A escola de samba “Embaixada Copa Lord” apresentou a camisa com a temática para o Carnaval 2020.
A “amarelo, vermelho e branco” do Morro do Monte Serrat, no Centro, vai homenagear o Padre Vilson Groh, que recentemente completou 65 anos e tem um trabalho social forte realizado junto à comunidade.
O samba enredo, com o título “Padre Vilson Groh, um Lord Solidário”, deverá ser produzido nas próximas semanas.
Na camisa apresentada no final de semana na sede da Escola, junto à foto do padre está escrito “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça” e também “Vilson Groh, o sacerdote das comunidades”.
Por quase 20 anos o Centro de Florianópolis contou com uma figura que despertava a curiosidade de quem passava pela Praça Fernando Machado: o famoso “homem da cobra”.
Entre 1985 e 2002, as performances do paraibano Pedro de Souza, que demoravam duas horas, mantinham a atenção do público com a promessa de mostrar alguns dos bichos que ele guardava em caixas: duas cobras (uma jiboia e uma cascavel), um peixe-elétrico e um lagarto.
Enquanto contava histórias fantásticas e ameaçava apresentar os animais (o que efetivamente fazia no fim do ‘show’), o artista fazia propaganda de ervas e chás do Amazonas, que curariam todo tipo de doença.
E quem o acompanhava, e vendia os produtos, era o filho Sérgio.
Quando o “homem da cobra” morreu de infarto em 2002, aos 54 anos, Sérgio Mendonça Guedes decidiu seguir os passos do pai e continuou vendendo ervas e chás nas ruas do Centro, mas sem contar com a atração das cobras.
“Foi proibido pelos órgãos ambientais”, justifica ele, conhecido como Sérgio do Chá.
São mais de 200 tipos de ervas e chás oferecidos no posto ambulante, na Rua Conselheiro Mafra, a poucos metros da praça onde a tradição começou.
“O nosso conhecimento vem dos antepassados indígenas, os Caigangue. Meu pai conviveu com eles em Mato Grosso, onde apreendeu tudo sobre as ervas, além de desenvolver a habilidade para lidar com as cobras”, explica ele, que nasceu em Aracaju, capital do Sergipe, há meio século.
Sérgio chegou a Florianópolis em 1987, junto com seus pais e irmãos. Pedro, que desde jovem viajava por todo o país apresentando seu espetáculo nas ruas, decidiu fixar residência por aqui. “Foi a cidade que escolheu para a gente morar. Pena que faleceu tão jovem”, lembra.
O principal ensinamento recebido do pai foi que não é só vender: “tem que ter responsabilidade e muito conhecimento”.
Ele une os dois atributos ao repassar as orientações sobre o uso dos chás para os clientes. “Cada erva tem a dose adequada para dar o resultado esperado. Não pode ser usada de qualquer forma porque pode prejudicar a pessoa”, ressalta, lamentando que seu conhecimento se perderá, pois nenhum filho seguiu a tradição familiar.
A maioria das ervas são originárias do Amazonas. E Sérgio descreve os benefícios de algumas.
“Marapuana é afrodisíaca. Pau para tudo, combate azia e mau hálito. Já o Pau Tenente serve para baixar a glicose”.
O comerciante tem clientela cativa e vende em média 2 kg de ervas por dia. Cada pacote com cerca de 100 gramas custa R$ 10.
Ele revela um detalhe surpreendente: na hora do almoço ‘abandona’ o posto ambulante, com todas as ervas, e vai a algum restaurante das imediações para fazer a sua refeição, retornando logo depois. “Nunca levaram nada”, garante.
Na manhã de 19 de agosto de 2005 um incêndio destruiu completamente 50% do Mercado Público de Florianópolis.
O fogo, na ala Norte, começou por volta das 8h num restaurante, por causa do superaquecimento de uma frigideira com óleo vegetal.
Em 2006, após uma reforma geral, o local voltou a funcionar com novas lojas.
Pessoas cegas ou com baixa visão têm, agora, uma nova forma de acessar o acervo da Biblioteca Pública de Santa Catarina, no Centro da Capital.
