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Atualidade

Mesmo tamanho e mais nova – Semelhanças e diferenças entre a ponte das Olimpíadas, em Tóquio, e a Hercílio Luz

Quem acompanha a cobertura dos jogos olímpicos pela televisão percebe que um dos cenários mais mostrados da cidade de Tóquio é a Rainbow Bridge.

A ponte, um dos símbolos modernos do Japão, apareceu com destaque no vídeo de abertura das Olimpíadas e diariamente serve de fundo nas transmissões da TV brasileira.

Apresentadores utilizam o cartão postal como cenário de fundo (Imagem do G1)

Na frente da estrutura, inclusive, foi instalado o emblema das Olimpíadas.
E o design da Ponte do Arco-Íris remete diretamente à nossa Hercílio Luz.

O tamanho também é similar: a japonesa mede 798 metros de comprimento, contra 821 da catarinense.

Ponte cruza a Baía de Tóquio (Wikipedia)

A ‘diferença de idade’, no entanto, é muito maior: o cartão postal de Florianópolis foi inaugurado em 1926, enquanto a ponte asiática foi concluída em 1993.

Iluminação cênica
A estrutura cruza a Baía de Tóquio até Odaiba, um grande centro comercial, com escritórios, lojas e restaurantes.

Ao entardecer, a ponte ‘se veste’ de vermelho, branco e verde.
Essas luzes coloridas, alimentadas por energia solar, são a origem do nome.

Os diferentes tons da Rainbow Bridge à noite (Wikipedia)

Além da diferença de quase sete décadas, a Ponte Hercílio Luz tem uma característica que a distingue de qualquer outra no mundo: é a maior ponte pênsil sustentada por um sistema de barras de olhal.

A Hercílio Luz vista desde o Estreito (Billy Culleton)

(A imagem de abertura é do vídeo oficial da abertura dos jogos olímpicos)

Reportagem relacionada:
Conheça as dez pontes pênseis no mundo mais parecidas com a Hercílio Luz

 

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Histórias do Centro

Década de 1920 – Conflito entre ‘taxistas’ de Florianópolis: carruagens perdem espaço para os automóveis

Apoio cultural: Audioprev

Há pouco mais de um século, apareceram os primeiros chauffers no Centro de Florianópolis, oferecendo o serviço de táxi nos modernos automóveis.
Até então, esse tipo de transporte era exclusividade dos cocheiros, com suas carruagens puxadas por cavalos.

Por isso, a chegada da inovação provocou o enfrentamento das duas categorias, como aconteceu recentemente entre motoristas de aplicativos e taxistas.

Uma reportagem do jornal Folha Nova, de 1926, mostra a preocupação dos cocheiros com a popularidade do ‘auto’ em detrimento do ‘carro’, como se chamavam antigamente as carruagens.
A nevrose da velocidade e da elegância fez o automóvel rechassar de todas as cidades, quase completamente, a presença dos carros de tracção animal. Raro é a capital, e até mesmo povoado do interior, em que o carro tenha conseguido defrontar o arrogante concurrente”, diz o texto de 18 de novembro daquele ano, disponibilizado pela Biblioteca Pública do Estado, por meio da Hemeroteca.


Mas ainda são procurados pelo público?”, questiona o repórter, ao ‘antigo e estimado cocheiro, sr. Pepino’.
Naturalmente. Os autos nos fazem muito mal, mas estamos nos aguentando”, foi a resposta.
Há muita gente que nos dá preferência. Somos mais baratos e menos vaidosos”.

Chauffers dos modernos táxis (imagem da reportagem da Folha Nova)

Mas, logicamente, em poucos anos os cocheiros acabaram desaparecendo da paisagem de Florianópolis, sendo substituídos pelos chauffers, que dirigiam os inovadores veículos movidos a gasolina.

Confira as exigências para os cocheiros, em 1903 (Jornal O Dia):

Os cocheiros em imagem do jornal Folha Nova

Grave acidente envolve carruagem, em 1908 (Jornal O Dia):

‘Carro’ de luxo transportando autoridades catarinenses, em Florianópolis, no início do século passado (Casa da Memória)

Anúncio de venda, em 1917 (Jornal O Dia):

(A imagem de abertura é acervo da Casa da Memória)

 

 

 

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Reportagens Especiais

Museu Naval reabre no Centro de Florianópolis – Uma viagem pela história: armas, barcos e gaiola para piratas

Um espaço que conta a história do Brasil Império desde a ótica da Marinha do Brasil está à disposição da população, com entrada gratuita.

