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A farsa dos termômetros digitais usados na entrada de supermercados, shoppings e igrejas no Centro

A medição da temperatura das pessoas nas entradas de grandes estabelecimentos, como supermercados e igrejas, está sob suspeita.

A maioria dos resultados aponta para uma temperatura abaixo da normal: em torno de 35º, embora a temperatura do corpo humano saudável fique entre 36,5º a 37º.
Tecnicamente, uma pessoa está sofrendo hipotermia quando a temperatura corporal for menor que 35º e, nesse caso, deve procurar atendimento médico imediato.

Segundo decreto da prefeitura, todo estabelecimento de atendimento ao público, com mais de 1 mil metros quadrados, deve medir a temperatura das pessoas antes de adentrar no local.
A iniciativa visa a conter a disseminação da Covid-19 na cidade. No caso dos templos religiosos, deve ser medida quando comporta mais de 300 fiéis.
Se a pessoa estiver com temperatura acima de 37,8º, fica proibida de ingressar ao local, e a orientação é que volte para casa e ligue para o Alô Saúde da Prefeitura de Florianópolis.
Alertado por leitores, o Floripa Centro foi às ruas da região central da cidade: em nove estabelecimentos visitados ao longo de duas semanas, a temperatura deste saudável repórter, apontada pelos termómetros, oscilava entre 33,2º e 36,1º, passando por vários estágios intermediários.
A reportagem, além de medir a própria temperatura, em cada local, acompanhou a medição de pelo menos mais cinco pessoas.
Quem deve controlar os termômetros?
Os termômetros digitais infravermelhos são aprovados pela Anvisa e ‘vão para o mercado’.
Nenhum outro órgão público afere a sua precisão, posteriormente.
A Vigilância Sanitária de Florianópolis diz que fiscaliza o método de medição de temperatura, mas não a eficiência dos termômetros.
O Imetro-SC informa que não fiscaliza os termômetros digitais infravermelhos, apenas os termômetros clínicos.

ATUALIZAÇÃO DE 26/5:
O Ministério Público de Santa Catarina iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades na medição da temperatura realizada nas entradas de supermercados, igrejas e shoppings de Florianópolis.
O promotor de Justiça Luciano Trierweiller Naschenweng instaurou, nesta terça-feira, 26, um procedimento chamado ‘Notícia de fato’, para apurar informações publicadas no Portal Floripa Centro, de que a maioria dos termômetros digitais infravermelhos usados na Capital aponta temperaturas abaixo do normal, em torno de 35º.

ABAIXO CONTINUA A REPORTAGEM ORIGINAL, DO DIA 25/5:

Produto sumiu das lojas:
Existem diversas marcas de termômetros digitais infravermelhos.
Na Santa Apolônia, tradicional distribuidora de materiais médicos e de saúde da Capital, os preços dos modelos variam entre R$ 180 e R$ 400. A diferença nos valores, de acordo com a atendente, se deve à qualidade de cada modelo.
Porém, há mais de duas semanas a loja não tem os termômetros e ‘não há previsão de chegada’.

Em cinco farmácias do microcentro visitadas pela reportagem também não há o produto para venda. ‘É muita demanda e a distribuidora não está mandando’, disse uma funcionária.
“Ninguém tem, não adianta procurar. Faz tempo que não vem mais”, complementou, informando que, quando vendia, o preço do termômetro era R$ 199.

Em contato com algumas distribuidoras nacionais do termômetro infravermelho também foi informado que não há previsão de disponibilidade para a entrega do produto.

Entrevista – Priscilla Valler, diretora de Vigilância em Saúde da Vigilância Sanitária de Florianópolis

  • A Vigilância Sanitária fiscaliza a eficácia dos termômetros digitais infravermelhos usados nos estabelecimentos da Capital?
    – Nós fiscalizamos o método de medição de temperatura, mas não a eficácia dos termômetros, que são autorizados pela Anvisa. Também verificamos o comprovante de calibração e se o equipamento é autorizado pela Anvisa.
  • A Vigilância Sanitária tem algum equipamento para verificar a precisão do termômetro?
    – Não, isso deve ser aferido pelo fabricante e autorizado pela Anvisa.
  • Qual o resultado da fiscalização do cumprimento do decreto da prefeitura?
    – Desde o começo da exigência, em 27 de abril, já foram vistoriados 36 supermercados, 19 hotéis, três shoppings e 11 igrejas em todo o município. Tivemos apenas um estabelecimento que estava utilizando termômetro não indicado para aferição. O local foi autuado e se não se adequar às normas será multado em até R$ 2,5 mil e pode ser interditado.
  • O que fazer diante da suspeita de mau funcionamento do equipamento?
    – O cidadão pode fazer a denúncia e a Vigilância Sanitária vai até o local para fazer a verificação da calibração e autorização da Anvisa.
    (Canal de denúncia: https://vigilanciasanitaria.pmf.sc.gov.br/denuncia?1)

Orientações de uso:
Sobre a durabilidade do produto, a fabricante Techline informou, por e-mail, que não há necessidade de manutenção constante. “Normalmente os usuários que utilizam este produto de forma profissional nos enviam uma vez por ano, porém, não existe nenhuma norma ou recomendação para que isto seja feito”.

Quanto ao desgaste do equipamento, a Techline diz que “a quantidade de medições é ilimitada, portanto, a temperatura pode ser medida quantas vezes for necessário”.
No site da “Highmed, soluções em tecnologia da medição” é informado que a margem de erro do termômetro fica entre 0,2 graus e 0,3 graus e que a medição deve ser feita de uma distância mínima de 5 centímetros e máxima de 15 centímetros. Os modelos têm
seis meses de garantia de fábrica.

O que diz o Imetro-SC:
O Instituto de Metrologia de Santa Catarina (Imetro-SC) não fiscaliza os termômetros digitais infravermelhos, apenas os termômetros clínicos, informou a assessoria de imprensa do órgão.
Os infravermelhos, diferentemente dos termômetros digitais, não são regulamentados pelo Inmetro, pois não existe um controle metrológico para avaliação de modelo e verificações iniciais.
Seu registro se dá apenas no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O que diz a Anvisa:
Em contato telefônico com a Anvisa para buscar informações, o atendente solicitou que fosse preenchido um formulário eletrônico no site, cujo prazo de resposta é 15 dias úteis.

As explicações informais dos operadores:
Em cada local onde foi verificada a medição, a reportagem conversou com os ‘operadores’. Cada um tem uma teoria, logicamente, sem base científica.
Confira:
– “O resultado depende se a pessoa está suada ou não”.
– “Se o cliente vem de carro com ar condicionado, isso influencia”.
– “Quando a pilha fica fraca o termômetro começa a falhar”.
– “Não tem problema em estar com 35º, o problema é quando passa dos 37º”.
– “Estes termômetros marcam um grau a menos, sempre. Então, quando aponta perto de 37º, a gente adverte a pessoa”.

