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Histórias do Centro

Anita, Getúlio e Hoepcke – Os 115 anos da ‘Praça dos Bombeiros’, o museu a céu aberto do Centro da Capital

Apoio cultural: Box 32 e CDL de Florianópolis

Inaugurada em 1906, a Praça Getúlio Vargas é a segunda mais importante de Florianópolis, depois da Praça XV de Novembro.
‘Convivem’ neste espaço figuras tão relevantes, quanto diferentes, para a história local.

Ali, encontra-se o primeiro monumento em Santa Catarina para a heroína Anita Garibaldi, construído em 1919, 70 anos após a sua morte, ocorrida em 1849.

O presidente Getúlio Vargas também é homenageado, com a reprodução da carta-testamento (ilegível), documento manuscrito endereçado ao povo brasileiro horas antes de seu suicídio, em 24 de agosto de 1954.

Na praça que originalmente era chamada de “Largo Municipal”, também está o busto de Carl Hoepcke, um dos mais importantes empresários de Florianópolis, falecido em 1924.

Próximo, podemos ver a estátua de um ilustre desconhecido para a maioria da população florianopolitana, na atualidade: o médico e político Antônio Vicente Bulcão Vianna, morto em 1940, avó do ex-prefeito Antônio Henrique Bulcão Vianna, falecido em 2007.

O belo jardim, que conta com o único chafariz do Centro, na frente do prédio da Força Pública (atual sede do Comando da Polícia Militar), recebeu o nome do ex-governador Gustavo Richard, que administrou o Estado entre 1906 e 1910.

A sexta entre as heterogêneas personagens homenageadas: o parquinho infantil recebeu o nome ‘Dona Tilinha’, para lembrar de Atília Tolentino de Souza, mulher do ex-prefeito Paulo Vieira da Rosa (1964-1966).


Ainda tem uma homenagem aos bombeiros, em 2016, na frente de uma das sedes da corporação.

E para terminar, escondida, uma placa em latim registra as árvores doadas pelo governador Hercílio Pedro da Luz, em setembro de 1922.

E uma placa de reconhecimento ao ex-governador Gustavo Richard (1906-1910).

Imagem da Casa da Memória, mostra a praça em 1914:

(A foto de abertura é do acervo da Casa da Memória. As atuais, são de Billy Culleton)

 

 

 

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Histórias do Centro

Na antiga Desterro, o tráfego marítimo era controlado por bandeiras no topo do atual Morro da Cruz

Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis

Um mastro com uma bandeira no alto do maior morro do Centro da cidade servia para sinalizar a chegada de embarcações em Nossa Senhora do Desterro, nos séculos 18 e 19.

Era o ‘posto semafórico’ que, operado por uma única pessoa, informava sobre os navios que precisavam atracar no porto, localizado na Baía Sul da Capital.

Como conta o escritor ilhéu Virgílio Várzea, na obra “A Ilha – Santa Catarina” (1900):
O Morro do Pau da Bandeira, mais conhecido outrora por Morro do Antão, teve esse nome em virtude do posto semafórico que foi colocado em seu ponto mais culminante por um antigo governador, que transmitia à cidade, por meio do código de sinais, a comunicação dos navios de todas as procedências que demandassem o porto”.

Morro do pau da bandeira, em imagem do início do século passado. Em primeiro plano, o trapiche municipal, na frente da Praça XV (Imagem da Casa da Memória, reproduzida no livro “Florianópolis, Memória Urbana”, de Eliane Veras da Veiga)

E completa:
Este posto dá aviso das embarcações ainda no alto mar, pois corresponde-se por meio dos galhardetes convencionais das entradas de portos com os dois postos estabelecidos à boca daquelas barras – um na ilha e forte de Santa Cruz, outro na ilha e forte da barra do sul junto à Ponta dos Naufragados”.

Várzea descreve o local:
Numa casinha de pedra e cal habita o guarda ou sinaleiro, dispondo essa habitação de um terreiro cercado de um grosso muro de pedra para a banda da cidade, onde se ergue o alto mastro inteiriço, cruzado de uma verga no alto, em que se fazem os sinais”.

