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Fotos de Tasso Claudio Scherer Tasso Scherer - Minha história

Tasso Scherer – Minha história

Nascido em Florianópolis, Tasso é um exímio captador de imagens do cotidiano da cidade, embora se declare fotógrafo amador por excelência.

Começou a fotografar em 2011, para acompanhar o nascimento e crescimento do seu último filho.

Gostou da empreitada e foi se aperfeiçoando com diversos cursos, entre os que se destacam no Senac e Univali.
Dono da pequena livraria “Desterrados”, na Rua Tiradentes, no Centro, busca sempre um ângulo diferenciado nas suas fotos.

A Ilha, sua luz, as ruas e casarões, são suas molduras preferidas, junto com o mar e os amanheceres.

“Tenho 60 anos, mas uma cabeça, às vezes, com 30, e às vezes, com 90. Não gosto do cinza nem do fascismo, nem da morte, que é seu único métier. Gosto da vida, das cores e das gentes”.

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Contos de Norma Bruno Histórias do Centro Narrativas do Centro

Uma antiga história de amor no Piano Bar do Hotel Royal, no Centro – Um conto de Norma Bruno

Hotel Royal*

Por Norma Bruno
Alfredo amanhecera com uma emoção sombria, talvez pelo acúmulo das três noites mal dormidas.
Por mais que tentasse, não conseguira explicação para a angústia que o acompanhava nos últimos dias, até que abriu o jornal O Estado naquela manhã.
Abandonando um café pela metade, dirigiu-se ao seu quarto de viúvo. Passou o dia deitado, olhando o teto. No fim da tarde tomou um banho demorado e vestiu-se a caráter, porque a situação o exigia. Na saída rasgou a página do jornal e guardou-a, cuidadosamente dobrada, no bolso do paletó.

Ganhou a rua. Mal deu os primeiros passos e avistou-a a de pleno. Ela caminhou em sua direção, mas não o viu, passando ao largo. Tinha no rosto um meio-sorriso, como se pensasse uma saliência. Ele se voltou e ficou a observá-la, até que ela sumiu, dobrando a rua. Teria vinte anos, um pouco mais, talvez. Nunca mais a encontrou, até que, para sua surpresa, ela veio morar na vizinhança.

O encontro diário era inevitável, a casa da moça colada à sua. Bastava ir ao quintal ou fazer alguma volta na rua para vê-la entrando e saindo de casa ou avistá-la em movimento pela sala, a visão favorecida pela janela sem cortina e o muro baixo.
A possibilidade do encontro no portão o transformou em pontualíssimo, uma qualidade insuspeitada por quem o conhecia.

Foto do livro ‘Florianópolis: uma viagem no tempo (2004)’, de Beto Abreu

Com o tempo soube que trabalhava no Hotel Royal e que era noiva de um piloto da Cruzeiro do Sul, que a visitava quando permitia a escala do voo, já que residia no Rio de Janeiro. Desse dia em diante passou a frequentar o Piano Bar do hotel apenas para vê-la.
Na entrada, a menos que ela estivesse ocupada, comentava alguma amenidade ou cumprimentava-a de longe, seguindo para o salão.

Ocupava sempre a mesma mesa, próxima à janela de modo a observá-la discretamente, enquanto ela atendia os hóspedes no balcão. No início do mês dava-se ao luxo de pedir um ‘filé com fritas’; da outra metade em diante um drinque – Hi-fi -, atento ao som do piano, magistralmente tocado por Mirandinha, o pianista-mor da cidade, que abrilhantava o fim de tarde dos hóspedes do Hotel Royal.

Saguão do Hotel Royal (Acervo Mário Regueira)

Iniciava com uma seleção consagrada do blues e do jazz, depois abria espaço para os pedidos que incluía os clássicos americanos – New York, New York; Smoked get in your yes; Only you -, e também muita Bossa Nova, o ritmo que vinha revolucionando a música brasileira.

De quando em quando Alfredo arriscava um pedido, sempre a mesma música, um recado sutil para Carmélia, mais ia embora antes dela para não denunciar o interesse. Cumprimentava-a de longe e ia para casa remoem orando sua imagem, o cigarro apagado entre os dedos e o som seco do Zippo abrino e fechando, marcando seus passos. Sua lembrança o assaltava diversas vezes durante o dia.