Bastidores da reportagem:
Alô Saúde: Em contato telefônico com o serviço da prefeitura ‘Alô Saúde’, a técnica de Enfermagem Cleusa explicou que a temperatura normal da pessoa gira entre 36,5º e 37º.
Ao ser informada que em muitos estabelecimentos a temperatura deste repórter apontava 35º, ela logo se prontificou a colaborar, perguntando sobre meu estado de saúde.
Quando informei que no meu termômetro doméstico a minha temperatura era 36,6º, ela se acalmou e disse: “Ok, se você está se sentindo bem de saúde, pode confiar no seu termômetro doméstico, então. Mas sentindo qualquer outro sintoma, por favor, ligue para nós”.
Igreja Universal: no momento da visita, pela manhã, à catedral da Igreja Universal, na Avenida Mauro Ramos, não havia fiéis entrando no recinto. Assim, foi medida apenas a temperatura deste repórter.

(Texto e fotos: Billy Culleton – 25/5/2020)

Após denúncia do Floripa Centro – Ministério Público de SC investiga eficácia dos termômetros usados em mercados

O Ministério Público de Santa Catarina iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades na medição da temperatura realizada nas entradas de supermercados, igrejas e shoppings de Florianópolis.

O promotor de Justiça Luciano Trierweiller Naschenweng instaurou, nesta terça-feira, 26/5/2020, um procedimento chamado ‘Notícia de fato’, para apurar informações publicadas no Portal Floripa Centro, de que a maioria dos termômetros digitais infravermelhos usados na Capital aponta temperaturas abaixo do normal, em torno de 35º.

Trata-se de notícia de fato instaurada de ofício para apurar notícia de irregularidades nos termômetros digitais utilizados na entrada de supermercados, igrejas e shoppings de Florianópolis, a partir de reportagem extraída do site floripacentro.com.br”, diz a petição inicial.

A denúncia “A farsa dos termômetros digitais usados na entrada de supermercados, shoppings e igrejas no Centro” foi divulgada nesta segunda-feira, 25.
A reportagem, feita ao longo de duas semanas, mostrou algumas medições esdrúxulas (como 33º, 34º e 35º) em muitos dos nove estabelecimentos visitados, no Centro da cidade.

Cientificamente, a temperatura normal do corpo humano saudável fica entre 36,5º e 37º.
Se for igual ou menor a 35º, a pessoa está sofrendo hipotermia e, nesse caso, deve procurar atendimento médico imediato.

Vigilância Sanitária deve prestar esclarecimentos
O primeiro passo da investigação já foi dado na manhã desta terça-feira, 26, quando o promotor oficiou a diretora de Vigilância em Saúde da Vigilância Sanitária de Florianópolis, Priscilla Valler.

Objetivo é que preste esclarecimentos sobre quais medidas estão sendo tomadas pelo órgão para fiscalizar a eficácia dos termômetros.
Assim, oficie-se a Diretora de Vigilância em Saúde, solicitando esclarecimentos quanto ao noticiado e quais medidas estão sendo tomadas para que os fiscais da Vigilância Sanitária Municipal iniciem o processo de fiscalização da eficácia dos termômetros espalhados em supermercados, igrejas e shoppings de Florianópolis”, escreveu o promotor.

Ao Floripa Centro, a diretora informou que a Vigilância Sanitária fiscaliza o método de medição de temperatura, mas não a eficiência dos termômetros.
Também é verificado o comprovante de calibração e se o equipamento é autorizado pela Anvisa.

Próximos procedimentos
A partir das informações colhidas na ‘Notícia de fato’, o Ministério Público Estadual decidirá se instaura inquérito civil, inquérito criminal ou se arquiva o processo.

O que é ‘Notícia de fato’?
São procedimentos iniciais e normalmente instaurados de forma quase sumária, por ato de ofício, a partir da mera informação de uma possível irregularidade que necessita de maiores investigações.
Essa informação pode ser registrada formalmente por um cidadão nos canais apropriados, como a Ouvidora ou diretamente na Promotoria, ou, até mesmo, notícias da imprensa ou redes sociais.

Medida busca evitar contágio da Covid-19
Segundo o decreto da prefeitura de Florianópolils, todo estabelecimento de atendimento ao público, com mais de 1 mil metros quadrados, deve medir a temperatura das pessoas antes de adentrar no local.
A iniciativa visa a conter a disseminação da Covid-19 na cidade. No caso dos templos religiosos, deve ser medida quando comporta mais de 300 fiéis.

Se a pessoa estiver com temperatura acima de 37,8º, fica proibida de ingressar ao local, e a orientação é que volte para casa e ligue para o Alô Saúde da Prefeitura de Florianópolis.

(26/5/2020)

 

 

 

 

 

 

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A impactante história dos irmãos que fugiram das bombas na Síria para vender comida árabe no Centro


Por Frutuoso Oliveira

Esses dois meninos simpáticos que escondem os sorrisos atrás das máscaras são Ayman Bahbouh e Nemer Bahbouh.
Assim como tantos comerciantes do Centro de Florianópolis, e de outras cidades brasileiras que enfrentam a pandemia do coronavírus, eles estão peleando para sobreviver.

Mas a vida deles já foi muito mais difícil.
Ayman, Nemer e os demais familiares, todos simpáticos, que tenho dificuldade para escrever os nomes, são meus vizinhos.
Diariamente, me inspiro neles para não reclamar da vida.
O restaurante deles, o ‘Marina Comida Árabe’, na Rua Padre Roma, é logo depois da esquina com a Felipe Schmidt.

Desde que começou a pandemia, o movimento caiu mais de 50%.
Ninguém mais chega para comer os kaftas (não confundir com Kafka, aquele da barata gigante, como fez o ministro Abraham Weintraub), shawarmas ou babaganoush.
As pessoas andam rápido. Querem chegar logo em casa e o movimento caiu.

Mas Ayman e Nemer são resilientes.
Apesar de jovens, eles já passaram por coisas muito piores.
Não será esse momento que vai colocá-los por terra.
Em 2010, o Oriente estava agitado com a Primavera Árabe.
Nemer tinha 19 anos e Ayman, 15.
Viviam uma vida normal em Al Nabck, uma cidade próxima a Damasco.

Nemer foi para o exército, como fazia a maioria dos jovens de sua idade.
Ayman ficou vivendo sua vida de adolescente, como em qualquer outro lugar do mundo.
Muita gente na Síria estava de saco cheio com o regime de Bashar al-Assad.
Mas a família Bahbouh não tinha nada a ver com isso.
“Nós só queríamos o bem de todo mundo. A gente não se metia em política”, conta Ayman.

Estava tudo normal, até que em um dia qualquer de 2011, na cidade de Daraa, um menino de 15 anos resolveu pichar no muro da escola uma frase em árabe, que traduzido para o português, quer dizer mais ou menos “agora é sua vez doutor”, referindo-se a Bashar al-Assad.

O menino foi torturado e morto. Isso desencadeou a guerra da Síria.
Até quem não tinha nada a ver com história entrou no rolo.
“O Brasil é muito bom. Vejo vocês fazendo manifestações contra o presidente. Lá a gente não podia sequer falar o nome do presidente”, lembra Ayman.
No exército, um dia Nemer subiu em um caminhão e foi para uma cidade chamada Homs.
“Íamos rindo, entre amigos. Quando chegamos lá, nos disseram que era para matar ou morrer”.
Nemer correu. Correu muito.
Parecia o Forrest Gump.