Parte do Morro do Antão no início do século 20, com a Av. Hercílio Luz em primeiro plano (Acervo IHGSC)

A sinalização era vista a quilômetros de distância:
Este mastro é avistado de todos os pontos do Desterro e dos arraiais e freguesias em roda, como o Saco dos Limões, Pantanal, Trás-do-Morro (atual Trindade), Itacorubi, Santo Antônio, e bem assim de todas as povoações litorais do continente, desde os Coqueiros às Caieiras”.

A sinalização deixou de ser utilizada no século 19.
Décadas depois, no mesmo local foi colocada uma cruz, que dá o nome atual ao morro.

Morro da Cruz na atualidade

Hoje, o espaço se encontra ‘tomado’ por outro tipo de tecnologia, mais moderna, mas que ainda cumpre com o papel de comunicar algo para alguém: as antenas de televisão, rádio e celulares.

(A imagem de abertura é uma pintura de Eduardo Dias ‘Vista de Florianópolis’, reproduzida no livro “Florianópolis, Memória Urbana”, de Eliane Veras da Veiga)

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Histórias do Centro

Em 1881, governador cerca cemitério no Centro para impedir passagem da população em direção à praia

Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis

O antigo cemitério municipal de Florianópolis foi fundado em 1840 nos altos da atual Rua Felipe Schmidt, onde hoje se localiza o Parque da Luz.

Na época, o terreno distante e descampado, que pertencia ao cidadão José Vieira da Rocha, foi desapropriado pelo poder público para evitar os sepultamentos no interior e ao redor dos templos da cidade, como era o costume há séculos.

“Destinou-se cada parte do terreno às irmandades e ordens religiosas existentes na cidade, reservando-se uma parte aos jazigos dos indigentes e aos que professavam os credos não católicos”, conta a urbanista Eliane Veras da Veiga, no livro ‘Florianópolis – Memória Urbana’.

Na medida em que o cemitério foi sendo ocupado, a população em geral, segundo a pesquisadora, quando queria alcançar mais rapidamente a Praia de Fora (atual Beira Mar Norte), aproveita a continuação da Rua do Senado (Felipe Schmidt), que atravessava o ‘campo santo’.

Para evitar transtornos, em 1881, o governador João Rodrigues Chaves (na época chamado de presidente) mandou construir uma cerca e um portão, impedindo o fluxo de pedestres.

O morro do cemitério antes da construção da Ponte Hercílio Luz (Acervo da Casa da Memória)

E mandou publicar um edital com a nova proibição de entrar para o cemitério público pela rua do Senado.
“Só em caso de enterros que tem de vir pela parte da Praia de Fora, ou da vizinhança daquele lado, será aberto o portão que se acha colocado na entrada de dita rua”.

Assim, a partir de então, o portão acabou com o atalho usado pelos destemidos florianopolitanos que se dirigiam à Praia de Fora.

Banhos há 140 anos
Embora o costume de frequentar a praia como atividade de lazer tenha se consolidado décadas depois, naquela época há registros do início do hábito.

A Praia de Fora foi a primeira a ser frequentada para lazer (Foto reproduzida na obra de Eliane Veras da Veiga)

Em 1887, o presidente da província de Santa Catarina, Francisco José da Rocha, ao defender a transferência do cemitério nos altos da Felipe Schmidt argumenta que este ‘prejudica a parte da cidade mais procurada para banho, e onde há as mais modernas construções e aprazíveis chácaras’, como conta Eliane Veras da Veiga, no livro ‘Florianópolis – Memória Urbana’.

Transferência
Em 1925, um ano antes da inauguração da Ponte Hercílio Luz, o necrotério foi transferido para o Itacorubi, levando a maior parte dos 30 mil corpos ali sepultados.

Como só foram desenterrados os cadáveres que estavam identificados, nas décadas seguintes, estudantes de Medicina e Odontologia ainda frequentavam o local buscando ossos para seus estudos.

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(A foto de abertura é do acervo da Casa da Memória)

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Atualidade

Ponte Hercílio Luz – Construção de dois pavimentos receberá posto policial e centro de atendimento ao turista

As obras de revitalização da área na cabeceira insular da Ponte Hercílio Luz começaram no início do mês e já é possível vislumbrar como ficará o novo espaço.