Certa noite, ao sair, percebeu a ausência de Carmélia, por isso ficou surpreso quando a encontrou parada, a silhueta iluminada pelo imenso lustre de cristal, no saguão do hotel. Mais surpreso ficou quando ela disse que estava à sua espera e, com uma graça toda feminina, confessou que mentira ao gerente, pedindo para sair mais cedo, alegando dor de cabeça.

Postal da década de 1960, publicada por Carlos Damião, no ND, em 2015

Ele insistiu que tomassem um carro de praça até em casa, mas ela disse que preferia ir caminhando, se ele não se importasse. Lado a lado, passos contidos para esticar o tempo, subiram a Praça XV passando em frente ao prédio do Banco INCO. Do andar superior ainda sobrevinha, como uma alucinação, uma voz que imitava o inigualável Cauby Peixoto no extinto e popularíssimo programa de auditório da Rádio Diário da Manhã.

Subindo a Rua dos Ilhéus, passaram pelo Teatro Álvaro de Carvalho, cortando a Praça Pereira Oliveira em direção à Chácara da Espanha. Antes, demoraram-se diante do cartaz que anunciava para breve um espetáculo com a Companhia de Teatro Procópio Ferreira. Caminhavam vagarosamente, conversando sobre um tema qualquer, o assunto um mero pretexto para os entreolhares sorridentes, um tocando de leve o braço do outro com a desculpa de enfatizar o que ia ser dito. (Ela não mencionou o nome do noivo, nem ele o da noiva, apesar das alianças).

Por fim chegaram ao seu destino. Ainda tinham assunto, por isso quedaram-se um pouco mais no portão, sob a luz de um poste da ELFFA, a Empresa de Luz e Força da Cidade. Mas a conversa ficou para outro dia, pois a mãe, zelosa da reputação da filha, gritara lá de dentro para que ela entrasse. Três vezes.

Os encontros noturnos tornaram-se frequentes, só que agora era ele quem esperava. Conversavam e riam à toa pelas ruas, entretidos, absortos, apartados do mundo. Quando chovia, tomavam um carro-de-cavalo. Falavam sobre os filmes em cartaz no Cine São José, no Cine Roxy, no Cine Ritz, recomendavam-se músicas, compartilhavam passagens da infância¸ falavam do trabalho e dos sonhos, descobrindo e construindo afinidades.

Alfredo fantasiava uma liberdade inexistente, a ponto de convidá-la para a tradicional Soirée de Inverno do Lira Tênis Clube, logo ele que nem sabia dançar. A mãe disse que não ficava bem.

Numa manhã de sábado a realidade bateu palmas no portão da casa, ele ouviu. Era Carmélia, com um envelope não mão.
– É dele, ela disse. – Está vindo me buscar…

Alfredo nada disse, apenas baixou o olhar, o silêncio erguendo um mundo entre os dois. Dias depois ele percebeu o pequeno envelope introduzido por baixio da porta da sala de visitas.
Reconheceu a letra feminina que dizia: – Parto amanhã. O avião sai às 16 hs.

Dava para ouvir o alvoroço da mãe e do irmão mais velho na despedida de Carmélia. Contrariando os antigos planos, casaria por lá. Alfredo ficou atrás da porta, à escuta, a mão sobre a maçaneta, mas o gesto não se cumpriu.

Muitos anos se passaram desde aquele dia. Ela nunca retornou à cidade. A operação na vesícula, suas pequenas conquistas, as notícias chegavam através do irmão mais velho, que agora cuidava da mãe, a saúde cada dia mais frágil.

Alfredo vibrou ao saber que Carmélia, afinal, abriu o tão sonhado ateliê de costura e que, ao contrário dele, tivera muitos filhos, naturais e adotivos; sabia seus nomes e datas de nascimento. Que enviuvou ainda jovem. Anos depois ele também enviuvou; então decidiu procurá-la. Por ele, aquela história recomeçaria do ponto exato em que parou.