“Acho que é uma distância do Centro de Florianópolis até Palhoça”, lembra.
Parou numa fábrica de cimento. O dono deixou ele se abrigar no sótão, um criadouro de pombos. Era Inverno. Lá permaneceu por 18 dias, comendo o que o dono da casa lhe entregava uma vez ao dia.
“Era tão frio, mas tão frio, que cheguei a me aquecer no cocô dos pombos”, conta.
Quando as coisas se acalmaram, saiu para a rua.
Voltou a encontrar seus colegas do exército. A maioria havia desaparecido. Até hoje não sabe se morreram ou desertaram em busca de vida melhor.
Depois disso, foram mais seis meses dormindo sobre pontes, junto com soldados do exército, até voltar para casa.
“A gente nem sabia direito contra quem estava guerreando”, recorda.
Quando voltou para Al Nabck, seu pai achou que ele deveria sair da Síria. Entregou-lhe um dinheiro.
Foi para Omã, no Jordânia, e de lá ganhou o mundo até chegar a Florianópolis.

Mas enquanto Nemer tentava achar um lugar para tocar a vida, em Al Nabck as coisas só pioravam.
“Não éramos nem de um lado e nem de outro, mas sofremos muito”, afirma Ayman.
A família passou a viver no subsolo da casa para escapar das bombas, jogadas pelos aviões do exército sírio.
“Sabe o que é você ter dinheiro em casa e não ter o que comer, por não ter onde comprar?”, fala Ayman, lembrando que por muitos dias o pão sírio seco, amaciado na água, era a única alimentação.

Foram cinco anos de sofrimento até que conseguiram sair para a Arábia Saudita e depois ganharam o mundo.

Os irmãos reencontraram-se no Brasil.
Hoje, são felizes em Florianópolis.
Trabalham duro para vencer as adversidades e o coronavírus.

Enquanto, muitas vezes reclamamos porque nosso faturamento baixou ou porque estamos em casa, eles celebram a vida.
Vida com liberdade, que encontraram nesse país maravilhoso que é o Brasil.
Vida longa ao ‘Marina Comida Árabe’.
Vida longa à família Bahbouh, que encontrou no Brasil seu refúgio seguro.
Sou feliz em tê-los como amigos.

(Além do belo texto, a foto também é de Frutuoso Oliveira)

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Após reportagem sobre a polêmica dos grafites, Estado bloqueia acesso à passarela da Ponte Pedro Ivo

Tapumes e grades foram instalados, neste final de semana, nas entradas da passarela de pedestres existente embaixo da Ponte Pedro Ivo Campos, na Capital.
A via conecta a Ilha de Santa Catarina ao Continente e é utilizada, principalmente, pela população de baixa renda para chegar ao Centro, além de ser usada por ciclistas esportivos.

(Imagem: divulgação Secretaria Estadual de Infraestrutura)

Na sexta-feira, 8, o Floripa Centro divulgou que as dezenas de grafites existentes nas paredes da passarela corriam o risco de serem apagadas por causa das obras de reforma das pontes, sob a responsabilidade do governo do Estado.
E que grafiteiros de Florianópolis pediram à Secretaria Estadual de Infraestrutura uma avaliação para tentar preservar alguns grafites, evitando que sejam jateados e pintados.

A Secretaria Estadual de Infraestrutura se comprometeu a avaliar o pedido, mas ainda não houve uma resposta.
Há duas semanas, o órgão havia anunciado a interdição da passarela a partir da segunda-feira, 4, para o início das obras.
Mas isso não aconteceu.

O Floripa Centro esteve no local na quinta-feira, 7, e não havia nenhum bloqueio. Alguns pedestres e ciclistas continuavam usando a travessia Ilha-Continente.
Um funcionário da empresa responsável pela obra, que estava trabalhando na cabeceira continental da Ponte, afirmou que a passarela não tinha sido interditada por causa dos grafites.

Neste final de semana, no entanto, a Secretaria de Infraestrutura informou que a passarela está interditada para o início das obras e repassou as fotos dos tapumes e grades.

(Imagem: divulgação Secretaria Estadual de Infraestrutura)

CONFIRA O VÍDEO COM TODOS OS GRAFITES DA PASSARELA:

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Impasse sobre preservação dos grafites na passarela da Ponte Pedro Ivo adia início das reformas no local

Os grafites pintados nas paredes da passarela de pedestres da Ponte Pedro Ivo Campos estão no centro de uma discussão.
Grafiteiros de Florianópolis querem evitar que as obras de arte existentes no local sejam apagadas, em razão da reforma já em andamento na Ponte e que incluem a passarela.

A Secretaria Estadual de Infraestrutura tinha anunciado a interdição da passarela a partir da última segunda-feira, 4, para o início das obras. Mas isso não aconteceu.
O Floripa Centro esteve no local nesta quinta-feira, 7, e não havia nenhum bloqueio. Alguns pedestres e ciclistas continuavam usando a travessia Ilha-Continente.
Questionado, um funcionário da empresa responsável pela obra, que estava trabalhando na cabeceira continental da Ponte, afirmou que a passarela não tinha sido interditada por causa dos grafites.
“Tem um pessoal que não quer que apaguem os desenhos, já que as paredes serão jateadas. Parece que um dos grafiteiros que pintou ali era famoso e já morreu”.
Acionada para esclarecimentos nesta sexta-feira, 8, a Secretaria da Infraestrutura, por meio da assessoria de comunicação, disse que houve contato de “associações relacionadas às artes de rua” para verificação de quais grafites poderiam ser preservados.
Foi informado, ainda, que a passarela deverá ser interditada “independente das obras não terem iniciado por conta dessas questões do grafite”.
O Floripa Centro apurou que representantes do projeto Street Art Tour, que busca valorizar a arte de rua em Florianópolis, procuraram a Secretaria de Infraestrutura com o intuito de evitar a desaparecimento total dos desenhos da passarela.
“Existe a nossa vontade de preservar alguns desses grafites”, afirmou Arturo Valle, um dos membros do Street Art Tour, que está tentando marcar uma reunião com as autoridades estaduais.
No entanto, ele esclareceu que desconhece qualquer solicitação formal para suspender a obra por causa disso.
Já o promotor de Justiça Daniel Paladino afirmou, nesta sexta-feira, que deverá fazer contato com a Secretaria de Infraestrutura, na segunda-feira, 11, para levantar a situação e avaliar a necessidade de intervenção do Ministério Público Estadual no caso.

CONFIRA O VÍDEO COM TODOS OS GRAFITES DA PASSARELA:

(Texto e imagens: Billy Culleton)

 

Reportagens relacionadas:
– Interdição da passarela da Ponte Pedro Ivo aumenta em um quilômetro a caminhada da população de baixa renda

– Passarela embaixo da Ponte Pedro Ivo – Apesar do preconceito, um belo passeio entre a Ilha e o Continente

 

 

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Sambódromo – Moradores de rua recebem assistência, mas correm risco de contaminação e de transmitir o vírus

Os responsáveis pela Passarela da Cidadania dão sinais de cansaço e esgotamento.
Seja pela falta de estrutura ou de funcionários (terceirizados contratados e voluntários), aparentemente, desistiram de ‘dar murro em ponta de faca’ e, agora, fazem apenas ‘o que é possível’.

Essa foi a sensação sentida pela reportagem do Floripa Centro que visitou o espaço in loco.