Uma antiga edificação existente no local está sendo reformada e agora contará com dois andares.
O prédio deverá ser ocupado pela Polícia Rodoviária Estadual, responsável pela fiscalização do trânsito e da segurança na Ponte, junto a um centro de atendimento ao turista.

Os 600 metros quadrados já foram ocupadas pela empresa portuguesa Teixeira Duarte durante os trabalhos de restauração da Ponte.

Em novembro, o governo do Estado deverá lançar edital para autorizar a exploração comercial da área, que terá o piso renovado e contará com bancos e canteiros com flores, possibilitando que a população possa admirar a ‘Velha Senhora’ e seu entorno por um novo ângulo.

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Atualidade

Passarela da Cidadania – Estúdio de beleza e barbearia para pessoas em situação de rua da Capital

Um dos grandes preconceitos para a primeira entrevista de emprego que pessoas em situação de rua passam é a sua aparência.
Pensando nisso, e no resgate múltiplo da cidadania deste público, a Prefeitura de Florianópolis inaugurou no início de outubro, o estúdio/barbearia da cidadania.
O espaço vai funcionar na Passarela da Cidadania e atenderá acolhidos do local.

A iniciativa funcionará todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e contará com barbeiros e corte de cabelo feminino.

Além disso, os acolhidos terão cursos de barbearia ao longo da semana. A ideia da equipe é que o serviço se aperfeiçoe aos poucos e mais ações sejam oferecidas para os acolhidos.

“Entendemos que essa é uma importante vertente. O autocuidado também faz parte do resgate da cidadania e entendemos que essa é uma ação que pode resgatar isso em nossos acolhidos. Queremos auxiliá-los de maneira integral”, comenta Maria Claudia Goulart da Silva, secretária de Assistência Social da Capital.

(Com informações e fotos da PMF)

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Histórias do Centro

30 anos da visita papal – As 20 horas de João Paulo II no Centro de Florianópolis

Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis

Às 19h28min do dia 17 de outubro de 1991, o agora São João Paulo II chegou em Florianópolis para beatificar a Madre Paulina.
Após descer do avião presidencial na Base Aérea, um helicóptero o levou até o Centro de Ensino da Polícia Militar, no Bairro Itacorubi.

Dali seguiu de papamóvel até a região central da cidade.

Papa manteve contato direto com as pessoas (Acervo Arquidiocese de Florianópolis)

No trajeto, milhares de pessoas se aglomeravam na Avenida Beira Mar Norte para vê-lo passar.

Ele passou a noite no Colégio Catarinense, no quarto 14, que foi transformado num memorial aberto à visitação do público.

Quarto onde João Paulo ficou no Colégio Catarinense (Acervo Colégio Catarinense)

João Paulo, então com 71 anos, acordou às 6h, rezou por uma hora na capela da instituição educacional, tomou café e se dirigiu ao aterro da Baía Sul, próximo à Passarela do Samba.

Multidão acompanhou a missa na Baía Sul (Acervo Arquidiocese de Florianópolis)

No local, cerca de 60 mil pessoas o aguardavam, embaixo de chuva, para acompanhar a missa de beatificação de Madre Paulina, que começou às 9h.

Cerimônia de beatificação contou com dezenas de religiosos (Acervo Arquidiocese de Florianópolis)

Após a cerimonia, o Papa seguiu no papamóvel pelas Avenidas Mauro Ramos e Rio Branco até a Rua Esteves Júnior, no Palácio Episcopal, para o almoço festivo com bispos e a comitiva papal.

Cerca de 60 mil pessoas acompanharam a missa (Acervo Arquidiocese de Florianópolis)

Depois, ele se dirigiu ao ginásio do Sesc, na Prainha, para um encontro com religiosos e representantes da sociedade civil.

Na saída foi ovacionado por milhares de pessoas, que o viram caminhar até a Praça das Bandeiras, onde se despediu dos fiéis, na frente do Palácio Santa Catarina.