O Museu Naval, inaugurado no Centro de Florianópolis em 2016, foi reaberto este mês, após 16 meses fechado por causa da pandemia.

Entre os destaques da exposição permanente há raridades como o primeiro esboço do brasão do Império Brasileiro, peças originais de Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II.

Tem, ainda, uma réplica da máscara mortuária de Napoleão Bonaparte.

Localizado no histórico Forte de Santa Bárbara, construído há 250 anos, o acervo conta com cerca de 2 mil peças.

Além de modelos de barcos utilizados na Guerra do Paraguai, armas e as primeiras moedas cunhadas no Brasil, há curiosidades como uma réplica da gaiola para piratas (usada para encarcerá-los dentro dos navios) e barris de pólvora, feitos de madeira.

Também há preciosidades como armas imperiais, um telégrafo original e antigos instrumentos de navegação.

Recomendação do Floripa Centro: um ótimo programa para adultos e crianças!

Serviço
– Visitação: de terças a sábado, das 10h às 17h.
– Custo: gratuito.
– Endereço: Rua Antônio (Nico) Luz, 260, esquina com a Avenida Hercílio Luz.
– Agendamento para grupos: (48) 3225-3896.

(A imagem de abertura é divulgação da Marinha do Brasil. As demais fotos são de Billy Culleton)

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Reportagens Especiais

Homenagem a Anita Garibaldi no Centro de Florianópolis – Há 182 anos era proclamada a República Catarinense

Apoio cultural: Audioprev

Nesta quinta-feira, 22, foi aberta a exposição “Anita Garibaldi 200 anos: Vida, Coragem e Paixão”, no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa, no Centro de Florianópolis.
A mostra é uma homenagem à ‘heroína de dois mundos’ no bicentenário do seu nascimento, comemorado em 30 de agosto de 2021.

A data escolhida para a abertura, 22 de julho, representa a tomada de Laguna pelos Farrapos, ocorrida neste dia em 1839. .
Uma semana depois, em 29 de julho, foi proclamada a República Catarinense, há exatos 182 anos.

A também chamada República Juliana, foi proclamada por David Canabarro e Giuseppe Garibaldi, a partir da tomada de Laguna e formou uma confederação com a República Rio-Grandense.

Porém, quatro meses depois as forças do Império retomaram o poder no Estado.

Exposição
A exposição está dividida em dois ambientes: a parte interna conta com obras de arte que retratam Anita Garibaldi e a parte externa (jardim) terá painéis com textos e imagens que contam passagens importantes da vida da protagonista.

Há peças do acervo do próprio Museu Histórico, do Museu Nacional do Mar e do Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), além de uma tela da artista Vera Sabino que será exposta pela primeira vez.

O conteúdo da exposição foi elaborado durante vários meses por uma equipe que reuniu técnicos de diferentes setores da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).

Giussepe Garibaldi e Anita, em tela que faz parte do acervo do Museu Histórico de SC (Divulgação FCC)

Visitação agendada
A visitação à mostra ocorrerá mediante agendamento, com grupos pequenos e seguindo os protocolos de segurança para evitar contágios pela Covid-19.

Os interessados deverão entrar em contato pelo e-mail mhsc@fcc.sc.gov.br e aguardar a resposta confirmando a data e horário para visitação.

As informações históricas presentes na exposição estarão disponíveis para consulta no site do MHSC, por meio de uma pesquisa expandida. Além disso, o conteúdo dos painéis informativos externos foi gravado e poderá ser ouvido.

Ano de Anita
O Governo do Estado instituiu o Ano Comemorativo do Bicentenário de Nascimento de Anita Garibaldi por meio de decreto.

Desde 2019, a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) vem para promover e difundir a história da heroína catarinense.

O grupo é composto por diversos órgãos públicos, como Secretarias de Estado e prefeituras, além de entidades públicas e privadas.

O calendário internacional das comemorações, onde estão inseridas ações de todos os entes que compõem o grupo, vem sendo organizado pelo Instituto CulturAnita, de Laguna e, na Itália, pelos parceiros Museu e Biblioteca Renzi, Instituto Garibaldi Da Vinci e Associação Nacional dos Veteranos Garibaldinos.