Decidido enviou-lhe uma carta, propondo um encontro para breve. A carta dizia: se ela não o tivesse esquecido, que o encontrasse dia tal, a tal hora, em tal lugar.
Alfredo chegou cedo e saiu muito depois da hora marcada, mas ela não apareceu. Antes de retornar à Florianópolis, deu o endereço ao taxista, pedindo que parasse um instante na porta do prédio em que ela morava.

Por algum tempo ficou a observar as cortinas brancas voejando pela grande janela entreaberta. Relembrou o pedido de um gesto que ela fizera ao partir – saber que aquela seria a última vez que a via teria mudado alguma coisa? Nesse instante alguém cerrou as janelas, devolvendo-o à realidade. Voltou à Ilha e à sua previsível vida de viúvo e aposentado.

Da viagem ao Rio até a manhã daquele dia, passaram exatos sete anos sem uma única notícia de Carmélia. Já não havia tempo para recomeços, advertia a nota do jornal. Daí o olhar perdido, o café abandonado pela metade, o banho demorado, a melhor roupa e o andar lento pelas ruas assaltado pela lembrança do momento em que a viu pela primeira vez, há mais de quarenta anos. Quando se deu conta, estava diante do Hotel Royal. Decidiu entrar, dirigindo-se ao Piano Bar (isso ainda existe?).

No salão totalmente remodelado, um grupo de executivos comemorava alguma coisa num happy-hour barulhento. Alfredo aguardou que vagasse a mesa próxima à janela e então sentou, como o fazia, de modo a observá-la atendendo os hóspedes.

Chamou o garçom e pediu um Hi-fi, distraído do seu anacronismo.
O rapaz, bem treinado, esclareceu que a bebida não constava no cardápio, mas que o bar tinha uma excelente carta de vinhos nacionais e importados, além de cervejas artesanais, uísque, espumantes, vodcas, tequilas… Ele fez que não, algo irritado, voltando-se para a janela onde as luzes começavam a destacar a Ponte Hercílio Luz contra o céu escuro.

Observando que já não se via o facho de luz azul do aeroporto percorrendo o céu da cidade, foi despertado pela música. O som não vinha do piano, como outrora, mas de um desses modernos equipamentos eletrônicos que desempregam uma orquestra inteira.

O cantor era competente, ainda que o repertório não fosse do seu agrado. Com certa dificuldade, Alfredo levantou e, dirigindo-se ao músico, pediu: – Play it again, Sam?

Hamilton já estava acostumado. Depois do terceiro copo todo pianista vira Sam aos olhos de um freguês apaixonado.
Esquecendo o velho e remetendo às suas próprias lembranças, no fundo ele ansiava por esse momento, Sam dedilhou com maestria: Eu sei que vou te amar…

Da rua o que se ouvia era uma linda canção de amor, entrecortada pelo tilintar dos pratos e talheres sendo recolhidos da mesa do Piano Bar.

* Este conto faz parte do livro “Cenas urbanas e outras nem tanto” (Norma Bruno, Bernúncia Editora, 2012)

— Conheça a trajetória de Norma Bruno

Novas narrativas – No aniversário da Capital, quatro ‘grandes’ da cidade se juntam ao time do Floripa Centro

Neste 23 de março de 2021, aniversário da cidade, o Floripa Centro está lançando uma nova sessão, chamada ‘Narrativas do Centro’.
Nela, serão publicados textos de diversos gêneros, sempre com foco na região central da cidade.

Haverá crônicas de Sérgio da Costa Ramos, contos e cenas urbanas com Norma Bruno, poesias de Chiko Kuneski e fotos de Tasso Scherer.

Assim, todos os finais de semana o leitor do Floripa Centro poderá apreciar as fantásticas produções destes consagrados comunicadores.

Cada um deles terá seu trabalho publicado uma vez por mês.
No ‘lançamento’ do espaço, neste aniversário de Florianópolis, haverá uma obra de cada um dos quatro autores.

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Norma Bruno - Minha história

Norma Bruno – Minha história

Norma Bruno é ilhoa, nascida no Bairro Saco dos Limões, na metade do século passado. Graduada em História, publicou seu primeiro livro aos 50 anos.
Hoje, tem cinco livros publicados sendo dois de crônicas, dois de poesia e um de memória.