Despedida na frente do então Palácio do Governo (Acervo Arquidiocese de Florianópolis)

Minutos depois, às 17h, João Paulo II se despedia da capital catarinense, onde passou 22 horas, 20 delas no Centro, marcando a primeira e única visita de um Papa a Santa Catarina.

(A foto de abertura é acervo da Arquidiocese de Florianópolis)

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Agendas

Relíquias – Salvem os últimos dois ‘orelhões’ da região central de Florianópolis

Eles foram desaparecendo progressivamente nos últimos anos.
Sem que a gente percebesse, os telefones públicos perderam sua finalidade e nós começamos a ignorá-los.
As companhias telefônicas também.

Com o passar do tempo, os (antigamente) queridos ‘orelhões’, que foram imprescindíveis desde 1970 até o final da década de 1990, sumiram da paisagem urbana.

No principal calçadão de Florianópolis, na Felipe Schmidt, eram dezenas deles.
Agora, só tem um (que não funciona!), na esquina com a Rua Álvaro de Carvalho.

O outro destes aparelhos ameaçados de extinção encontra-se no interior do Terminal de Integração do Centro (Ticen) e tampouco funciona.

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Proposta
O poder público poderia resguardar estes últimos ‘instrumentos medievais’ e mantê-los como um símbolo da nossa história recente.
Assim como Londres conserva as tradicionais cabines telefônicas vermelhas nas calçadas da cidade.

Já seria uma grande coisa apenas não exterminá-los por completo, para nunca mais serem vistos ou apreciados pelas gerações futuras.

Nossos filhos e netos têm o direito de saber como era a comunicação há pouco menos de duas décadas: com fichas e cartões telefônicos, além das tradicionais ligações a cobrar.

Vamos preservar a nossa história!

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Atualidade

Mercado Público deve reinstalar chuveiros automáticos para proteção, em caso de incêndio

O Mercado Público de Florianópolis está recebendo novas placas que informam sobre as obras de adequação do sistema de incêndio.

Há duas semanas o Ministério Público Estadual recomendou a interdição do local por falta de segurança.

Imediatamente, a Prefeitura da Capital contratou uma empresa para fazer as adequações emergenciais do sistema preventivo de incêndio.

Dessa forma, recebeu a autorização do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina para funcionamento, em 17 de setembro.

Outras melhorias, no entanto, devem ser feitas para reforçar ainda mais a prevenção contra sinistros.

Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda estão pendentes os “sistemas de alarme e detecção de incêndio, sistema hidráulico preventivo (hidrante de parede) e sistema de chuveiros automáticos (sprinkler)”.

Os sprinklers já estão instalados no Mercado, porém, não estão funcionando.

Os ‘chuveirinhos’ são estruturas fixas de combate ao fogo, com operação automática, são ativados na presença de chamas, liberando água em uma densidade adequada, de uma maneira rápida e prática.

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Histórias do Centro

De palacete a agência de automóveis – As imagens das oito sedes do Judiciário no Centro desde 1891

Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina completou 130 anos neste 1º de outubro.

A trajetória do Poder Judiciário passa pela região central de Florianópolis onde ocupou diversos prédios históricos até chegar à sede própria em 1975.

Veja as sedes do Judiciário catarinense desde 1891:

1891-1894 – Casa da Câmara e Cadeia Pública, atual Museu de Florianópolis, na Praça XV de Novembro

 

1894-1895 – Na Praça XV de Novembro, edificação à esquerda, atual prédio do Iphan

 

1895-1908 – Prédio na esquina das ruas Felipe Schmidt e Trajano (à esquerda)

 

1908-1929 – Prédio na Rua Jerônimo Coelho, esquina com Tenente Silveira (edificação foi demolida)

 

1929-1968 – Edifícios na Praça Pereira Oliveira, na Rua Arcipreste Paiva (o da esquerda incendiou, o outro, foi demolido)

 

1968-1975 – Instalações na antiga agência de carros da Ford, na esquina das ruas Felipe Schmidt e Hoepcke (edificação foi demolida)

 

1975 até agora – Construção do conjunto de prédios no aterro da Baía Sul
Atual conjunto de prédios do Judiciário no Centro
Mapa do Centro mostra a localização das oito sedes do Judiciário

(As fotos são reproduções do livro “Em meio a leis e pessoas: 125 anos de história do Tribunal de Justiça de Santa Catarina”, sendo que a maioria das imagens são do acervo da Casa da Memória e Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina)

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Histórias do Centro

Miramar – O ponto de encontro de Florianópolis durante meio século completaria 93 anos

Apoio cultural: Box 32 e CDL Florianópolis

Por Billy Culleton
Inaugurado em 28 de setembro de 1928, no trapiche próximo à Praça XV, o Bar e Restaurante Miramar, era o local preferido de boêmios, artistas, músicos, políticos e espectadores das regatas de remo.