Os frequentadores entram e saem do ‘sambódromo’ sem nenhum controle, poucos usam máscaras, ficam próximos uns dos outros e dormem em colchões no chão, separados por menos de um metro de distância.
O lugar aparenta estar limpo, há banheiros químicos e lavatórios portáteis.
Mas não se percebe a higiene constante que atualmente é indicada para locais frequentados por muitas pessoas.
Seria uma tarefa herculana, que a prefeitura e os poucos voluntários, simplesmente, não conseguem fazer.

A prefeitura justifica dizendo que o espaço foi ampliado para atendimento emergencial.
“Porém, diante do excessivo número de usuários e a dificuldade em ter pessoas trabalhando (grupo de risco, atestados, falta de transporte, decreto de isolamento), ficou inviável fazer o controle de todas as pessoas que entram no local”, afirmou a gestão municipal, por meio da assessoria de imprensa.
A explicação, em tempos de emergência geral, pode parecer compreensível, mas o que está em risco são as vidas de 300 seres humanos que frequentam diariamente a Passarela.
E também a ameaça deles contaminarem outras pessoas pelas ruas da cidade.

Camarotes transformados em dormitórios vips
Os camarotes ‘chiques’, usufruídos pelos vips nos desfiles de Carnaval, se transformaram em quartos exclusivos para dois ou três, que se organizam para manter o lugar limpo e arrumado.
A maioria dos frequentadores, no entanto, está acampada nas enormes áreas existentes embaixo das arquibancadas, que foram transformadas em dormitórios coletivos.
Cada um tem um colchão, que fica no chão e que estão separados por menos de um metro.
As roupas são penduradas em varais improvisados.

‘Maluquinhos e alegrinhos’
Homens caminham pelo vão central da passarela, apenas para se exercitar.
Um ‘maluquinho’ anda de um lado para outro, falando palavras sem nexo.

Outro, ‘alegrinho’, mexe com cada um que passa, tentando ser engraçado. Aparenta embriaguez.
“Mas pode beber aqui dentro?”, pergunto para um que está ao meu lado. “Antes era proibido, mas agora estão tolerando”, responde, secamente.
“Se incomodar muito, os próprios colegas se encarregam de acalmá-lo”, acrescenta.
Alguns preferem a intimidade e instalaram suas barracas ‘iglu’, no entorno das arquibancadas. Dentro, os próprios ‘cacarecos’ e o colchão. Desde aí, têm acesso facilitado à higiene e alimentação.

Benefícios e assistência social
A Prefeitura de Florianópolis, junto com as equipes de voluntários, oferece as quatro refeições diárias, sempre acompanhadas por suco.
De manhã, café, pão e uma fruta. Ao meio-dia é distribuído um marmitex, com arroz, feijão, massa e carne.
À tarde, fruta com café, e à noite, sopa com pão ou cachorro-quente.
Embora exista um grande refeitório, com mesas e cadeiras para cerca de 100, cada um tem a liberdade de consumir o alimento onde quiser.
Assim, alguns se acomodam próximos de seus aposentos, nas barracas ou nas arquibancadas.

Histórico
Desde o início da pandemia, em meados de março, a Passarela da Cidadania foi escolhida para concentrar todo o atendimento às pessoas em situação de rua da cidade.
Antes, havia atendimento também no Centro Pop, na Rua Anita Garibaldi, e num abrigo no Bairro Jardim Atlântico.

O número de pessoas que frequentam o local diariamente dobrou, passando de 150 para 300, aproximadamente.
Destes, cerca de 200 pernoitam no espaço, sendo 180 homens e 20 mulheres (há espaços separados para ambos os sexos).

Além das refeições, são oferecidas diversas atividades: acupuntura, corte de cabelo, educação física, confecção de currículos e atendimento psicossocial, além de yoga e roda de conversa.
Funcionários também estão ajudando as pessoas a se cadastrar para receber o auxílio emergencial de R$ 600, oferecido pelo governo federal. Segundo a prefeitura, já foram feitos 100 atendimentos para esse fim.

Avanço no acolhimento
O atendimento à população em situação de rua na Capital tem melhorado muito nos últimos tempos, embora esteja longe do ideal.
Se, antes, esses indivíduos eram discriminados e reprimidos sistematicamente pelas ‘autoridades’, há pouco mais de um ano começaram a ser acolhidos e atendidos, por meio de assistência social.
Nesse contexto, foi aberta a Passarela da Cidadania: no início, os frequentadores recebiam os benefícios de alimentação e higiene durante o dia e eram ‘dispensados’ no final de tarde.
Meses depois, passou-se a oferecer hospedagem à noite.

O que diz a Prefeitura de Florianópolis
Após visitar a Passarela da Cidadania, a reportagem do Floripa Centro encaminhou algumas perguntas para a assessoria de imprensa da Prefeitura de Florianópolis.
Confira as respostas:

1 – Em visita ‘in loco’ do Floripa Centro à Passarela da Cidadania foi constatado que não há controle no acesso ao local.
O espaço foi ampliado para atendimento emergencial. Porém, diante do excessivo número de usuários e a dificuldade em ter pessoas trabalhando (grupo de risco, atestados, falta de transporte, decreto isolamento), ficou inviável fazer o controle de todas pessoas que entram no local.

2 – Há controle de temperatura?
Existe uma parceria com a Secretaria de Saúde com o consultório na rua, que atua conforme a necessidade no local. Eles vão diariamente até a Passarela da Cidadania, ambiente onde sempre que é preciso os servidores são orientados a entrar em contato com a equipe de saúde. Temos um ambulatório no local, onde os usuários são atendidos e têm a temperatura medida.

3 – É exigida a obrigatoriedade do uso da máscara entre os frequentadores?
A máscara é entregue a todos os usuários, que recebem orientação sobre o uso. Contudo, temos no espaço dependentes químicos, ex-presidiários e pessoas com problemas psiquiátricos, o que dificulta exigir o uso.
Obrigar a usar a proteção individual também envolve a segurança de quem trabalha ali…

4 – Como é feito o controle para verificar se o frequentador é portador da Covid-19?
Pela equipe do consultório na rua, do Centro de Saúde da Prainha, que vai diariamente ao local.

5 – Quantas pessoas foram isoladas da Passarela por serem portadoras da Covid-19, nos últimos 30 dias? E quantos foram confirmadas com Covid-19?
Não houve nenhum caso confirmado de Covid-19 entre as pessoas em situação de rua. Foram encaminhadas (a um hotel, para isolamento) 24 pessoas suspeitas, sendo que duas vieram do Hospital Universitário e uma do Posto da Prainha.

5 – Quantas pessoas estão pernoitando no local? Quantos homens e quantas mulheres?
Cerca de 200 pessoas. 180 homens, 20 mulheres. Isso muda de acordo com o dia.

6 – Quantos pessoas a Prefeitura (e os voluntários) conseguiu ajudar a fazer o cadastro para receber o auxílio emergencial do governo federal?
Foram mais de 100 atendimentos.

(Texto e fotos: Billy Culleton)

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Linda, leve e solta – Retiradas as quatro bases de sustentação da Ponte Hercílio Luz

O florianopolitano estava com saudades de ver a Ponte ‘limpinha’, sem as muletas que a ajudaram a se manter em pé desde 2015, enquanto aconteciam as obras de restauração.
Agora, cinco anos depois, as quatro bases de sustentação foram retiradas, deixando o visual ainda mais bonito.