Atualmente, se dedica a uma extensa pesquisa sobre a memória do Centro de Florianópolis.

Nas horas livres é bordadeira, coleciona rendas de bilro e revistas antigas.

E, como ela diz, inventa coisas e histórias.

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Agendas Narrativas do Centro Poesias de Chico Kuneski

O bar das meninas, bêbados e cafetões na região central da cidade, na poesia de Chiko Kuneski

O jornalista Chiko Kuneski é morador do Centro de Florianópolis há quatro décadas.
Portador de deficiência física, cadeirante, também é escritor e poeta.

Nesta apresentação de suas obras, no Floripa Centro, traduz o clima no interior do último boteco que ainda resiste na Rua Conselheiro Mafra, na esquina com a Padre Roma.
O histórico estabelecimento fornece refeições populares para os trabalhadores do entorno do antigo Bairro da Figueira e reúne a mais variada clientela.

Já nesta segunda poesia, Chiko faz uma espécie de apresentação da vida do poeta e o seu mundo.

— Acompanhe as poesias musicadas de Chiko Kuneski & Luiz Aurélio, no Youtube.

— Conheça o livro de Chiko Kuneski “Diário do Nada – Cem Dias Sem Mundo“.

— Confira a trajetória do poeta

Novas narrativas – No aniversário da Capital, quatro ‘grandes’ da cidade se juntam ao time do Floripa Centro

Neste 23 de março de 2021, aniversário da cidade, o Floripa Centro está lançando uma nova sessão, chamada ‘Narrativas do Centro’.
Nela, serão publicados textos de diversos gêneros, sempre com foco na região central da cidade.

Haverá crônicas de Sérgio da Costa Ramos, contos e cenas urbanas com Norma Bruno, poesias de Chiko Kuneski e fotos de Tasso Scherer.

Assim, todos os finais de semana o leitor do Floripa Centro poderá apreciar as fantásticas produções destes consagrados comunicadores.

Cada um deles terá seu trabalho publicado uma vez por mês.
No ‘lançamento’ do espaço, neste aniversário de Florianópolis, haverá uma obra de cada um dos quatro autores.

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Minha história - Chiko Kuneski

Chiko Kuneski, poeta

Chiko Kuneski, 57 anos, é natural de Brusque e morador do Centro de Florianópolis desde 1982.

Portador de deficiência física, cadeirante, é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, escritor e poeta.

Tem dois livros publicados: “D´Vagar Si Não Aleija”, da Editora Insular, que narra em crônicas o lado divertido e pitoresco das pessoas portadoras de deficiência física.

E também o recém-lançado “Diário do Nada – Cem dias Sem Mundo”, da Luso-brasileira Chiado, um livro de poesias contando os primeiros dias de isolamento social provocados pela pandemia de Covid19.

Além disso, divide um canal do Youtube com seus poemas musicados por Luiz Aurélio Baptista: Chiko Kuneski & Luiz Aurélio.

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Histórias do Centro

Procissão do Nosso Senhor dos Passos completa 255 anos – Veja 10 fotos antigas e um vídeo de 1939!

Pelo segundo ano consecutivo, os florianopolitanos não poderão participar da mais importante manifestação religiosa da cidade, que, historicamente, reúne entre 30 mil e 40 mil pessoas.
A procissão do Senhor Jesus dos Passos deveria acontecer neste domingo, 21, mas foi suspensa pela pandemia, assim como em 2020.

Foi na Quaresma de 1766 que ocorreu a primeira caminhada dos fiéis, pelas ruas de Desterro, junto às imagens de Cristo e Maria.

Um vídeo feito em 1939 foi descoberto e editado por Paulo José da Costa, que mantém um canal no Youtube com vídeos históricos.

