de drogas.

O resultado do descaso foi que sobrou apenas o esqueleto do imóvel: sem telhado, portas, janelas e grades, além da sujeira e as paredes pichadas.

Reforma e retorno do Caps
A Secretaria Municipal de Saúde informou que deve reformar o imóvel para, novamente, sediar o Caps.
A prefeitura já iniciou o procedimento de aprovação por parte dos Bombeiros e outros órgãos envolvidos e, quando tudo for aprovado, começará o processo licitatório para a reforma do prédio, o que deve acontecer nos próximos meses.

(A foto de abertura é do Google Street, quando o imóvel ainda tinha o telhado. As restantes são de Billy Culleton – 16/7/2020)

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Atualidade

O Centro na mídia: Uber sanitiza carros, balneabilidade da Beira Mar, iluminação da Ponte e paver na Praça XV

Uber abre centro de higienização para motoristas e entregadores em Florianópolis (Jornal Notícias do Dia)
A Uber abriu nesta quarta-feira, 15, no edifício-garagem da rua Arcipreste Paiva, no Centro, um centro de higienização para motoristas e entregadores parceiros.
No local, gratuitamente, eles podem desinfectar carros e mochilas por meio de uma névoa do mesmo produto (atóxico) usado na limpeza hospitalar, retirar kits com itens de proteção e higiene (máscara, álcool-gel e desinfetante) e instalar divisórias internas de PET nos carros para separar os bancos dianteiros dos traseiros.
O uso é agendado pelo site do aplicativo para evitar filas e aglomerações.

Pandemia atrasa obra de iluminação cênica da Ponte Hercílio Luz  (Balanço Geral – Vídeo)
A pandemia do novo coronavírus acabou atrasando a obra da iluminação da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis. O atraso ocorreu porque as luminárias usadas são importadas da China.

Iphan/SC recomenda manutenção de pavimento do entorno da Praça 15, em Florianópolis (Jornal Notícias do Dia)
O Iphan/SC considera a substituição do paralelepípedo por paver “uma perda e um dano irreparável para a identidade do espaço público da Praça 15 e Centro Leste, que tem nesse material e técnica construtiva um vestígio da malha viária mais antiga do núcleo fundacional da cidade”.

Balneabilidade da Beira-Mar depende da colaboração dos moradores  (Balanço Geral – Vídeo)
As obras para tornar balneável a Beira-Mar Norte, em Florianópolis, foram concluídas em 2019 mas até agora não foi possível atingir o objetivo de receber banhistas.
A equipe do Balanço Geral conversou com a coordenadora do programa Floripa Se Liga Na Rede, Thauana Mendes Vieira e também com o Diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental, Fábio Castagna da Silva sobre a situação do local.

(Reprodução de notícias feita com autorização do ND Mais)

 

 

 

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Florianópolis vista desde a estação espacial da Nasa – A extraordinária imagem do Sul do Brasil

A Nasa divulgou no início desta semana a imagem do litoral Sul do Brasil, feita desde a Estação Espacial Internacional (ISS), que orbita a 400 quilômetros de altura.
Nela, aparece em primeiro plano a costa do Rio Grande do Sul e ao fundo a Ilha de Santa Catarina.
A foto ilustra uma matéria em que a Agência Espacial Americana, cita “o ponto mais ao sul do Brasil, na fronteira com o Uruguai”.
Além de Florianópolis, na imagem pode-se ver o Guaíba e as lagoas Mirim, Mangueira e dos Patos.

Imagens da região central da Capital
Em 2015, a Nasa tinha divulgado duas fotos da região central de Florianópolis.
A primeira imagem é iluminada pelo reflexo parcial do sol. Segundo a Nasa, esse brilho solar revela detalhes na superfície da água, especialmente as raias de vento e a ‘trilha’ de um barco.
A água ao Sul da cidade (à direita) é muito mais brilhante que ao do Norte, provavelmente porque os morros da cidade protegem as superfícies da água do vento, levando a águas mais calmas e um reflexo mais brilhante.
Ainda de acordo com a Nasa, no dia da fotografia, os ventos sopravam do Norte (canto superior esquerdo), o que significa que as águas estavam mais calmas ao Sul da cidade.
A segunda foto foi tirada 31 segundos após o ponto de claridade se afastar da vista e mostra características bastante diferentes na água – especialmente o fluxo marrom e lamacento de um pequeno riacho (Rio Tavares) que entra na baía perto do aeroporto.
A maioria da costa mostra tonalidades marrons na água que surgem, segundo a Nasa, da ação das ondas que agitam as lamas da costa e da poluição da cidade.