O local foi um dos principais pontos de encontro da sociedade florianopolitana e destacou-se por estar localizado em uma região de fácil acesso aos habitantes da cidade, afirma a historiadora Caroline Soares de Almeida, no artigo “Final da década de 1920 em Florianópolis: a construção do Miramar e a urbanização da cidade“, da Revista Santa Catarina em História (UFSC).

Multidão em evento próximo ao Miramar (Casa da Memória, coleção Desterro Antesdonte)

O acesso ao local também era favorecido porque, em frente, encontrava-se a parada final dos ônibus que vinham dos bairros.

O Miramar também servia como palco de eventos desportivos náuticos, sendo essa descrição pouco abrangente para dar conta da verdadeira importância sociocultural do edifício, prossegue Caroline.

O Miramar nasceu como reflexo da onda de modernização que tomou conta de Florianópolis na década de 1920.
Até então, ali existia o antigo trapiche municipal, ponto de embarque e desembarque de passageiros das embarcações que atravessavam a Baía Sul até o Estreito.

Registro de 1926 mostra o antigo trapiche, provavelmente, durante a chegada de uma autoridade

Deteriorado e decadente, foi demolido em 1927 para o início da construção do Miramar.

A Superintendência fará construir ali, dentro em breve, um cáez condigno daquella praça, para embarque e desembarque, em prolongamento á mesma praça tendo a largura desta, na sua intercessão com o caes actual e o comprimento do trapiche”, publicou o jornal O Estado em 6 de maio de 1926.

Na sua decoração, predominavam as linhas ecléticas com elementos neoclássicos, que atraia a elite econômica e política da cidade.
Na época, um dos divertimentos dos frequentadores era jogar moedas no mar para que crianças mergulhassem e resgatá-las.
Mas no início da década de 1970, o Miramar também entrou em decadência, entre outros motivos, pelo início do aterro da Baía Sul.
O bar fechou, o espaço virou estacionamento e eventualmente era utilizado para apresentação de peças teatrais: ficou conhecido como o primeiro Teatro de Arena do Estado de Santa Catarina.

Apesar dos esforços de muitos pela sua manutenção, em 24 de outubro de 1974, a estrutura foi completamente demolida.

Crônica final
Confira a crônica do jornalista Adolfo Ziguelli, lida no Programa Vanguarda, da Rádio Guarujá, em 25 de outubro de 1974 (Arquivo Zininho, Casa da Memória):

“Ontem à tarde morreu o Miramar, ainda bem que lhe pouparam a agonia lenta das mortes dolorosas e lhe desfecharam um golpe só, rápido e certeiro. O progresso matou o Miramar. Foi em nome dessa palavra mística incorporada ao pensamento médio vigente que o Miramar tombou, sem um gemido e sem protesto, destroçado pela máquina. Sobre as areias conspurcadas do aterro espalharam-se os restos do seu corpo esquartejado sem que ao menos as antigas águas amigas lhe lambessem as feridas sangrentas. Flores rubras se abriram no seu velho peito cansado e por elas jorrou o sangue de muitas gerações. Nenhuma lápide, nenhuma inscrição, ontem morreu o último símbolo da ilha”.

Em 2001, uma réplica das colunas do Miramar foi erguida no lugar exato onde estava o antigo trapiche, sendo incorporada à Praça Fernando Machado, onde permanece até hoje.