O material, encaminhado ao portal pelo jornalista Manoel Timóteo, mostra vários momentos da procissão, pelo Centro da Capital:

O Floripa Centro também reuniu 10 fotos históricas que mostram a fé e devoção da população da Grande Florianópolis.
Confira:

Saída da imagem no Largo da Catedral, 1949 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Imagem do Senhor dos Passos, 1961 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Crianças aguardam a passagem das imagens,1951 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Encontro do Senhor dos Passos com Nossa Senhora das Dores, 1965 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

O encontro das imagens, 1961 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Subida para a Capela do Menino Deus, no Hospital de Caridade (Acervo da Casa da Memória)

 

Chegando à Capela, 1953 ( (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Fiéis dentro da Catedral, 1972 (Acervo da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos)

 

Procissão passa pelo Largo da Alfândega, década de 1970 (Acervo Casa da Memória)

Confira a programação de 2021, tudo pelo Youtube:

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Agendas

Há 123 anos morria Cruz e Sousa – Conheça os locais, no Centro, onde nasceu e cresceu o poeta

A maioria dos florianopolitanos conhece a belíssima obra poética do desterrense João da Cruz e Sousa, nascido em 24 de novembro de 1861, e que dá nome ao Palácio que sedia o Museu Histórico de Santa Catarina, no centro da Capital.

Porém, pouco se conhece sobre os locais onde nasceu e cresceu o maior poeta simbolista do Brasil, que morreu no Rio de Janeiro, em 19 de março de 1898, e cujos restos mortais descansam no jardim do Museu Histórico.

Cruz e Sousa nasceu e passou a sua primeira infância na região conhecida como Chácara do Espanha, atrás da Catedral Metropolitana, perto do atual Teatro Álvaro de Carvalho.

Rara imagem do menino Cruz e Sousa (Acervo do documentário Documentário sobre Cruz e Sousa)

No local existia uma grande propriedade que pertencia ao Marechal Guilherme Xavier de Sousa, para quem trabalhavam os pais do poeta.

Como informa a historiadora Graciane Daniela Sebrão, na dissertação de mestrado “Presença/ausência de africanos e afrodescendentes nos processos de escolarização em Desterro – Santa Catarina (1870-1888)”, Udesc, 2010.

Local onde ficava a propriedade do Marechal Guilherme (Imagem de autoria desconhecida)

“A família morava no porão amplo do sobrado de Marechal Guilherme Xavier de Sousa e Clarina Fagundes Xavier de Sousa, para os quais trabalhavam seus pais. A propriedade, que depois ficou conhecida como Chácara do Espanha, ficava próximo à Igreja Nossa Senhora do Rosário e ao Teatro Santa Isabel (atual TAC).”

Seu pai foi escravo do casal até 1864, quando o marechal o libertou. Sua mãe Carolina, porém, já estava na condição de liberta.
“Por isso, o menino nasceu livre”, conta Sebrão.

Casa na Praia de Fora
Em 1870, o Marechal Guilherme (nome de rua onde está a Igreja do Rosário), deixou à família do poeta uma parte do solar, em testamento.
No entanto, alguns anos depois, de acordo com a pesquisa da historiadora, a família se mudou para a Praia de Fora, onde o pai de Cruz e Sousa conseguiu construir uma casa.
A Praia de Fora estava localizada na atual Beira Mar Norte, aproximadamente, entre a Avenida Gama D’Eça e a Rua Arno Hoeschel.

Praia de Fora na década de 1950 (Registro da família von Wangenheim, Coleção Desterro Antesdonte)

Após dirigir o jornal Tribuna Popular, ser professor e lançar o primeiro livro “Tropos e Fantasias”, em 1890, partiu para o Rio de Janeiro onde seguiu a sua brilhante trajetória de poeta e ativista.
Morreu de tuberculose, em Minas Gerais em 19 de março de 1898.

Mural ao lado do Palácio Cruz e Sousa (Billy Culleton)

Veja o documentário sobre Cruz e Sousa, encarnado pelo ator Maurício Gonçalves:

(A imagem de abertura é da obra “Exposição comemorativa do centenário de nascimento de Cruz e Sousa – 1861 – 1961”, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro)

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Agendas

Personagens do Centro – Ilusionista percorre o país se apresentando nas sinaleiras com apenas uma mágica

A primeira sensação ao ver o mágico fazendo um mini show no semáforo da Avenida Beira Mar Norte é atribuir à cena à crise do setor cultural em razão da pandemia.
Ledo engano!