Vista desde o Estreito (Billy Culleton)

Nestas últimas semanas, o trabalho da empresa portuguesa Teixeira Duarte está sendo remover as 16 estacas que estão fincadas a 30 metros, no fundo do mar.

Estaca é retirada do fundo do mar (Divulgação: SEI)

A tarefa cabe a um grupo de mergulhadores de uma empresa do Rio de Janeiro.

Vista desde o Centro (Billy Culleton)

Prevista para ser entregue em 20 de março, a reforma deverá ser finalizada totalmente em meados de maio.
Isso porque a Secretaria Estadual de Infraestrutura anunciou no dia 12 do mês passado um aditivo de prazo de 60 dias, sem custos financeiros para os cofres públicos.

Imagem de fevereiro quando já tinha sido retirada uma das bases de sustentação (Billy Culleton)

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A 30 dias da entrega definitiva da Ponte – Mergulhadores começam a desmontar estruturas no fundo do mar

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Três ônibus partiram da Capital – A odisseia dos argentinos em Santa Catarina para voltar ao país

Três ônibus lotados com argentinos saíram de Florianópolis na madrugada desta quarta-feira, 15, rumo ao país vizinho.
Eram 137 pessoas que, há mais de um mês, tentavam voltar para a Argentina.
À proibição para a circulação de ônibus nas rodovias brasileiras, desde meados de março, somou-se o lockdown imposto na Argentina, onde ninguém pode sair de casa e, muito menos, veículos podem transitar pelas estradas.

Assim, foi necessária a intervenção do consulado argentino em Santa Catarina para conseguir a autorização com os governos dos dois países para que os ônibus da empresa Flecha Bus pudessem viajar para Buenos Aires e Córdoba.

O local marcado para a partida foi o Parque da Luz, perto da cabeceira insular da Ponte Hercílio Luz.
Ali, no estacionamento da Floram, foi montada, na tarde de terça-feira, 14, uma estrutura onde profissionais da saúde faziam avaliação superficial das condições dos passageiros: temperatura, pressão e batimentos cardíacos.

Com o laudo em mãos, os turistas eram liberados para viajar.
Só que antes dos ônibus saírem, o consulado teve que digitalizar toda a documentação e enviar para as autoridades dos dois países.
Em razão de toda essa burocracia, a partida atrasou e só aconteceu durante a madrugada de hoje.

Veja o vídeo:

Casal viaja de táxi desde São Paulo
A maioria dos passageiros estava visitando Santa Catarina quando a quarentena começou e já havia comprado as passagens de volta para Argentina, de ônibus ou avião.
Todos tinham longas e tristes histórias para contar sobre o mês que tiveram que passar sofrendo com a falta de dinheiro e com hospedagens que eram obrigadas a fechar.

O casal cordobês Rubén e Liliana Carmona estava em São Paulo quando começaram as proibições de deslocamento no transporte público.
Eles tinham passagem aérea comprada, que não pôde ser utilizada.
Ilhados na maior cidade do país, conseguiram alugar um apartamento enquanto esperavam uma solução por parte da embaixada argentina, que buscaria repatriar os turistas.

Na segunda-feira, 13, o casal recebeu uma ligação telefônica da embaixada informando sobre os ônibus que sairiam de Florianópolis, no dia seguinte.
Imediatamente, negociaram com um taxista paulista para trazê-los por R$ 2 mil e chegaram na manhã de terça-feira para embarcar no Flecha Bus.
“Parece que estamos vivendo um filme de terror, no qual nós somos os protagonistas”, desabafou Rubén, de 62 anos, que, ao mesmo tempo, se mostrava aliviado com a proximidade de uma solução.

(Texto e imagens Billy Culleton)

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Moradores de rua com sintomas de coronavírus são isolados em hotel do Centro de Florianópolis

Onze pessoas que apresentaram sintomas semelhantes ao Covid-19 em Florianópolis estão recebendo atendimento num hotel da região central da cidade.
Nove deles foram identificados pela Prefeitura da Capital na Passarela da Cidadania e outros dois chegaram à hospedagem encaminhados pelo Hospital Universitário.
Estes últimos estão em recuperação de sintomas similares aos do Coronavírus e tiveram alta da unidade de saúde, porém, não tinham onde ficar.

No hotel, os pacientes são acomodados em quartos individuais.
Equipes de Saúde da prefeitura prestam atendimento diário.
Já a alimentação e higiene do local são responsabilidades do hotel (de classe econômica), que recebe R$ 90 por dia, por cada hóspede, pagos pela prefeitura municipal.

Esta imagem e a de abertura são meramente ilustrativas, extraídas do Pixabay

“É um lugar seguro para aguardar a confirmação do resultado dos testes que podem identificar a Covid-19”, explica a secretaria municipal de Assistência Social, Maria Cláudia Goulart.
Se for necessária a internação, caso se confirme a contaminação, a prefeitura faz o encaminhamento ao hospital.
Goulart informa que outras seis pessoas que estavam no hotel, em isolamento, já tiveram alta após a confirmação de que não estavam contagiados.

Segundo a secretaria, a prioridade é identificar os possíveis afetados e isolá-los imediatamente para evitar a proliferação do coronavírus.
“Toda a sociedade se beneficia quando evitamos o contagio neste grupo de risco: por uma questão de humanidade e também para impedir que tenham que ser internados, sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde”.

O hotel não está sendo identificado para impedir das pessoas irem voluntariamente ao local para receber algum tipo de apoio.

Triagem na Passarela da Cidadania
Desde o início da pandemia, a prefeitura de Florianópolis concentrou todo o atendimento às pessoas em situação de rua na Passarela da Cidadania, no sambódromo Nego Quirido.

Atendimento inicial na Passarela da Cidadania (Divulgação PMF)

Diariamente, cerca de 300 homens e mulheres recebem alimentação e podem se higienizar.
Também existe a opção de pernoitar, o que a maioria faz.
Porém, alguns ainda preferem voltar à ‘liberdade’ da rua, onde têm acesso a álcool e drogas, o que é proibido na passarela.

Por isso, todos são obrigados a passar por uma triagem diária, onde se mede a temperatura e se questiona sobre o estado de saúde de cada um.
Caso exista alguma suspeita, o protocolo é acionado e a pessoa é encaminhada para um atendimento mais específico.

Quer ajudar como voluntário ou fazer uma doação?
Acesse o site da Rede Solidária Somar Floripa: www.somarfloripa.com

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Tour virtual – Três museus no Centro para visitar sem sair de casa (e dezenas de outros pelo Brasil e o mundo)

Conhecer os museus pode ser uma alternativa neste período de isolamento social.
Pela pesquisa feita pelo Floripa Centro, na região central da cidade há três museus com passeio on-line.

Embora a visita virtual não conheça distâncias, separamos os links de acordo com a nossa localização: dos mais pertos para os mais longínquos (clique em cima do nome do museu).

CENTRO DE FLORIANÓPOLIS:

Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa (Praça XV)
No acervo, há móveis ao estilo de Dom João V, trazidos do Rio de Janeiro; o piano francês Pleyel, adquirido pelo maestro José Brazilício de Souza, em 1884; um violino e uma caixa de música alemã estilo art nouveau; a pintura “O extermínio da família Dias Velho”, de Darkir Parreiras, a primeira lâmpada elétrica residencial de Santa Catarina e a urna com os restos mortais de Cruz e Sousa, entre outros.