(Com informações da FCC. A imagem de abertura mostra a agonia de Anita, em tela de 1849, cedida pelo Museo del Risorgimento de Milão para a exposição)

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Reportagens Especiais

Regularização da rede de esgoto – Prefeitura dá ultimato a 1 mil proprietários de imóveis no Centro

Cerca de 1 mil imóveis do Centro de Florianópolis recebem, a partir desta semana, um último comunicado para agendar a inspeção gratuita do ‘Floripa Se Liga Na Rede’ e comprovar que estão com as suas ligações de esgoto regularizadas.

São prédios, comércios e casas que já foram inspecionados, apresentaram algum tipo de problema, não regularizaram a situação e seguem, portanto, irregulares.

Todos os imóveis pendentes já tiveram seus dados repassados aos órgãos de fiscalização, mas ainda podem se antecipar às multas, intimações e autuações agendando a inspeção do ‘Floripa Se Liga Na Rede’.

Irregulares chegam a 73%
O último balanço sobre a fiscalização no Centro aponta inspeções em 2 mil imóveis, sendo que 73% estavam irregulares.
Muitos destes regularizaram a situação, mas ainda há em torno de 1 mil que devem se adequar às normas.

Proprietários de imóveis já inspecionados e considerados irregulares devem, concluídas as obras de adequação, entrar em contato novamente para que o ‘Floripa Se Liga Na Rede’ possa realizar novos testes e comprovar a regularidade, finalizando o processo.

Para agendar a inspeção, o responsável deve enviar mensagem de WhatsApp para (48) 98821-6499.

O programa
O ‘Floripa Se Liga Na Rede’ é um programa da Prefeitura Municipal de Florianópolis, realizado em parceria com a Casan e executado pela Echoa Engenharia, que busca promover a correta ligação dos imóveis da cidade à rede coletora de esgoto, atendendo bairros específicos por vez.

Sendo uma das frentes da política de saneamento básico da Capital, o programa oferece uma consultoria técnica e gratuita que analisa se o esgoto do imóvel está ligado de forma correta ou não à rede.
O agendamento da inspeção fica a cargo do morador ou proprietário.

(Com informações e imagens da PMF)

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Agendas

Guarda Municipal combate os ambulantes ilegais nas ruas do Centro de Florianópolis

Os ambulantes que trabalham nas vias centrais de Florianópolis não puderam estender os tapetes para oferecer os seus produtos, nesta terça-feira, 20.

Tudo por causa de uma ação conjunta de vários órgãos da Prefeitura Municipal que buscam coibir a atividade de vendedores ilegais que atuam no Centro.

Na chamada “Operação Tapete Persa”, agentes da Guarda Municipal e fiscais da Susp ocuparam as principais ruas onde se concentram os ambulantes irregulares, em sua maioria, imigrantes latino-americanos e africanos.

Guarda ocupou as principais vias do Centro (Divulgação GMF)

O secretário municipal de Segurança, Araújo Gomes, disse que a ação busca combater a comercialização de produtos falsificados, contrabandeados e de origem duvidosa.

“A iniciativa tem por finalidade sufocar as práticas ilegais para que o Centro continue adequado para o uso da população”.

Gato e rato: no dia-a-dia, ambulantes recolhem as mercadorias rapidamente ao perceber a chegada da fiscalização (Billy Culleton)

Dezenas de regularizados
Nas ruas do Centro há dezenas de ambulantes que estão regularizados perante a Prefeitura há anos.

Entre eles, os vendedores de pipoca, caldo de cano e de meias, além dos artesãos que ocupam parte do calçadão da Conselheiro Mafra, na frente da prédio da Alfândega.

(Com informações da GMF)

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Atualidade

Apoie o Floripa Centro – Portal inicia campanha de financiamento coletivo pelo Catarse

Para continuar oferecendo conteúdo relevante e gratuito, o Floripa Centro começa nesta terça-feira, 20, uma campanha de financiamento coletivo por meio da plataforma Catarse.

Há quatro opções de colaboração mensal: para ‘pessoas comuns’, a partir de R$ 15, e para empresas que queiram associar a sua marca às publicações, a partir de R$ 100.

Dúvidas frequentes

— O que é o Catarse?
O Catarse é um espaço para aproximar pessoas que desejam viabilizar financeiramente determinado projeto.
Nesta plataforma, as iniciativas tornam-se realidade a partir da colaboração de pessoas que acreditam e se identificam com elas.