A apresentação de menos de 30 segundos faz parte de um projeto cultural criado pelo ilusionista “Mister Francis” e que está percorrendo as principais cidades do país.
Após a consolidação no Rio Grande do Sul, em 2020, atualmente encontra-se em Florianópolis, surpreendendo e divertindo instantaneamente os ocupantes dos veículos.

Confira o vídeo oficial do mágico:

É somente uma mágica: fazer sumir o lenço vermelho na frente de todos.
Com a mão direita mostra o pano, que depois é colocado na outra mão fechada e, logo depois, ao abri-la desaparece.

Mister Francis se curva em agradecimento e passa entre os carros com a cartola, pedindo uma colaboração.
Entre os sorrisos de aprovação da maioria, apenas um ou dois dão algum troquinho.

Show na Avenida Beira Mar dura 30 segundos

Quanto ganha?
“Trabalho, no mínimo, oito horas, o que significa 30 apresentações por hora ou 200 por dia. Por isso, em média, consigo R$ 150 a cada jornada”, explica ele.

Apresentação na Beira Mar:

O maior mágico do mundo
“O ás da mágica”, como gosta de ser chamado, tem 55 anos e é natural de Viamão, no Rio Grande do Sul.
Ilusionista profissional há 30 anos, ele criou um projeto que busca atingir milhões de espectadores para se transformar no ‘mágico mais assistido presencialmente no mundo’.

Ele calcula que diariamente faz o seu mini show para 3 mil pessoas nas sinaleiras, somando 900 mil num ano.
“Estou tramitando um processo para ser reconhecido pelo Guinness Book como o mais assistido fazendo apenas uma mágica”, conta.

Mister Francis se veste a rigor (Acervo pessoal)

Morando numa pensão no Morro do Monte Serrat, no Centro, José Airton da Silva Francelino deve seguir viagem para São Paulo, Rio e outras capitais, para depois ganhar o mundo.

“O projeto de levar alegria através do ilusionismo se mostrou viável financeiramente, então vou seguir por outros países”, diz Mister Francis, acrescentando que busca popularizar o que acredita que se perdeu com o passar dos anos: o encanto pela magia.

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Reportagens Especiais

Joia de ouro – A minúscula réplica da Ponte Hercílio Luz guardada há 30 anos no cofre do Museu Histórico de SC

“Fiz essa peça para ser exposta ao público, não para estar escondida!”.
O desabafo é do ourives Juan Alvez, criador de uma miniatura da “Velha Senhora”, de 33 centímetros, feita em ouro e prata.

A joia avaliada em quase R$ 100 mil foi produzida em 1989 como uma homenagem à Ponte Hercílio Luz que, naquela época, tinha acabado de ser interditada e corria o risco de cair.

A reprodução foi feita com 127 gramas de ouro 18 quilates e 106 gramas de prata, sobre uma base de pedra ágata, apoiada numa estrutura de madeira cedro.
Embaixo da ponte, um barquinho desliza pelas águas da Baia Norte.

Joia com a catalogação do Museu (Eugênio Pelegrin – Museu Histórico de SC)

Em 1991, Alvez a vendeu à Fundação Besc que doou a joia ao governo do Estado por ocasião das comemorações de 65 anos da inauguração da Ponte.

Desde então, está no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Sousa, no Centro da Capital.

Detalhe da maquete original (Eugênio Pelegrin – Museu Histórico de SC)

Cofre protege a joia
Mas, pelo seu valor, não fica exposta ao público: está guardada num cofre.

Em 30 anos, a miniatura só foi exibida em três oportunidades: na solenidade da doação; depois, em 2013, durante as comemorações do centenário da casa da campo de Hercílio Luz, em Rancho Queimado, e em 2019, na exposição sobre a Ponte, no Museu, pouco antes de ser reinaugurada.

Alvez com a segunda obra na frente da Ponte (Foto de Daniel Conzi)

Uma curiosidade: no translado a Rancho Queimado, a 100 quilômetros de Florianópolis, foram utilizadas duas viaturas do Bope e segurança especial na casa de campo.