Um scanner combinado ao software Openbook transforma o texto em voz, permitindo que qualquer obra escrita seja ouvida por deficientes visuais.
O usuário também pode levar o livro que deseja ler ou escolher entre os disponíveis nas prateleiras da biblioteca. A obra é colocada na bandeja do scanner, que digitaliza a página e joga o texto para dentro do software.
A leitura, que pode ser feita em vários idiomas, é ouvida por meio de fones disponíveis no computador.
Para utilizar o equipamento, deve-se marcar horário antecipadamente ou ir até o segundo andar da Biblioteca, onde também está o setor de livros em braille.
A facilidade é uma doação recebida no evento Senabraille, que abordou ações de bibliotecas na inclusão de pessoas com deficiência visual.
Dar dignidade e evitar que pessoas em situação de rua façam as suas necessidades em locais públicos.
É isto que busca a Prefeitura de Florianópolis ao permitir o uso gratuito do banheiro público localizado no Terminal Urbano Cidade de Florianópolis, a 100 metros da Praça XV.
O gerenciamento do local é feito pela Associação Florianopolitana de Deficientes (Aflodef), que cobra R$ 2 pelo uso.
Agora, moradores de rua poderão utilizar o banheiro sem custo por meio de uma carteirinha fornecida pelo poder público municipal, após cadastramento.
Essa é uma das iniciativas do “Mutirão da Cidadania”, que começa nesta quinta-feira, 15, na Passarela da Cidadania, junto ao sambódromo.
A ação servirá como controle de dados sobre a população de rua na cidade.
Os cadastrados também poderão acessar outros benefícios sociais, como os do governo federal: Bolsa Família e Id Jovem, que dá descontos em espetáculos culturais e esportivos, além de passagens gratuitas em ônibus interestaduais.
O trabalho da Prefeitura de Florianópolis no apoio à população de rua tem recebido elogios.
Todos os dias equipes de sensibilização percorrem o Centro oferecendo os serviços do poder público, como os abrigos na região central e no Continente, além da concessão de passagens para voltar à cidade de origem.
Na Passarela da Cidadania, por exemplo, pode-se encontrar comida, chuveiro e sabão em pó para lavagem de roupas, além de atendimento socioassistencial, oficinas, palestras e lugar para dormir.
O Centro ganhará um novo posto de saúde em 2020. A novidade é que trabalhadores de qualquer bairro da cidade poderão usufruir dos serviços.
O local escolhido é na Rua Artista Bittencourt, na frente da Praça Pereira Oliveira, em prédio que era ocupado pela Casan, nos fundos do Teatro Álvaro de Carvalho.
A iniciativa da prefeitura busca contemplar as pessoas que trabalham no Centro e não conseguem frequentar os postos de saúde de seus bairros por causa dos horários de atendimento.
O novo posto beneficiará cerca de 1,5 mil pessoas por mês, de acordo com o prefeito Gean Loureiro.
“Antes da abertura, no segundo semestre de 2020, o prédio precisará passar por uma reforma. Para isso, ocorrerá uma licitação até o final deste ano”, disse, prevendo um investimento de R$ 2 milhões.
Atualmente, os moradores do Centro contam com a Policlínica Municipal do Centro, na Avenida Rio Branco, quase esquina com a Felipe Schmidt.
Um audioguia, que pode ser acessado por meio de um aplicativo no celular ou tablet, mostra nove locais históricos e turísticos do Centro da Capital.
O projeto “270 anos da presença açoriana na 10ª Ilha dos Açores” traz, no total, 53 atrações de toda a cidade, incluindo as praias e a parte continental.
O audioguia, que foi lançado nesta segunda-feira, 12, na Casa da Memória, é composto por textos e áudios em três línguas – português, inglês e espanhol. Também contém fotografias, vídeos e mapas sugerindo um itinerário de visita.
O foco principal do projeto é mostrar a influência da colonização açoriana na configuração da cultura popular da cidade.