Museu da Escola Catarinense (Mesc)
Foi sede da primeira faculdade de Educação do Brasil, em 1964. Administrado da Udesc, o refinado edifício reúne exposições sobre a evolução da educação em Santa Catarina. Além do tour virtual, no mesmo endereço o usuário pode acessar jogos educativos interativos para as crianças.

Museu Victor Meirelles
O acervo é constituído pelas obras do pintor catarinense Victor Meirelles. São pinturas e desenhos, produzidas por Meirelles outros artistas a ele relacionados, a exemplo de Tommaso Minardi, seu professor na Itália; Léon Cogniet, seu professor na Academia de Belas Artes em Paris, e de seis artistas que foram alunos de Meirelles.

PELO ESTADO DE SC

Museu Nacional do Mar (São Francisco do Sul)
Ao apreciar seu acervo, o visitante faz um verdadeiro passeio pela história da navegação. Há uma grande diversidade de embarcações: são 90 barcos em tamanho natural, cerca de 150 peças de modelismo. Tudo identificado com textos, imagens explicativas e trilha sonora..

Museu Histórico Cultural Victor Lucas (Rio do Sul)
As peças e fotos buscam esclarecer a história do Alto Vale do Itajaí e a ocupação do território, dos indígenas aos imigrantes europeus, destacam-se as temáticas: Indígena, Estrada de Ferro, Cotidiano do Imigrante, Famílias, Fotografias e Meios de Comunicação.

PELO BRASIL

Site Era Virtual
O portal congrega dezenas de museus virtuais por todo o país: desde o Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao Museu Imperial, em Petrópolis.

Museu da Língua Portuguesa, São Paulo:
Embora fechado após o incêndio em 2015, é possível viver a experiência de se conectar ainda mais com o idioma, suas origens, sua história, suas influências e as formas que ele assume no cotidiano da população.

‎PELO MUNDO

Os dez principais museus do mundo que disponibilizam seu acervo on-line foram enumerados pela Revista Veja, recentemente. Confira:

Pinacoteca di Brera, Milão
O centro cultural localizado na Itália contém uma das mais importantes coleções de arte italiana. Entre os destaques, há obras do mestre Giambattista Pittoni.

Galleria degli Uffizi, Florença
Leonardo da Vinci, Botticelli, Caravaggio… a coleção de obras da Galeria Uffizi é de deixar qualquer admirador de queixo caído. Ainda bem que o arquivo artístico do espaço está disponível on-line.

Musei Vaticani, Roma
O Museu do Vaticano tem mais de sete quilômetros de extensão. Além de obras importantíssimas, o espaço também abriga artefatos históricos, um dos afrescos mais importantes de Rafaello Sanzio e um corredor dedicado somente aos mapas antigos.

Museu Archeologico, Atenas
O maior da Grécia, o Museu Nacional Arqueológico é um dos mais importantes do mundo. Sua coleção, com mais de 11 mil peças, oferece um panorama da cultura da Grécia antiga da pré-história até a antiguidade.

Museo del Prado, Madrid
O mais importante museu da Espanha e um dos mais notáveis do mundo, o Prado tem entre os destaques o quadro “As Meninas”, de Diego Velázquez. A coleção é bastante completa, com obras da pintura espanhola, francesa, flamenga, alemã e italiana.

Louvre, Paris
Talvez o museu mais famoso do mundo, o Louvre permite que os internautas façam visitas on-line por suas salas de exibição e galerias, além de contemplar a arquitetura do espaço. É possível ver antiguidades egípcias e também a Galeria d’Apollon.

British Museum, Londres
Fundado em 1753, o British Museum tem uma coleção de cerca de 8 milhões de objetos que narram mais de 2 milhões de anos de história. No tour on-line, é possível ver alguns dos primeiros artefatos criados pelos homens até trabalhos de artistas contemporâneos.

The Metropolitan Museum, Nova York
Em uma parceria com o Google Arts & Culture, é possível ver a coleção de um dos mais importantes museus da cidade americana. Em vídeos 360º, você pode passear pelos corredores e explorar algumas das peças do arquivo do centro cultural.

Hermitage, São Petersburgo
Este é um dos maiores museus de arte do mundo. Sua vasta coleção possui itens de diversos períodos da história, assim como de muitos estilos e países. Há obras de Leonardo da Vinci. Sua biblioteca possui mais de 700 mil títulos sobre arte, cultura, arquitetura e história.

National Gallery of Art, Washington
O museu americano está entre os dez mais visitados do mundo. Sua coleção apresenta mais de 150 mil esculturas, mobiliário, fotografias, pinturas e ilustrações. Entre os destaques, estão obras de Rafaello Sanzio, Velázquez, Tiziano, Rembrandt e Vermeer.

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O dia em que consegui cortar o dedo de um morador de rua do Centro de Florianópolis

Meu amigo Waldir voltou a Florianópolis!
Depois de dez anos perambulando ‘pelo mundo’, está novamente andando pelas ruas da cidade, onde este paulista passou a maior parte de seus 67 anos.
Recentemente,  o encontrei caminhando no Centro e nos demos um caloroso abraço.

Há uma década, lutei para que cortassem o dedo anelar de sua mão direita.

Confira abaixo, a reportagem publicada na revista catarinense Pobres & Nojentas, em 2010:

Os dedos vão, os anéis ficam
Texto e fotos: Billy Culleton

Esta é uma história real sem final feliz. Waldir perdeu a esperança há mais de duas décadas. Recentemente, foi um dedo.
No último estágio da dignidade humana, Waldir percorre as ruas centrais de Florianópolis como um bicho.
Diz frases desconexas e revira o lixo buscando algo para comer.

Nunca pediu qualquer ajuda e não aceita dinheiro.
Decidiu ficar absolutamente fora do sistema. Ou teria sido a vida que o arrastou para isso?

Há três meses a sua mão direita está imóvel por uma infecção no dedo anelar.
Num lapso de vaidade, para se enfeitar, colocou como aliança um lacre de ferro, redondo, similar àqueles usados para apertar a mangueira do botijão de gás.
Não conseguiu mais tirar. Quanto mais mexia, mais apertava.
A circulação ficou prejudicada e o dedo, imprestável.
A cada tentativa minha de levá-lo para atendimento médico (foram três, nos últimos meses), ele respondia, em meio a frases sem sentido, que não iria, pois tinha “muitos compromissos”. E saia andando, com seu fedido saco nas costas.

No final da tarde de uma sexta-feira (20/11/2009), enquanto ele perambulava pela Praça XV, o abordei para questionar sobre o dedo.
– “Vamos tratar disso? Vamos para o hospital?”, insisti, sem muitas esperanças.
Embalado pelo álcool, raríssimas vezes presente no seu cotidiano, ele aceitou.

Caminhamos juntos por 12 quadras, sob os olhares curiosos dos transeuntes, que questionariam o que estaria fazendo um homem comum, bem vestido, junto a uma figura barbuda, com terrível odor e que se deslocava em zigue-zague pelas calçadas.
Eu, incrédulo, temia que a qualquer momento ele desistisse da empreitada.
– “Você vai ficar comigo, né?”, repetia ele, na tentativa de confirmar a promessa recebida para ir até a Emergência do Hospital Celso Ramos.