(Todas as imagens são da Nasa/ISS)

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Agendas

Scooters elétricos, similares a motos, podem circular em ciclovias? E na passarela da Ponte Hercílio Luz?

Nos últimos meses tem aparecido um novo tipo de veículo pelas ruas e, principalmente, pelas ciclovias da cidade.
São os ‘possantes’ scooters elétricos, muito parecidos às tradicionais motocicletas, em tamanho e formato.

Porém, nada impede que estes modernos aparelhos disputem espaço com bicicletas e, às vezes, com pedestres.

“Existe uma lacuna na lei que impede a fiscalização desses veículos por parte das autoridades”, explica o subcomandante da Guarda Municipal de Florianópolis, Ricardo Souza.

Ele se refere à falta de uma regulamentação clara por parte do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Segundo reportagem do G1 em 2019, duas resoluções do Contran regulamentam os patinetes e scooters.
A Resolução 465, de 2013, estabelece os parâmetros para os chamados equipamentos de mobilidade individual autopropelidos.

Ela prevê que veículos cujas medidas iguais ou menores do que a de cadeiras de roda, não precisam ser emplacados, e podem ser conduzidos por qualquer pessoa.

Para isso, devem ter até 1,15 metro de comprimento, 70 cm de largura e 92,5 cm de altura.

A maioria dos scooters ‘possantes’ que circulam por Florianópolis tem 1,7 metro de comprimento e atinge 60 km por hora

O G1 consultou o Departamento Nacional de Trânsito, Denatran.

Em nota, o órgão afirmou que “os veículos elétricos de pequeno porte, como bicicletas, scooters e patinetes ainda não são regulamentados pelo Código de Trânsito Brasileiro, mas o tema tem sido objeto de estudos pelo Denatran”.
Questionado se mesmo os veículos considerados ciclo-elétricos seguem sem regulamentação, apesar das resoluções, o Denatran confirmou a informação.

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Entre as 50 cidades mais populosas do Brasil, Florianópolis tem a segunda menor mortalidade por Covid-19

Entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, Florianópolis ficou na segunda posição com relação à taxa de letalidade pela Covid-19, atrás apenas de Campo Grande.

Estudo da Universidade de Viçosa, em Minas Gerais, mostra que na capital catarinense morreram cinco pessoas (exatamente 5,19) a cada 100 mil habitantes.

Embora publicada em 12 de julho, a pesquisa toma como base quando Florianópolis tinha 26 óbitos, em 5 de julho.
Atualmente, são 31.
O estudo
Conforme informado pelo site do projeto da tese, que aborda estudo de modelos para propagação de epidemias, os dados considerados para os levantamentos são todos compilados de fontes oficiais, como sistemas das cidades e estados.

Mais informações sobre o projeto e os relatórios podem ser acessados no site https://covid19br.wcota.me/#main.

Dados oficiais
De acordo com informações da Secretaria municipal de Saúde desta terça-feira, 14, a Capital possui 1.091 pacientes infectados e acumula 31 óbitos.

O Rt, indicador que mede o número efetivo de reprodução da Covid-19, está entre 1.0416 e 1.1565.
Incluindo os testes feitos pela iniciativa privada, a Capital contabiliza 18.994 mil testes aplicados.

Os dados atualizados diariamente podem ser acompanhados pelo site https://covidometrofloripa.com.br/.