Confira as atrações do Centro que aparecem no projeto:
– Praça XV de Novembro
– Rua Conselheiro Mafra
– Praça Getúlio Vargas
– Região Leste
– Catedral de Nossa Senhora do Desterro
– Igreja São Francisco da Penitência
– Capela Menino Deus (Hospital de Caridade)
– Casa da Alfândega
– Armazém da Renda, Mercado Público
Para baixar o aplicativo deve se acessar o izi.travel e procurar o audioguia “270 anos da presença açoriana na 10ª Ilha dos Açores”.
“É um dia muito especial. Após muita luta, vejo que valeu a pena”, comemora Rodolfo Cerny, 87 anos, que vinha alertando sobre a perigosa inclinação de um pinheiro que ameaçava cair sobre o Palácio Cruz e Sousa, prédio que abriga o Museu Histórico de Santa Catarina, no Centro de Florianópolis. Neste final de semana, a árvore de 30 metros foi cortada, numa operação que envolveu um enorme guindaste, no entorno da Praça XV.
Em junho, o Floripa Centro publicou uma matéria (veja aqui) advertindo sobre o perigo que o prédio histórico estava correndo, após Cerne procurar a nossa reportagem.
Poucos dias depois, o Estado anunciou que cortaria o pinheiro (veja aqui).
No sábado, Cerne, que mora a 100 metros do local, fez questão de acompanhar a complicada logística de corte, que incluiu o guindaste e um profissional de rapel, além de outros trabalhadores e um caminhão para carregar os troncos, que foram cortados em pedaços de cinco metros.
‘Guardião do patrimônio público’, Cerny, no ano passado, contatou a Floram, avisando da ameaça. Técnicos foram até o local, mas nada do corte. Agora, ele respira aliviado, satisfeito com sua contribuição na construção da cidadania.
Por Billy Culleton
Apesar de não serem contemporâneas, duas figuras negras que marcaram a história de Santa Catarina poderão se ‘ver’ desde o alto, por meio dos murais pintados em suas homenagens no Centro.
É que esta semana começou a ser produzido mais uma obra de arte urbana na parede lateral do Edifício Atlas, na Rua Tenente Silveira Nº 200.
Desta vez, a agraciada será Antonieta de Barros (1901-1952), professora, jornalista e primeira mulher a ser eleita no Brasil: foi deputada estadual entre 1935 e 1937.
A pouco menos de 200 metros, ela poderá ‘avistar’ o rosto do poeta Cruz e Sousa (1861-1898), no mural do Museu Histórico de SC, na frente da Praça XV, e que foi concluído em junho.
O retrato da manezinha, com 32 metros de altura, terá a seguinte frase:
ANTONIETA DE BARROS Jornalista, professora, e primeira mulher, e negra, eleita do Brasil
O painel, que integra o projeto Street Art Tour e busca homenagear alguns ícones culturais da cidade, está sob a responsabilidade dos artistas plásticos Thiago Valdi, Gugie e Tuane Ferreira.
O que fazer com um prédio obsoleto, tombado e que não pode ser usado para seu principal objetivo, receber eventos?
Este é o dilema que vive a direção do Clube 12 de Agosto com relação à sede da Avenida Hercílio Luz.
O local está interditado para a realização de festas e formaturas desde 2013, na esteira de uma maior fiscalização por causa do incêndio da Boate Kiss, naquele ano.
Só estão liberados para uso o térreo e a sala onde fica a presidência.
Uma reforma para deixá-lo novamente em condições de sediar eventos comemorativos custaria astronômicos R$ 7 milhões.
Já o terreno de 1,5 mil metros quadrados é avaliado em cerca de R$ 10 milhões.
A venda do imóvel chegou a ser aprovada em 2014 e previa a sua demolição e a construção de um prédio de 12 andares, ficando para o clube 30% da área construída.
Porém, a iniciativa teve que ser abortada pelo processo de tombamento, somado à mudança do Plano Diretor quanto ao número de andares que poderiam ser construídos na área.
O clube fundado em 1872 ficou instalado por 92 anos na Rua João Pinto, até que em 1940 foi comprado o terreno na Hercílio Luz.
A nova sede, em estilo modernista, começou a ser construída em 1957 e foi finalizada somente em 1964.