“Vão atorar a minha mão!”
Dentro do hospital, Waldir atendia aos comandos curtos e objetivos do seu acompanhante para ficar sentado, quieto, na sala de espera, ou para se dirigir até o consultório médico.

Os profissionais da Medicina ficavam apavorados ao olhar para aquela mão com um dedo inflamado e infeccionado, esgoelado por um círculo de metal enferrujado.
-“Vamos ter que amputar”, se limitavam a diagnosticar.
Antes disso, um raio-x. Na sala, a atendente pede ao homem mudo e fétido para colocar a mão em cima de uma estrutura de ferro para fazer a placa.
– “Vão atorar a minha mão, quero sair daqui!”, gritou Waldir, sendo acalmado rapidamente, com explicações sobre a ‘foto’ que seria feita.
Sozinho, na sala escura, ele voltou a se impacientar com os estalos secos da velha máquina de raio-x, que dava motivos para o paciente achar que algo de muito ruim poderia estar por vir.
Porém, ele ‘sobreviveu’.

Foram horas de argumentação para que os médicos aceitassem fazer a cirurgia naquela noite e não na “próxima semana”, com horário marcado e tudo.
O meu principal argumento era que o morador de rua jamais voltaria ‘por conta’ e que a infecção tomaria proporções que significariam uma condena à morte.
O próprio Waldir chegou a pensar em desistir, para alívio dos médicos.

Mas dei um ultimato:
– “Esta é uma oportunidade única. Você sabe que não vai voltar. Se continuar assim, nas ruas, vai morrer”, afirmei, em tom ameaçador, o que fez ele voltar atrás e aceitar o inevitável.

Rio de água preta
Após a confirmação da internação, o mandaram tomar um banho, algo que ficava evidente que não fazia há muitos anos.
No banheiro, ele iniciou o tira-puxa para se desfazer das roupas encardidas. As velhas e folgadas botinas saíram com facilidade, mas os dois pares de meias pretos – e que alguma vez foram brancos – estavam colados à pele.
Só rasgando para sair. – “Que catinga, né?”, disse ele, sorrindo, num lampejo de lucidez.
Ficou 15 minutos embaixo do chuveiro, enquanto um líquido marrom escorria por seus pés.
Se deliciava com aquele jato, enquanto parecia acariciar fervorosamente a água, passando as mãos pelo rosto barbudo e, periodicamente, suspirando um longo ‘aaah!!” de satisfação.
Parecia com saudades daqueles momentos, que não experimentava desde o século passado.
As unhas dos pés, pretas, faziam uma curva de três centímetros.
Após o banho, ele insistiu em procurar uma tesourinha que dizia ter dentro de seu pesado saco, cheio de ‘coisinhas’.
– “É para cortar essas unhas, se não o que vão pensar?”, justificou, ao longo dos cinco minutos que demorou para achar a velha ferramenta que o deixaria um pouco mais humano.

Já com roupas novas oferecidas pelo hospital, voltou à sala de espera, onde lhe foi colocado o soro.
Pensativo, se limitava a dar alguns sorrisos.
Até que num certo momento, cabisbaixo, começou a chorar, talvez lamentando seu futuro com nove dedos.

– “Tens aqui ao teu lado um companheiro que vai te acompanhar em tudo. Aqui vai ser o melhor lugar para resolver este problema”.
Ele recebeu o consolo, em silêncio, sentindo no seu ombro a mão do amigo, que em alguns momentos parecia seu algoz.

Após ser internado formalmente, foi acomodado numa maca no corredor do hospital.
A cirurgia para amputação do dedo ocorreu com sucesso na manhã de sábado.
Depois ficou internado numa sala com outros quatro pacientes.

A ressocialização pelo carinho
Nos primeiros dois dias manteve total silêncio e negou-se a comer ou beber, apesar da insistência das enfermeiras.
Tentou fugir do hospital duas vezes.
Depois desse tempo de luto e resistência, iniciou uma lenta socialização, aceitando se alimentar e começando a se comunicar monossilabicamente.

A inédita atenção recebida, incluindo uma enfermeira que raspou completamente a sua barba, melhorou enormemente a sua auto-estima e fez com que começasse a planejar um futuro diferente.
-“Vou arrumar um emprego e arrumar os dentes”, dizia, referindo-se ao completo vazio na parte de cima da boca.
Mas a aparente lucidez se desconstruía na sequência com afirmações como: “hoje te vi na televisão. Em qual time que você é goleiro?” ou “meus amigos têm campo na Iugoslávia…”.
Um Pai Nosso rezado ao final de cada visita parecia aliviá-lo e lhe dar força.

Pensão, nem pensar
Sem parentes ou amigos à disposição, a sua companhia diária se limitava àquele que o tinha levado ao hospital e que tentava ajudá-lo a encontrar um local para ficar após a alta hospitalar.

O poder público não poderia acolhê-lo porque Waldir tem 56 anos, quatro a menos que o mínimo permitido para ser internado num asilo, por exemplo.
Embora, pelo seu aspecto e sem documentos, ninguém acreditaria que tivesse menos que seis décadas.

Uma alternativa era uma pensão, num hotel econômico no Estreito, parte continental de Florianópolis.
Por R$ 230 por mês teria um quarto com cama e pia, além de banheiro e cozinha coletiva.
Pelo menos, um lugar para se recuperar nas primeiras semanas após sair do hospital.

Três dias antes da alta hospitalar, ao ouvir a proposta da pensão, Waldir ficou em silêncio e disse:
– “Não posso ir para o Estreito. Me disseram para nunca mais ir pra lá que estão me esperando”.
– “Quem? Por que?”
– “Eles, os caras…”.
– “Onde então, em que lugar?”
– “Não precisa lugar nenhum, eu me viro”.

A decepção tomou conta de mim, mas lembrei mais uma vez que não se pode mudar alguém por força externa.
Após 10 dias internado, já sem perigo de infecção, ele saiu do hospital absolutamente recuperado, com apenas uma vendagem na mão.

Na segunda-feira de manhã, fui buscá-lo para ter a alta.
Após assinar os documentos e agradecer a atenção dispensada ao Waldir, nos retiramos.
Eu emocionado, enquanto ele, cabisbaixo, se limitou a dizer um tímido e seco: “Chau, pessoal”.

Os colegas de quarto e funcionários foram efusivos na despedida, mas não obtiveram retorno daquele que voltaria para seu mundo na rua.

Dentro do carro, mais uma tentativa.
– “Não quer ver a pensão?”
– “Pode ser”.
Lá fomos nós. Há mais de duas décadas que ele não andava de carro.
Ao atravessar a Ponte Colombo Salles, Waldir parecia em êxtase.
– “Que legal”, limitou-se a dizer. Chegando na frente do hotel, ele disse que não precisava nem descer, não queria.
– “Algum outro lugar?”
– “Não, me deixa no matagal”.