— Como funciona o apoio?
Essa parceria tem dois protagonistas: o Realizador e os Apoiadores.
E um cenário: a página do projeto, onde está a descrição da iniciativa.
É nessa página que os apoiadores fazem o pagamento.

— Posso cancelar o apoio mensal?
Caso não queira mais contribuir com o projeto, o assinante pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.
Isso é feito através do seu próprio perfil, no Catarse.
Se, no futuro, o usuário quiser voltar a assinar a campanha, poderá reativar a assinatura também através do seu perfil.

— Como apoiar um projeto?
Para apoiar o projeto é muito simples.

Confira o passo-a-passo:
1. Acesse a página do projeto, neste link https://bit.ly/370R6LP
2. Clique no botão ‘Apoiar este projeto’;
3. Defina o valor do seu apoio e a recompensa;
4. Clique em ‘Continuar’;
5. Se você não estiver cadastrado no Catarse, será direcionado para a página de cadastro;
6. Preencha seus dados e clique em ‘Próximo Passo’;
7. Escolha a forma de pagamento para concluir o apoio (pode ser cartão de crédito ou boleto bancário) e clique em ‘Finalizar Pagamento’ (ou ‘Imprimir boleto’);

Pronto! Agora, só resta desfrutar do agradecimento dos criadores do projeto.

— O valor do meu apoio é público?
Não, apenas o realizador do projeto sabe com qual quantia você contribuiu para o projeto dele.

— Quero apoiar o Floripa Centro, mas não pelo Catarse: o que faço?
Nesse caso, pode enviar um Pix para o CPF 575.094.500-63

História do Floripa Centro
Criado em 15 de maio de 2019, o Floripa Centro é um portal especializado em resgatar a memória de Florianópolis e abordar assuntos do cotidiano da região central da Capital.

Em dois anos, já foram publicadas mais de 800 matérias jornalísticas, sendo 100 delas, reportagens históricas, que podem ser acessadas na seção ‘Histórias do Centro’.

O Floripa Centro conta com anúncios automáticos do Google e, eventualmente, exibe banners comerciais.
A arrecadação por meio destes anúncios, no entanto, é insuficiente para manter o portal.
Por isso, esta iniciativa de pedir a colaboração por meio do financiamento coletivo no Catarse.

Confira a descrição de Billy Culleton, fundador do Floripa Centro:

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Agendas

Turismo nos morros do Centro – Comunidade oferecerá visitas guiadas a mirantes, parques e locais históricos

Além das belezas naturais, o Maciço do Morro da Cruz, no Centro de Florianópolis, guarda a história das comunidades que ali residem há mais de 150 anos.

Um exemplo é o Monte Serrat, que a partir de 1860 começou a abrigar escravos fugidos ou libertos, que viviam em choupanas e ranchos de madeira, ao redor dos quais plantavam pequenas roças.

É justamente nesta comunidade que será lançado, nesta segunda-feira, 19, o projeto de Turismo de Base Comunitária.
O encontro será online, mas no sábado, 24, haverá reunião presencial na Igreja de Monte Serrat.

A ideia do Instituto Padre Vilson Groh (IVG) é levar visitantes para conhecer a história e cultura da região e envolver os próprios moradores na recepção, acolhimento e condução desses turistas.
Busca-se, assim, fomentar a geração de renda e reconhecimento para a comunidade.

Atrativos:

Mirante na caixa d’água mais antiga de Florianópolis: inaugurado em 1910, tem uma bela praça no entorno.

Passeio no Parque do Maciço do Morro da Cruz: extensa área verde, com lagos, trilhas e mirantes.

Sede da Escola de Samba Copa Lord: uma das mais tradicionais da cidade, foi fundada em 1955.

Fonte das lavadeiras: ‘expulsas’ do Centro há um século, continuaram com a atividade no Monte Serrat.

Mirante do Morro da Cruz: localizado ao lado das antenas, oferece um visual deslumbrante da Ilha, a 300 metros de altura.

São correalizadores do projeto ‘Turismo de Base Comunitária no Monte Serrat’ o Sebrae, o Conselho Comunitário, a Pastoral Monte Serrat e a Viajar Faz Bem.

Conheça a história do Monte Serrat:
– O Monte Serrat é uma das áreas ocupadas mais antigas dos morros de Florianópolis e foi historicamente excluída das ações de implantação de infraestrutura e serviços urbanos da cidade.