Desde então, o local ficou famoso pelos bailes de Carnaval, de debutantes e pelas colações de grau.
Mas agora as elegantes instalações de antanho sofrem com a ação do tempo e a falta de manutenção. O salão principal, no primeiro andar, ainda mantém o charme do passado, mas os demais andares apresentam infiltrações, com pisos, portas e janelas quebradas.
A parte externa também dá sinais de decadência. Moradores de rua usam a calçada lateral para dormir e frequentadores dos bares do entorno costumam urinar nas paredes pichadas.
O clube solicitou à Prefeitura licença para colocar grades na calçada lateral, o que foi negado em razão do prédio estar em processo de tombamento.
Esta semana, no entanto, o clube, em parceria com a Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB) de Santa Catarina, começou a limpeza das paredes pichadas.
Resumo da ópera: um belo prédio modernista no Centro, sem condições de uso e cada vez mais mostrando sinais de decadência. E poucas perspectivas de solução…
Em maio de 1910 foi construído o primeiro reservatório de água de Florianópolis, no Morro de Monte Serrat, atrás do Instituto Federal de Educação, na Avenida Mauro Ramos.
Porém, os moradores que lá estavam instalados desde 1860, muitos descendentes de ex-escravos, não foram beneficiados pela obra, que privilegiou o abastecimento das casas do Centro, Saco dos Limões e Agronômica.
As residências do morro só tiveram acesso à água encanada mais de 70 anos depois, durante a década de 1980.
É nesse contexto que ganha ainda mais importância a inauguração da primeira praça na comunidade, nesta quarta-feira, 7.
Localizado no terreno da simbólica caixa d’água, o espaço, além de servir para a convivência dos moradores locais, pretende ser um ponto de encontro entre o Centro e a periferia, segundo o Padre Vilson Groh, um dos idealizadores da iniciativa e que mora no Monte Serrat desde 1983.
“Temos que criar pontes que unam as pessoas, fazendo com que a beleza rompa a bruteza”.
A praça ocupa uma área um pouco menor que um campo de futebol e conta com diversos equipamentos, como uma academia da melhor idade, um parquinho infantil, uma área de convívio e pista para caminhadas.
O espaço, na esquina das ruas General Nestor Passos e General Vieira da Rosa, também será utilizado para eventos de artesanato, gastronomia e artes.
A construção da praça é um projeto do Instituto Vilson Groh e faz parte do programa ‘Adote uma Praça’, que conta com o apoio da Associação FloripAmanhã e da WOA Empreendimentos.
Conheça a história do Monte Serrat: – O Monte Serrat é uma das áreas mais antigas dos morros de Florianópolis e foi historicamente excluída das ações de implantação de infraestrutura e serviços urbanos da cidade.
– A ocupação, que começa em 1860, teve três fases.
– A primeira, foi por escravos fugidos ou libertos que viviam em pequenas choupanas e ranchos de madeira, ao redor dos quais plantavam pequenas roças.
– A segunda fase ocorreu a partir da década de 1920, decorrente das mudanças urbanas sanitaristas que expulsaram os pobres do Centro da cidade.
– A terceira, foi durante as décadas de 1950 e 1960, com a migração de população negra empobrecida de Biguaçu e Antônio Carlos que buscava trabalho na construção civil.
– O nome originou-se a partir de uma imagem de Nossa Senhora do Monte Serrat que chegou de navio a Florianópolis, em 1927, e foi levada em procissão até a capela do então morro da Caixa d’Água.
– As primeiras lajotas foram colocadas no morro em 1983.
– O padre Vilson Groh chegou para morar no Monte Serrat em 1983 e incentivou a organização de movimentos sociais. Assim, ele estreitou os laços com a comunidade, reivindicando melhores condições de vida para a população excluída das políticas públicas.
– O ônibus começou a atender a comunidade em 1993.
(Apontamentos com base na tese de doutorado em Geografia (UFSC) de André Luiz Santos chamada “Do Mar ao Morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis”. E também no livro “A Sociedade sem Exclusão do Padre Vilson Groh”, de Camilo Buss Araújo.)