Sem alternativa, o deixei no lugar combinado e dei uns trocados.
Despedimos-nos com um abraço emocionado que somente eu dei, já que ele o recebeu com os braços abaixados.
– “Tchau, Waldir, se cuida e se precisar de alguma coisa me procura!”, disse, sabendo que jamais o faria.
Ele atravessou a rua e se perdeu no meio do mato.
O homem da toca
Dez dias se passaram e ao não encontrar o Waldir pelas ruas decidi buscá-lo.
Fui até o grande matagal para ver se encontrava o lugar onde se ‘escondia’.
Após 10 minutos de busca, subi num morrinho e vi ao longe um amontoado de pertences.
– “Te encontrei”, pensei, feliz.

Corri entusiasmado.
Ao chegar ao local, era um amontoado de coisas cobertas por plástico, amarrado com cordas, de 40 cm de altura e dois metros de extensão.
– “Aqui é onde Waldir guarda as suas coisas…”.
Olho, investigo, pesquiso nas redondezas. “Será que está por aqui?”
– “Waldir!”, grito. Nada.
Decidi deixar um bilhete para que soubesse que tinha ido procurá-lo.
Escrevo num papelão: “Olá, Waldir. Como está esse dedo? Abraço do teu amigo, B”.
Para não ser levada pelo vento, decidi colocar a mensagem sob uma das cordas que amarravam os pertences.
Nesse momento, um repentino rosno vindo de dentro do amontoado de papelões, quase me fez cair duro de susto.
– “O que é…”
– “Waldir?”, esbocei dizer. – “É você?”
– “Eh…”
– “Sai pra fora, vim te visitar”.
Não dava para acreditar que daí de dentro pudesse sair um ser humano.
Porém, após alguns minutos de insistência surgiu de uma pequena abertura um Waldir magro e barbudo, que me recebeu sem muita animação.
O amontoado de entulho encobria uma toca que se estendia por 30 centímetros abaixo da terra, possibilitando que uma pessoa ficasse deitada dentro.

A contragosto, contou que desde a saída do hospital havia ficado na sua toca e não tinha comido desde então.
– “Você está trabalhando como guarda, aqui?”, questionou várias vezes.
– “Que guarda nada, sou o teu amigo, rapaz!”, o repreendia, na tentativa de tirá-lo da paranoia, desta vez justificada, já que ele não poderia estar ‘habitando’ nesse lugar público.

Perguntei se aceitaria que fosse buscar comida para ele. Consentiu.
Fui no mercado e comprei todo tipo de mantimentos que não precisassem de refrigerador.
Sucos, isotônicos, embutidos, bolachas e sopas instantâneas, além de um sabonete.

Quando voltei com o ‘rancho’, ele, que prometera me esperar, já não estava mais.
Deixei as coisas e aproveitei para investigar como era a toca por dentro. Uns cobertores, garrafas e pequenas ninharias, que imaginei serviriam de talismã para ele.

Decidi deixar o Waldir em paz e lançar um apelo: autoridades, por favor, não façam nada. Ele não quer. Temo que a única coisa que poderão fazer é tirá-lo do lugar proibido em que ele decidiu morar há quase uma década, sem nunca incomodar ninguém.

Fica com Deus, Waldir! É Ele quem te acompanha, protege e consola, coisa que os humanos não conseguimos fazer!

(Esta reportagem recebeu o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, da OAB/RS, concedido em Porto Alegre, em 10 de dezembro de 2010).


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Dorme Sujo – O cantor-filósofo que alegra milhares de pessoas diariamente na frente do Ticen

Por Billy Culleton

Você conhece o ‘Dorme Sujo’? Provavelmente, sim, já deve ter visto este cantor de rua que se apresenta diariamente na frente do Terminal de Integração do Centro (Ticen), divertindo as pessoas que passam diariamente pelo local.
Ex-morador de rua, o mineiro Renê Santana nasceu há 36 anos em Astolfo Dutra, perto de Juiz de Fora, e estudou até a 4ª série do ensino fundamental.

Cidadão do mundo, nos últimos nove meses está morando em Florianópolis. “Mas é só de passagem”, diz ele, que geralmente usa apenas uma bermuda nas suas apresentações.
O repertório do seu show, que dura entre duas e três horas, é absolutamente eclético. As suas músicas vão de MPB até sertanejo, passando por pagode e rock.

Você diz que canta por prazer e não pelo dinheiro que as pessoas dão…
Faço o que gosto e me divirto muito durante o show. Não estou interessado no dinheiro. Primeiro, eu faço meu mundo, curto e canto. E só recebo coisas boas, porque quem não gosta de mim, ou da minha música, nem para.

Qual a sua filosofia de vida?
A gente deve escolher o próprio caminho e arcar com as consequências dessa decisão. Eu adoro cantar, interagir e trocar energias com as pessoas. Esse é a minha principal motivação.

Por que não apostar numa carreira de cantor, mais formal?
Muitos me perguntam isso. ‘Ah, poderia cantar em bares’, ‘poderia lançar um CD’ etc.
É claro que eu, às vezes, gostaria de comer ou dormir melhor, mas a vida passa rápido para todos. Se não fizer o que te motiva, serás um morto dentro de um corpo vivo.

Qual a sua história de vida?
Sai de casa na minha adolescência e comecei a viajar pelo Brasil, sempre cantando.
Durante oito anos morei nas ruas, em várias cidades do país. Era duro, mas era minha opção. Depois, fui viajar pela América Latina, onde conheço todos os países. A maioria das vezes andava de carona, no dedo, e sempre conseguia algum pouso. Se não, um hostel barato. Atualmente, moro numa quitinete no Jardim Atlântico, na divisa com São José.

Também esteve na Europa…
Em 2018, fiquei três meses lá. Foram duas alegrias, quando cheguei e quando sai. Na Europa você é mais um imigrante e o europeu não gosta muito deles.

Até pouco tempo atrás, você se apresentava com violão. Mas agora, não mais. Por que?
Meus shows duram entre duas e três horas. O violão, em pé e dançando, me deixava muito cansado. Agora, uso uma pequena caixa de som, que ‘toca’ a parte instrumental das minhas músicas.

Como a música entrou na sua vida?
Sou autodidata no canto e aprendi a tocar com músicos que encontrei andando pelo mundo.

Por que adotou o nome “Dorme Sujo”?
A marca é tudo. Uma vez no Rio de Janeiro um cara me falou: ‘Oh, dorme sujo, vem aqui!”. Aquela frase me marcou e decidi adotá-la. Se você colocar na internet ‘dorme sujo cantor’, eu sou o primeiro que aparece.

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Largo da Alfândega ganha novas placas que apresentam aspectos históricos do espaço

A prefeitura instalou cinco novas placas de metal no recém-inaugurado Largo da Alfândega, no Centro da Capital.
Três delas apresentam os aspectos históricos do local: a origem do espaço e seu uso ao longo dos séculos.

Outra, é uma homenagem ao jornalista e ex-prefeito Dakir Polidoro, que dá nome ao largo. A placa, que é a original colocada em 2004 pela gestão Ângela Amin, tinha sido retirada durante as obras.

Já a placa oficial da inauguração faz referência às pessoas envolvidas com a revitalização.
São 60 nomes, encabeçados pelo presidente Jair Bolsonaro (a obra teve recursos federais) e que incluem o prefeito Gean Loureiro, o secretariado municipal completo e todos os vereadores, além de engenheiros e arquitetos.

As placas foram colocadas nas caixas de concreto onde estão instalados os motores que propulsionam a água dos chafarizes do largo.

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