(As fotos antigas são da Casa da Memória e as atuais, de Billy Culleton)

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Em 1975, fila na Felipe Schmidt para andar na primeira escada rolante de Santa Catarina

Famílias vinham do interior do Estado para conhecer a novidade no Centro

Por Billy Culleton

Há pouco mais de quatro décadas Santa Catarina entrava para a ‘modernidade’ com a inauguração do que foi considerado o mais complexo shopping center do Sul do país e onde passou a funcionar a primeira escada rolante do Estado.

Famosa escada na época da construção do ‘mais complexo shopping center do Sul do país’

Foi em 21 de novembro de 1975 que Florianópolis parou para acompanhar a abertura do Centro Comercial Aderbal Ramos da Silva, entre as ruas Felipe Schmidt e Conselheiro Mafra, que se popularizou como ARS, as siglas do homenageado.

A nova galeria possuía uma grande novidade: era possível subir ao primeiro andar de lojas por meio de uma pequena escada rolante, com 20 degraus e que chegava a seis metros.

“Este detalhe pitoresco é mais um atrativo no conjunto da obra de vanguarda que eleva a capital catarinense ao nível das maiores cidades brasileiras”, ressaltava o anúncio do empreendimento de 12 andares publicado nos jornais da época.

Edifício ARS na atualidade, no calçadão da Felipe Schmidt

A inovação tecnológica logo se transformou em uma grande atração. As pessoas faziam fila para subir na escada e muitas famílias vinham do interior do Estado passear em Florianópolis com seus filhos para andar nela por 10 segundos até chegar ao destino.

Só que pela arquitetura do centro comercial, para voltar a subir na escada rolante era necessário caminhar cerca de 100 metros pelas galerias com lojas, percorrendo quase todo o empreendimento, como é até hoje.

Multidão prestigiou a inauguração da galeria, de olho na escada rolante

A inauguração do ARS, no meio da tarde, reuniu milhares de florianopolitanos que foram até a Felipe Schmidt para prestigiar o evento e, após um desfile de bandas pelo Calçadão, assistiram ao show da cantora Rosemary. Na época com 28 anos, a musa da Jovem Guarda encantou o público com sucessos como Paixão, Escuta e Carne e Osso.

Musa da Jovem Guarda, a cantora Rosemary, no auge de sua carreira, foi a principal atração do dia

Antes, houve discursos do governador do Estado, Antônio Carlos Konder Reis, e do prefeito da cidade, Esperidião Amin, além do “Dr. Aderbal”, que morreu dez anos depois.

Antônio Carlos Konder Reis (E) abraça Aderbal Ramos da Silva, sob o olhar de Esperidião Amin

A hoje acanhada escada rolante ainda funciona perfeitamente no empreendimento, um dos mais movimentados do Centro, e que conta com 57 lojas no térreo e nos primeiros dois andares, além de 120 salas para escritórios.

(As fotos da época são do Jornal O Estado e não têm a identificação dos fotógrafos)

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Atualidade

Pesca artesanal de Florianópolis entra no Programa de Alimentação escolar do município

Alunos do ensino médio e fundamental das escolas municipais de Florianópolis passaram a contar com pescados fresquinhos que foram inseridos no cardápio da rede este ano.
O peixe espada, que concentra grande quantidade de gordura ômega-3, contribui também no controle dos níveis de colesterol e glicemia e pode prevenir doenças cardiovasculares.

Os responsáveis pelos pescados, Túlio Lopes Gonçalves e Anna Gabriela Ferreira Pego, são proprietários de um estabelecimento no Pântano do Sul.
Para integrar o Programa os pescadores tiveram que atender alguns critérios exigidos, uma delas é o Serviço de Inspeção Municipal que consiste na fiscalização industrial e sanitária de todos os produtos de origem animal produzidos em Florianópolis.

Segundo a extensionista da Epagri Florianópolis, nutricionista Cristina Ramos Callegari, uma das grandes iniciativas para viabilizar a comercialização desses produtores foi a legalização do Serviço, inspecionado pela Superintendência da Pesca, Maricultura e Agricultura do Município.
Para ela, essa conquista credibiliza e comprova a qualidade desses alimentos.

Até o final de agosto, mais de 620 kg do peixe foram servidos para 76 unidades escolares da capital.

(Com informações da Secretaria Municipal de Educação)

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