“A ponte é sinônimo de conexão e de união das pessoas. Esse é mais um motivo para a miniatura estar à vista das pessoas, que poderiam apreciar seus detalhes”, filosofa Alvez, argentino de 67 anos que adotou a Ilha há quatro décadas e que é proprietário da escola Artessencia Joias.

Réplica da réplica
Em 2009, indignado com a falta de exposição da joia, o ourives produziu uma segunda peça.

As duas réplicas, a original e a cópia

Um aluno ‘endinheirado’ do curso de joias se solidarizou com a frustração do professor e emprestou-lhe o ouro e a prata necessários para fazer uma cópia quase idêntica da original: somente a base é diferente e não tem as pedras brilhantes em cada poste de iluminação.

“Fiz de birra e a guardo na minha casa. Pelo menos agora posso mostrar para os meus alunos, familiares e amigos”, conta, acrescentando não temer pela segurança da peça.
“O seu valor é mais histórico do que pelos materiais utilizados. Se forem derreter o ouro, custaria muito menos”.

Juan Alvez com a segunda joia (Acervo pessoal)

Sobre a possibilidade de vender a joia, ele é contundente.
“Só venderia se o comprador colocasse para visitação geral do público. Qual o sentido de uma obra de arte ficar guardada num cofre?”.

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Atualidade

Animais de estimação ganham espaço exclusivo em praça da região central, que foi reaberta ao público

O ‘pet place’ e o parquinho infantil são as principais novidades da recém-revitalizada Praça Olívio Amorim, localizada na Avenida Hercílio Luz.

O espaço já está disponível para uso das pessoas, embora funcionários continuem trabalhando nos detalhes finais para a inauguração oficial, que ocorrerá a partir da próxima semana, durante as comemorações do aniversário de Florianópolis (23 de março).

Confira o vídeo:

‘Pet place’ tem superfície de areia
O parquinho infantil é novidade, já que não existia anteriormente.

Além do espaço para os animais brincarem e fazerem as necessidades, a reforma também incluiu a implantação de equipamentos urbanos como bancos, mesas, lixeiras e bicicletário.
A academia de ginástica recebeu melhoria e foi feita a reformulação da iluminação pública, com lâmpadas de led.

As obras promovidas pela Prefeitura da Capital começaram em setembro e custaram em torno de R$ 500 mil.

Mosaicos de Hassis
O piso petit pavê também passou por um processo de recuperação.
Os desenhos, com representações de rendeiras trabalhando na produção da renda de bilro, são de Hassis, um dos artistas mais importantes da Ilha.

Os últimos ajustes na calçada petit pavê

Também há figuras de bilros no piso interno da praça e nas calçadas ao seu redor.

Reportagem relacionada:
Feitos em 1966 – Mosaicos inéditos de Hassis são recuperados na Praça Olívio Amorim

Busto de Olavo Bilac
Embora o nome da praça é um tributo ao ex-prefeito de Florianópolis Olívio Amorim, o único busto no local é do escritor Olavo Bilac.
Na manhã desta terça-feira, 16, ainda se encontrava ao lado do pedestal para ser ‘chumbado’ e reinstalado.

O busto é de bronze, ‘recheado’ com concreto: por isso, pesa em torno de 100 quilos.
Mesmo assim, foi roubado no ano passado, mas, posteriormente, recuperado pela Polícia, em Canasvieiras.
Já a pequena placa explicativa, nunca foi encontrada.

Reportagem relacionada:
Nomes de praças no Centro homenageiam figuras ilustres, porém, os monumentos são de outras personalidades

Galho caiu no domingo
No início da reforma, algumas árvores foram retiradas e outras receberam poda preventiva.
Mesmo assim, neste final de semana, um enorme galho caiu de uma ‘falsa seringueira’ que se encontra perto do ponto de táxi.

Galho de seis metros se desprendeu da árvore

Um alerta importante para as autoridades municipais!

Reportagem relacionada:
Praça homenageia prefeito morto no cargo em 1937

 

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Atualidade

Eleição para escolher a nova diretoria do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Capital

O presidente do Conselho da Comunidade na Execução Penal da Capital, Júlio dos Santos Neto, está convocando uma Assembleia Geral Extraordinária para eleger a nova Diretoria e Conselho Fiscal para o biênio 2021-2023.