– A ocupação, que começa em 1860, teve três fases.

– A primeira, foi por escravos fugidos ou libertos que viviam em pequenas choupanas e ranchos de madeira, ao redor dos quais plantavam pequenas roças.

Imagem do caminho no Monte Serrat que ligava ao Centro: ao fundo, a Catedral (Foto: acervo Instituto Histórico e Geográfico de SC)

– A segunda fase ocorreu a partir da década de 1920, decorrente das mudanças urbanas sanitaristas que expulsaram os pobres do Centro da cidade.

Casinhas no início do Morro, na década de 1920 (Foto: acervo Instituto Histórico e Geográfico de SC)

– A terceira, foi durante as décadas de 1950 e 1960, com a migração de população negra empobrecida de Biguaçu e Antônio Carlos que buscava trabalho na construção civil.

– O nome originou-se a partir de uma imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat que chegou de navio a Florianópolis, em 1927, e foi levada em procissão até a capela do então morro da Caixa d’Água.

– As primeiras lajotas foram colocadas no morro em 1983.

– O padre Vilson Groh chegou para morar no Monte Serrat em 1983 e incentivou a organização de movimentos sociais. Assim, ele estreitou os laços com a comunidade, reivindicando melhores condições de vida para a população excluída das políticas públicas.

– O ônibus começou a atender a comunidade em 1993.

Reportagens relacionadas:

População negra no Centro – Estratégia higienista do século passado expulsa lavadeiras para os morros

Aproximação entre o morro e o Centro – Feira gastronômica e cultural busca mostrar potencialidade do Monte Serrat

Programa de Economia Criativa
O projeto faz parte do Programa de Economia Criativa do IVG, que, no ano passado, desenvolveu a Chamada de Impacto Monte Serrat.
O objetivo do programa é empoderar os pequenos empreendedores das comunidades empobrecidas da Grande Florianópolis, por meio de capacitações, gerar visibilidade e reconhecimento e, dessa forma, fomentar a produção de emprego e renda local.

Objetivos da ONU
O IVG é signatário do movimento Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU em Santa Catarina e desenvolve projetos que impactam positivamente o planeta. Especificamente no Programa de Economia Criativa, são contemplados os ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), ODS 10 (Redução das Desigualdades) e ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação).

(Esta reportagem foi feita com base em informações do IVG, na tese de doutorado em Geografia (UFSC) de André Luiz Santos chamada “Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis”. E também no livro “A Sociedade sem Exclusão do Padre Vilson Groh”, de Camilo Buss Araújo.)

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Histórias do Centro

Forte de Santa Bárbara – Construído numa pequena ilha há séculos, resistiu à modernidade e foi incorporado ao Centro

Por Billy Culleton
No início da década de 1770, uma pequena fortaleza foi erguida para proteger a parte Sul da vila de Nossa Senhora do Desterro.

A acanhada edificação do Forte de Santa Bárbara ocupava grande parte da área de uma diminuta ilha, ligada à região central da cidade por uma pequena ponte em arcos de alvenaria.

O imóvel em 1905 (acervo de Apparecido Jannir Salatini, reproduzido do livro “Ilha de Santa Catarina: Florianópolis”, de Gilberto Gerlach, via site Fortalezas.org)

A fortificação era guarnecida por uma espessa muralha, onde existiam 13 canhões, que nunca foram usados, mas que estavam disponíveis para repelir qualquer navio inimigo que viesse a ultrapassar a Forte de Araçatuba, no extremo Sul da Ilha de Santa Catarina.

Plano espanhol com a vista do Forte, em 1778 (Arquivo do Serviço Histórico Militar de Madrid, via site Fortalezas)

Atualmente, o imóvel, que sofreu várias modificações, é o Centro Cultural da Marinha, no coração do Centro de Florianópolis, na Avenida Hercílio Luz, próximo ao Terminal Urbano.

O imóvel na atualidade (Google Street)

Data inexata
A data exata da construção é desconhecida
O primeiro registro aparece num mapa da cidade de 1774, nomeado como ‘Forte Novo’.

Planta de Desterro em 1774 (Reprodução do livro ‘Florianópolis – Memória Urbana’)

A planta não consta no levantamento das fortalezas realizado por José Custódio de Sá e Faria, em 1760.

O ‘Forte de Santa Bárbara da Praia da Vila’ (nome original)  também aparece no mapeamento realizado, em 1786, pelo Alferes José Correia Rangel.
Nesse documento, é representada com planta no formato de um polígono irregular, levantada em alvenaria de pedra e cal.