Confira, aqui, o relatório completo

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Reportagens Especiais

Na Beira Mar Norte – Centro ganha primeira escultura em homenagem a um cachorro

Harry era um ex-cachorro de rua que durante anos frequentou o trapiche da Avenida Beira Mar. Conhecido por todos, ele acompanhava as atividades dos pescadores locais.
Após ser adotado por uma professora, numa comunidade carente do Norte da Ilha, ela se mudou para o Centro o levava ali para seu passeio favorito.
Era conhecido como o cachorro da bolinha, porque andava com balões na boca, segurando na ponta, sem estourar.
Participou até de propagandas e comerciais.
Após a sua morte em 2019 iniciou-se uma campanha para eternizar a sua figura, e também de todos os ‘cachorros vira-latas’.
Após a autorização da prefeitura municipal, este mês começaram as obras da homenagem, uma doação privada ao município que deverá estar concluída em agosto.
É um banco sobre o qual estará a escultura de Harry, junto com uma bolinha, chumbada no concreto.
Segundo a placa de apresentação, a obra será implantada de maneira lúdica “em um estar urbano, compondo o cenário para uma fotografia com a paisagem”.

A história de Harry está no Youtube:

A explicação do Ipuf
Segundo o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), a doação foi uma iniciativa de uma professora universitária que adotou o cão Harry.
Objetivo é homenagear os animais, em especial os que foram abandonados, mas que merecem cuidados e respeito.
Por ter sido uma doação ao município, a iniciativa foi analisada tecnicamente pela Rede de Espaços Públicos, mas a PMF não desembolsou nenhum valor.
O investimento foi todo privado, cabendo ao poder público apenas a autorização.

(As imagens atuais são de Billy Culleton. As do cão Harry, do Youtube. E as de perspectiva, do Ipuf)

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Agendas

Capotamento na Via Expressa complica o trânsito na saída da Ilha, na tarde desta segunda-feira

Um carro que ia do Continente à Ilha capotou e atravessou o canteiro central, na Via Expressa, pouco antes da entrada das pontes, em Florianópolis.
O acidente, em torno das 16h30min, causou um enorme congestionamento na Ponte Colombo Salles e nas suas principais vias de acesso, no Centro.

O veículo transportava duas mulheres, de 40 e 50 anos, que não tiveram lesões graves.

Confira o vídeo:


(Com informações e imagens da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros)

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Atualidade

Coronavírus no Centro – Confirmados aumentam 55% num mês e casos ativos dobram a cada 10 dias

Os casos confirmados de Covid na região central da Capital chegaram a 365, neste final de semana, um aumento de 55% com relação ao dia 12 de junho, quando eram 234.
A maioria são homens (53,5%).

Há 30 dias tinha ocorrido apenas um óbito no Centro. Agora, são quatro.

Atualmente, há 109 casos ativos. Em 23 de junho, o Floripa Centro mostrou que existiam 36 casos ativos.
Ou seja, em 20 dias houve um aumento de 200%, ou, em média, 100% a cada 10 dias.

Já os pacientes recuperados somam 252.
Em 23 de junho, eram 190.

As informações constam no Covidômetro, instrumento on line atualizado diariamente pela Prefeitura da Capital.
Nele, o bairro Monte Serrat (atrás do IFSC, na Mauro Ramos) aparece separado, porém, oficialmente, faz parte do Centro.
Por isso, o Floripa Centro soma os dados para dar o panorama da região central de Florianópolis.

Perfil dos infectados
Na região central, chama a atenção que 60% dos casos ativos são homens, enquanto que no total da cidade representam 49%.
Já no Monte Serrat, dos 28 casos ativos, 54% são do gênero feminino e 46%, masculino. Nesta comunidade, há seis casos ativos que são crianças com até nove anos.

Confira mais informações: 

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Histórias do Centro

O Parque da Luz já foi morro – Entulho do antigo cemitério, com ossadas, foi usado para aterrar a Beira Mar Norte

Por Billy Culleton
Em 1960, começaram as obras do aterramento que deram origem à Avenida Beira Mar Norte.
Para isso, terra e entulho carregados por caminhões foram ganhando terreno sobre o mar.
E a principal fonte foi o morro mais próximo, onde funcionou o cemitério municipal até 1924 e que atualmente é o Parque da Luz.

Parque da Luz na década de 1990 (Arquivo pessoal)

Fotos do início do século passado mostram que a área tinha uma altura de, pelo menos, 50 metros.