Para isso, está chamando as entidades representadas pelos conselheiros titulares indicados para que compareçam à Assembleia Geral Extraordinária de Eleição, a ser realizada virtualmente pelo Google Meet.

A data é na sexta-feira 16 de abril de 2021, às 9h, em primeira convocação, com quórum, e às 9h30min, em segunda convocação, com os presentes.

A ordem do dia será:
1 – Homologação das entidades e respectivos Conselheiros(as), pelo Artigo 9º do Estatuto.
2 – Eleição e posse da Diretoria e do Conselho Fiscal

Entidades que tem o direito de voto e ser votado:

O que é
O Conselho da Comunidade surgiu da necessidade de garantir aos reeducandos o respeito à integridade física e moral, conforme preconiza a Constituição Federal.

Entre outras atribuições, o órgão promove visitas às unidades prisionais e apresenta projetos para garantir maior assistência às pessoas presas. O conselho já existe na comarca da Capital desde 1994, formado por seus conselheiros, representados por membros da sociedade civil, órgãos públicos e membros natos.

(Imagem de abertura é do TJ/SC e é meramente ilustrativa)

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Agendas

Guia completo da vacinação em Florianópolis – Quantos já receberam, próximos grupos e principais dúvidas

Há quase dois meses do início da vacinação contra a Covid-19 na Capital (a primeira aplicação foi em 19 de janeiro), a cidade já vacinou 30 mil pessoas, equivalente a 6% da população de 510 mil habitantes.
Dessas, 10,5 mil receberam a segunda dose.

Quase a totalidade dos profissionais da Saúde já foi vacinada, assim como todos os idosos com 78 anos ou mais.
As informações constam no covidometrofloripa.com.br, plataforma on line onde qualquer pessoa pode ter acesso em tempo real ao número de doses aplicadas na cidade, bem como o grupo que está sendo vacinado.

Os 10 próximos grupos a serem vacinados
1 – Idosos de 75 a 77 anos.
2 – Idosos de 60 a 74 anos.
3 – Povos indígenas e quilombolas.
4 – Pessoas menores de 60 anos com comorbidades.
5 – Trabalhadores da educação (professores e funcionários).
6 – Profissionais das Forças de Segurança e Salvamento.
7 – Funcionários do Sistema de Privação de Liberdade e presos.
8 – População em situação de rua.
9 – Membros das Forças Armadas.
10 – Caminhoneiros, motoristas de ônibus e aeroviários.

As cinco dúvidas mais frequentes:

1 – Quem já teve Covid deve tomar vacinar?
Sim, ainda não há evidências cientificas comprovando que quem já contraiu a doença está imune.

2 – Se já tive Covid, quanto tempo depois da infecção posso fazer a vacina?
A recomendação é que a vacinação seja adiada até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas.

3 – Posso pegar Covid mesmo após vacinado?
A chance de se contaminar com vírus e desenvolver a doença, tendo sido vacinado são significativamente menores, mas existe, especialmente antes do período de 28 dias após a segunda dose.

4 – Quanto tempo depois da segunda dose estarei imunizado? Após vacinar posso sair, viajar ou ir a festas sem máscaras?
A imunidade total ocorre cerca de 30 dias após a segunda dose. As medidas de distanciamento deverão ser mantidas até que a imunidade coletiva seja atingida pela população.

5 – A vacina causa Covid ?
Não, nenhuma vacina causa Covid. As vacinas atualmente aprovadas e disponíveis no Brasil são seguras. Inclusive as disponíveis no momento utilizam o vírus inativado, ou parte do vírus inativado, igual a outras vacinas como a da gripe e a da raiva.

Dados atualizados do Coronavírus em Florianópolis
Segundo informações desta segunda-feira, 15, do Covidômetro, já morreram 545 pessoas vítimas da Covid na Capital.
Pacientes internados em UTIs somam 133.
Há 2,5 mil casos ativos em acompanhamento, mas a estimativa do Covidômetro é de 14 mil pessoas que podem estar repassando o vírus no município.

(Com informações e imagens da PMF)

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