Plano espanhol do Forte em 1778 (Arquivo do Serviço Histórico Militar de Madrid, via site Fortalezas)

Sede do governo
Já sem a necessidade de proteção da vila, na primeira metade do século XIX, a edificação serviu como enfermaria militar.

Em 1871, foi demolido o Quartel de Tropa e acrescido um galpão de dois pavimentos, destinado à recepção dos imigrantes que chegavam a Santa Catarina, diz a urbanista Eliane Veiga, no livro “Florianópolis – Memória Urbana”.

Forte quando ainda era banhado pelo mar (Acervo Casa da Memória, via site Fortalezas)

Em 1875, nova reforma no imóvel deu a atual ‘aparência eclética, com frontão clássico e janelas neogóticas’, com o objetivo de abrigar a Capitania dos Portos, que ficou no local até 1999.
Durante o ano de 1893, na Revolução Federalista, é utilizada como sede provisória do Governo do Estado.

Imagem antes do aterro (Casa da Memória)

Novas intervenções
Durante a primeira metade do século XX, novas intervenções foram sendo introduzidas no conjunto, descaracterizando-o completamente e dando-lhe as linhas arquitetônicas características dos anos 30 (que conserva até hoje), informa o site Fortalezas.

A partir da década de 1960, sucessivos aterros no seu entorno acabaram ligando o forte às vias centrais da cidade.

Ao fundo, o primeiro aterro no final da década de 1960 (Acervo Udesc)

Nos anos seguintes, houve um grande debate sobre a possibilidade de sua demolição para priorizar a mobilidade urbana.
A ideia foi rechaçada e em 1984, o forte foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Entrada do atual Museu Naval, no Centro de Florianópolis (Billy Culleton)

Em 1999, o conjunto foi cedido pelo 5º Distrito Naval ao Município de Florianópolis, passando a abrigar, em 2001, a sede da Fundação Cultural Franklin Cascaes.

Quatro anos depois, retornou à gestão da Marinha do Brasil.

O único canhão exposto na parte externa do Museu (Billy Culleton)

Em 2016, a Marinha reformou a construção, que passou a abrigar o Centro Cultural da Marinha em Santa Catarina e o Museu Naval.

(Esta reportagem foi feita com base em pesquisas no site Fortalezas.org, no livro “Florianópolis – Memória Urbana” e no site da Marinha do Brasil. A imagem de abertura é uma versão colorizada da Vista da Vila de Desterro, de Tilesius von Tilenau, 1803-1804, e é acervo de Paschoal e Ruth Grieco, reproduzido do livro “Desterro: Ilha de Santa Catarina”, de Gilberto Gerlach, via site Fortalezas.)

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Atualidade

O que as paredes do Centro falam – ‘Que as dores virem músculos’, ‘Endinheirados de bom gosto’ e ‘Mais amor’

Em tempos em que a maioria das ideias está no campo virtual, mensagens em postes e muros da cidade são uma mostra de resistência e materialidade, que provocam e remetem à reflexão.

O manifesto quase utópico, na cabeceira insular da Ponte Hercílio Luz, pede mais amor e contato próximo com a natureza
No muro de uma academia da cidade, o anseio de quem passou dos 50…
O antiquário da Rua General Osório expressa, na vitrine, o desejo dos proprietários
No Terminal Urbano Cidade de Florianópolis, o sonho nosso de cada dia
Na Rua Saldanha Marinho, videomonitoramento pela fofoca para combater a bituca

(Imagens de Billy Culleton)

 

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Reportagens Especiais

Blitz busca coibir ação de catadores de recicláveis clandestinos no Centro de Florianópolis

Todas as tardes as ruas do Centro de Florianópolis são invadidas por caminhonetes e pequenos caminhões que disputam, principalmente, o material reciclável separado pelo comércio e condomínios.

O ‘lixo’ é colocado nas calçadas dos edifícios e lojas, no final do dia, em grandes sacos plásticos, para recolhimento da Comcap.

Esses veículos ilegais, geralmente em péssimo estado de conservação, carregam o material para posterior separação e venda dos objetos mais valiosos, como latinhas e papelão.

A maioria dos depósitos está localizada em São José e Palhoça e não tem alvará de funcionamento.