Foto desde o Continente, de 1910, mostra a elevação do cemitério (Acervo Antônio Pirajá Martins da Silva/Casa da Memória)

Num mapa de Desterro de 1774 o local é denominado Monte de Rita Maria.

No centro da planta, Monte de Rita Maria (acervo de Rodrigo Dalmolin)

Quando o cemitério foi desativado, dois anos antes da inauguração da Ponte Hercílio Luz, os restos mortais foram transferidos para o atual Cemitério do Itacorubi.

Mas, nem todos!
Como descreve a historiadora Elisiana Castro.
“Os termos de exumações apresentam aproximadamente 800 exumações e algumas retiradas de ossadas, não permitindo afirmar a transferência de todos os que ali estavam enterrados”, relata ela, na pesquisa “Aqui jaz um cemitério: a transferência do cemitério público de Florianópolis (1923-26)”, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Isto porque, os termos de exumações apontam que o número de sepultados aproximava-se dos 30 mil, na época da transferência.

O cemitério visto desde a Ilha: já tem guindastes trabalhando na construção da Ponte (Casa da Memória)

Na Praça da Bandeira, terra com ossadas
A mudança deixou para trás alguns túmulos, ossos e lápides, que se transformaram em entulho para aterros por toda a cidade.
Logo após a desativação do ‘campo santo’, o que sobrou (terra e escombros com ossos e lápides) foram usados, por exemplo, para o aterramento da Praça da Bandeira, na frente da Assembleia Legislativa.

Praça da Bandeira (Divulgação: TJ/SC)

“A terra era carregada por carroças, caçambas e caminhões. Na Praça da Bandeira, se encontravam ossadas dos defuntos que foram tirados junto com a terra do cemitério”, contou o florianopolitano Waldir Vargas, em depoimento a Edna Rosa, autora da pesquisa “A relação do crescimento urbano de Florianópolis com as áreas dos cemitérios”, divulgada pela UFSC, em 1998.

Historiador de 91 anos relembra aterro
Décadas depois, o local que era chamado de Colina da Vista Alegre, Morro do Barro Vermelho ou, simplesmente, Morro do Cemitério foi a principal ‘jazida’ para a construção da Beira Mar Norte.
No início, a avenida tinha quatro pistas, duas para cada lado. Só na década de 1980 é que foi ampliada para seu formato atual.

Embora o Floripa Centro não tenha encontrado registros oficiais sobre o uso do morro para o aterro, a tradição oral ‘dos mais antigos’ confirma o fato.
“Lembro perfeitamente dos caminhões sendo carregados no antigo cemitério para construir a Beira Mar”, conta o professor Nereu do Vale Pereira, de 91 anos, um dos mais antigos historiadores vivos de Florianópolis.

E, assim, o local que sedia o agora ‘aplainado’ Parque da Luz passou por duas grandes transformações em menos de um século: deixou de ser cemitério… e deixou de ser morro!

Em 1925 (foto de Felipe Bündgets) e em 2020 (foto Billy Culleton)

Confira mais fotos da área (a foto de abertura é de Felipe Bündgets, na obra ‘Ponte Hercílio Luz, do sonho à realidade’):

Novas informações a partir da interação dos leitores:
“Vale lembrar uma curiosidade:
O administrador do ‘novo’ cemitério do Itacorubi, tio avô do também historiador Ney Cláudio Franzoni Viegas, ficou semanas para inaugurar o cemitério.
Não morria ninguém!
Advinha quem foi o primeiro a ser enterrado!?
O próprio! Ora, ora!”
(Ricardinho Machado)

“Outra curiosidade sobre cemitérios antigos de Florianópolis.
Atrás da igreja São Francisco tem o Centro comercial “ARS”, praticamente o primeiro shopping da cidade e primeiro prédio da cidade com escada rolante.
Onde hoje se situa o ARS, era o cemitério da igreja São Francisco, que por tradição, cemitérios eram edificados ao lado ou nos fundos das igrejas.
Lembrando que era também, normal sepultar os “nobres”, dentro das igrejas.”
(J.I.Cibils)

“Na realidade era o Monte de Rita Maria, basta consultar a planta da vila de 1774” (Rodrigo Dalmolin, que enviou o mapa em que aparece escrito o Monte de Rita Maria)

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