Fiscalização envolveu a Guarda Municipal (Divulgação PMF)

Por que proibir?
Proibir a ação destes trabalhadores seria condenável, caso não fossem levados em consideração dois fatos relevantes.

Primeiro, o material recolhido pela Comcap é destinado integralmente para a Associação de Coletores de Materiais Recicláveis, composta por 200 famílias, que sobrevivem da doação de recicláveis da coleta pública.

O galpão do projeto está instalado no terreno da Comcap, no Bairro Itacorubi.

Trabalho de catadores no Itacorubi (Divulgação ACMR)

Outro aspecto relevante: enquanto na Associação, TODO o material reciclável é reaproveitado, os catadores clandestinos priorizam os produtos mais valiosos (como metais e papelão) e descartam o restante.

“O vidro não vale a pena vender, porque pagam muito pouco”, disse, à reportagem do Floripa Centro, um dos trabalhadores que circula pelo Centro.
“Mas, o que não comercializamos a gente coloca em sacos, na calçada, e a companhia de lixo leva”, explicou, tentando justificar o procedimento.
Só que essa sobra destes depósitos ilegais vai para o lixo comum!

Um dos clandestinos em ação no Centro (Billy Culleton)

Fiscalização próxima às pontes
Por isso, nesta quarta-feira, 14, a Prefeitura realizou uma blitz abordando os veículos com carga clandestina, principalmente, nas vias próximas à saída da Ilha e, também, no Continente.

Blitz próxima ao Mercado Público (Divulgação PMF)

A ação pretende resguardar a política municipal de inclusão dos triadores, na rede da reciclagem, conforme preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o termo de ajustamento de conduta assinado com o Ministério Público de Santa Catarina, em 2008.

Na época, os catadores que separavam recicláveis na cabeceira insular da Ponte Pedro Ivo, concordaram em deixar de percorrer o Centro com carrinhos e organizaram-se no galpão cedido pela Comcap, no Itacorubi.

Hoje, além da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis, há mais seis associações e cooperativas instaladas em Florianópolis.
São 370 pessoas e 200 famílias que vivem desse material.

Ação dos clandestinos empobrece legalizados
Com a ação de clandestinos durante a pandemia, a renda dessas famílias teve uma redução de até 70%.

“Vamos abordar para saber de onde vem essas pessoas, quais as condições de segurança do trabalho e dos veículos, e para orientá-los que a Prefeitura de Florianópolis tem o compromisso de proteger os catadores organizados, que trabalham em galpões licenciados, inclusive para evitar que também eles voltem a trabalhar nas ruas”, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Braga.

Galpão da Comcap (Divulgação ACMR)

Segundo ele, Florianópolis é modelo nacional por ter coleta seletiva pública que abastece as associações e cooperativas.

Essa parceria evita que os catadores se exponham a riscos de trânsito e reduz a formação de lixões irregulares onde são descartados os rejeitos da coleta clandestina.

(Com informações da PMF)

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Agendas

Circuito Cidade Negra – Retrato de ex-vereador é pintado na frente da Câmara Municipal de Florianópolis

“Por tudo o que ele representa para a cidade, para a luta antirracista e para o povo negro local”.
Essa é a justificativa do artista Bruno Barbi para homenagear o ex-vereador Márcio José Pereira de Souza.

O retrato, na esquina das ruas Anita Garibaldi e Ilhéus, a 20 metros do Legislativo municipal, faz parte do Circuito Cidade Negra.

O projeto de arte urbana, no centro histórico, prevê a produção de 16 pinturas de destacadas personalidades negras da cidade.

Imagem do Instagram de Bruno Barbi

As obras estão sendo pintadas por Barbi nas caixas de telefonia (também chamadas de armários telefônicos), que ficam nas calçadas.

Único prefeito negro
O professor de Química Márcio de Souza foi vereador pelo Partido dos Trabalhadores durante 20 anos, entre 1992 e 2012.

Neto de escravos, em julho de 2010 assumiu a Prefeitura de Florianópolis por 12 dias.
Na época, o então prefeito Dário Berger tirou férias.

O vice-prefeito João Batista Nunes e o presidente da Câmara, Gean Loureiro, em conformidade com a legislação eleitoral, abriram mão para o primeiro vice-presidente do Legislativo, Márcio de Souza, assumir a administração da Capital.

Reportagem relacionada:
Personalidades negras são representadas nos ‘armários telefônicos’ pelas ruas do Centro

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